terça-feira, 23 de dezembro de 2014

E apareceu...Venina


Em 28 de novembro escrevi aqui mesmo, sob o título “Não podemos perder a capacidade de nos indignar”, algumas análises do interessante artigo publicado por Ricardo Semler, tucano de carteirinha, sobre a questão da corrupção.

Volto até este artigo pois ali afirmara que seria pouco provável tudo isso ter ocorrido sem o conhecimento de outras pessoas.  Afinal, para bilhões de reais serem liberados imagina-se que rotinas mínimas tiveram que ser seguidas (ou rasgadas).  Ou elas só valiam para o andar de baixo?Aprovações pelo coletivo da Diretoria, pelo Conselho de Administração, secretárias, assessores...enfim, não são coisas simples.

Apenas para relembrar, dizia o artigo...

“...Portanto, fica a pergunta: se sabedores de malfeitos causadores de prejuízos à empresa e ao país, não teriam obrigação de denunciar tais fatos a instâncias superiores (ouvidorias), imprensa, tentando barrar ou interromper tais práticas? Afinal, quem tem ciência de um crime e não o denuncia, passa a ser conivente com ele, ou não?   E os sindicatos e associações que em nenhum momento se manifestaram, será que também não receberam denúncias?   Reconheço que entidades representativas têm sempre a tendência de proteger a corporação, porém, nesse caso, o corporativismo foi maligno para a empresa e seus empregados.

Que me desculpem os funcionários, mas acho improvável crimes dessa magnitude serem cometidos sem rastros visíveis de ilegalidade e o conhecimento de várias pessoas.  Mais, a liberação de quantias tão vultosas forçosamente passou em várias mãos.   Isto não funciona no automático, têm regras, padrões pré-estabelecidos a serem seguidos. 

Que me desculpem os funcionários, mas acho improvável crimes dessa magnitude serem cometidos sem rastros visíveis de ilegalidade e o conhecimento de várias pessoas.  Mais, a liberação de quantias tão vultosas forçosamente passou em várias mãos.   Isto não funciona no automático, têm regras, padrões pré-estabelecidos a serem seguidos.

Sei que a questão é delicada pois está envolta em perigoso ingrediente político.  Entendo e respeito o medo de alguns em não querer se intrometer por não gostar de política ou querer apenas preservar os merecidos salários e PL’s que recebem, sem se envolver, afinal, às vezes, é melhor não arriscar ficar marcado, porém, nesse caso, a empresa estava sendo saqueada. 

Não estou aqui pregando um denuncismo irresponsável, tampouco futricas e intrigas por questões particulares ou emocionais, mas a questão é tão grandiosa que o corpo funcional poderia ter precipitado o processo lá atrás.  

Não é simples engolir desculpas de que apenas a casta superior agiu sozinha tungando a empresa e a Nação.  Todos têm, mesmo infimamente, sua parcela de responsabilidade.  Afinal, foram bilhões desviados que poderiam (e deveriam) estar sendo usados em prol de uma melhor saúde, educação, mobilidade urbana, combate ao desmatamento e políticas ambientais e de sustentabilidade”. 

E apareceu Venina.  Sem querer julgá-la, seja lá por quais razões, mandou e-mails, afirma ter falado pessoalmente com a presidente Graça Foster, foi ao Ministério Público, entregou seu computador e vários documentos que comprovariam o que disse.  Não creio que alguém que estivesse implicado o faria. 

Não é simples nem fácil contrariar interesses de grupos poderosos como esse, com ligações diretas com o Congresso Nacional e Partidos Políticos e, portanto, com todos os poderes para agir, instalados na maior empresa do Brasil.

Mesmo que tivesse provas irrefutáveis do que ocorria ali dentro, é maldade exigir que escrevesse, com todas as letras, que a empresa estava sendo roubada para que lhe dessem atenção e tomassem as necessárias providências.  Afinal, Celso Daniel está aí até hoje não esclarecido e não nos deixa mentir.

Mais, a funcionária foi transferida para Cingapura, ou seja, o mais distante possível da área de interesse da sede com a nítida impressão de que queriam tirá-la de combate.

Assisti várias vezes sua entrevista e por mais que alguns possam achar que esteja querendo se vingar de seus superiores ou aparecer, os fatos são consistentes.   

Por fim, é intrigante até agora nenhum sindicato ter se manifestado.  Nem contra nem a favor. Silêncio tumular.  Nem para defender a empresa ou sua funcionária.  Imagino que não estariam calados se fosse outro governo. 

Esperamos que os fatos sejam apurados com a mesma seriedade que a Operação Lava-Jato teve até aqui e que ela possa ter dado uma efetiva contribuição.

Bom natal, Venina.

Abraços Sustentáveis





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