terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Faço o que eu digo mas não faça o que eu faço. E o mundo que se dane.



Não existem mais sinais de que o clima está mudando, eles são fatos consumados e reais.  O último relatório do IPCC, escrito por 30 mil cientistas do mundo todo e revisto por outros 800 é definitivo e estarrecedor: se até 2050 não reduzirmos entre 40% e 70% as emissões globais e chegarmos até o final do século com zero de emissão, o planeta terá sua temperatura aumentada em mais de 2 graus Celsius e com isso as consequências serão devastadoras. 

A reunião preparatória da COP 20, organizada pela ONU, que acontece de 10 a 12 de dezembro em Lima, no Peru, mais uma vez tentará desatar o cabo de guerra em que se transformou a questão climática no mundo.  Enquanto países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, acenam com uma proposta que diferencie e gradue os principais emissores do planeta, os ricos, comandados pelos EUA, sequer admitem ser fiscalizados.

 A ideia é avançar visando Paris 2015 e chegar a um rascunhão que comece a definir a parte de cada um nesse processo de redução. Improvável, pois esta é a vigésima Conferência do Clima e a constatação é desanimadora: muito pouco se avançou até aqui.  Para se ter ideia da falta de seriedade (ao menos necessária dada a gravidade do atual momento) e do duplo discurso com que  administram a questão dentro de seus países, EUA admitiram reduzir de 25% a 28% suas emissões até 2025 e China 20% até 2030.  Ambos são responsáveis por 45% das emissões globais. 

O Brasil, sexto maior emissor global, mesmo com a controversa redução do desmatamento da Amazônia, tem em seu plano decenal de energia a previsão de investimentos da ordem de 70% em combustíveis fósseis, sendo que no quesito “hidrelétricas”, 90% delas serão construídas na Amazônia.  Um desatino, em vez de investirmos em energias eólicas e solar, colocamos em risco comunidades indígenas e desmatamos ainda mais nossa floresta.  Além disso, estudos revelam que 70% de nossa produção de soja e 50% de trigo, diminuirão.




As sociedades deveriam ter um dispositivo de defesa global de consulta aos mais de 7 bilhões de Terráqueos que obrigasse governos a, em caso de questões que interferissem na perenidade do planeta ou na existência humana sobre a Terra, como ocorre agora com a questão climática, onde todos seremos afetados, o que valeria seria a vontade democrática da maioria e não interesses comerciais escusos.  Quem sabe inventam alguma coisa que faça a nós todos se comunicar em rede.  Utopia Sustentável, sim, e de sobrevivência também. 

Que bom seria se as mesmas pressões e ameaças que exercem sobre países militarmente mais fracos, caso do Irã com a questão da bomba atômica, onde EUA e aliados exigiram cinicamente fiscalização internacional (como se bomba também não tivessem), pudessem, agora, também servir de exemplo para exigirmos fiscalização de cumprimento de metas de redução de emissões.  Afinal se bombas matam, as tsunamis climáticas matarão muito mais.  Quem sabe inventam um organismo internacional que represente, de verdade, o interesse de todos.  Fica a dica.

O resultado de tamanho cinismo está escrito nas estrelas com firma reconhecida no cartório de Lúcifer: o desastre.  A impossibilidade de entregarmos para nossos filhos e netos um planeta igual ao que recebemos de nossos antepassados é o que mais dói.  A vingança é saber que jamais desfrutarão o tanto de dinheiro que estupidamente acumularam. 




Rajendra Pachauri, presidente do IPCC (Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas) foi categórico sobre os impactos caso as emissões continuem subindo: “Quanto mais tempo demorarmos para agir, mais difícil e caro será para frearmos o aumento da temperatura global”.

O Green Climate Fund, criado para juntar US$ 100 bilhões/ano, reuniu até agora pouco mais de US$ 5 bilhões.  O mundo precisa gastar nos próximos anos US$ 90 trilhões para salvar o planeta.  Ou fazemos história agora, ou não estaremos aqui para contá-la.

Abraços Sustentáveis


Odilon de Barros

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