Não existem mais sinais de que o clima está mudando, eles são
fatos consumados e reais. O último relatório
do IPCC, escrito por 30 mil cientistas do mundo todo e revisto por outros 800 é
definitivo e estarrecedor: se até 2050 não reduzirmos entre 40% e 70% as
emissões globais e chegarmos até o final do século com zero de emissão, o planeta
terá sua temperatura aumentada em mais de 2 graus Celsius e com isso as
consequências serão devastadoras.
A reunião preparatória da COP 20, organizada pela ONU, que acontece
de 10 a 12 de dezembro em Lima, no Peru, mais uma vez tentará desatar o cabo de
guerra em que se transformou a questão climática no mundo. Enquanto países em desenvolvimento, entre eles
o Brasil, acenam com uma proposta que diferencie e gradue os principais
emissores do planeta, os ricos, comandados pelos EUA, sequer admitem ser
fiscalizados.
A ideia é avançar
visando Paris 2015 e chegar a um rascunhão que comece a definir a parte de cada
um nesse processo de redução. Improvável, pois esta é a vigésima Conferência do
Clima e a constatação é desanimadora: muito pouco se avançou até aqui. Para se ter ideia da falta de seriedade (ao
menos necessária dada a gravidade do atual momento) e do duplo discurso com que
administram a questão dentro de seus
países, EUA admitiram reduzir de 25% a 28% suas emissões até 2025 e China 20%
até 2030. Ambos são responsáveis por 45%
das emissões globais.
O Brasil, sexto maior emissor global, mesmo com a controversa
redução do desmatamento da Amazônia, tem em seu plano decenal de energia a
previsão de investimentos da ordem de 70% em combustíveis fósseis, sendo que no
quesito “hidrelétricas”, 90% delas serão construídas na Amazônia. Um desatino, em vez de investirmos em
energias eólicas e solar, colocamos em risco comunidades indígenas e desmatamos
ainda mais nossa floresta. Além disso,
estudos revelam que 70% de nossa produção de soja e 50% de trigo, diminuirão.
As sociedades deveriam ter um dispositivo de defesa global de
consulta aos mais de 7 bilhões de Terráqueos que obrigasse governos a, em caso
de questões que interferissem na perenidade do planeta ou na existência humana sobre
a Terra, como ocorre agora com a questão climática, onde todos seremos
afetados, o que valeria seria a vontade democrática da maioria e não interesses
comerciais escusos. Quem sabe inventam
alguma coisa que faça a nós todos se comunicar em rede. Utopia Sustentável, sim, e de sobrevivência
também.
Que bom seria se as mesmas pressões e ameaças que exercem
sobre países militarmente mais fracos, caso do Irã com a questão da bomba
atômica, onde EUA e aliados exigiram cinicamente fiscalização internacional
(como se bomba também não tivessem), pudessem, agora, também servir de exemplo
para exigirmos fiscalização de cumprimento de metas de redução de emissões. Afinal se bombas matam, as tsunamis
climáticas matarão muito mais. Quem sabe
inventam um organismo internacional que represente, de verdade, o interesse de
todos. Fica a dica.
O resultado de tamanho cinismo está escrito nas estrelas com
firma reconhecida no cartório de Lúcifer: o desastre. A impossibilidade de entregarmos para nossos
filhos e netos um planeta igual ao que recebemos de nossos antepassados é o que
mais dói. A vingança é saber que jamais
desfrutarão o tanto de dinheiro que estupidamente acumularam.
Rajendra Pachauri, presidente do IPCC (Painel
Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas) foi categórico sobre os
impactos caso as emissões continuem subindo: “Quanto mais tempo demorarmos para
agir, mais difícil e caro será para frearmos o aumento da temperatura global”.
O Green Climate Fund, criado para juntar US$ 100 bilhões/ano,
reuniu até agora pouco mais de US$ 5 bilhões.
O mundo precisa gastar nos próximos anos US$ 90 trilhões para salvar o
planeta. Ou fazemos história agora, ou
não estaremos aqui para contá-la.
Abraços Sustentáveis
Odilon de Barros
Nenhum comentário:
Postar um comentário