Em 28 de
novembro escrevi aqui mesmo, sob o título “Não podemos perder a capacidade de
nos indignar”, algumas análises do interessante artigo publicado por Ricardo Semler,
tucano de carteirinha, sobre a questão da corrupção.
Volto até
este artigo pois ali afirmara que seria pouco provável tudo isso ter ocorrido
sem o conhecimento de outras pessoas.
Afinal, para bilhões de reais serem liberados imagina-se que rotinas
mínimas tiveram que ser seguidas (ou rasgadas). Ou elas só valiam para o andar de baixo?Aprovações pelo coletivo da Diretoria, pelo Conselho de Administração,
secretárias, assessores...enfim, não são coisas simples.
Apenas para relembrar, dizia o artigo...
“...Portanto, fica a pergunta: se
sabedores de malfeitos causadores de prejuízos à empresa e ao país, não teriam
obrigação de denunciar tais fatos a instâncias superiores (ouvidorias),
imprensa, tentando barrar ou interromper tais práticas? Afinal, quem tem
ciência de um crime e não o denuncia, passa a ser conivente com ele, ou não?
E os sindicatos e associações que em nenhum momento se manifestaram,
será que também não receberam denúncias? Reconheço que entidades
representativas têm sempre a tendência de proteger a corporação, porém, nesse caso,
o corporativismo foi maligno para a empresa e seus empregados.
Que me desculpem os funcionários, mas
acho improvável crimes dessa magnitude serem cometidos sem rastros visíveis de
ilegalidade e o conhecimento de várias pessoas. Mais, a liberação de
quantias tão vultosas forçosamente passou em várias mãos. Isto não funciona
no automático, têm regras, padrões pré-estabelecidos a serem seguidos.
Que me desculpem os funcionários, mas
acho improvável crimes dessa magnitude serem cometidos sem rastros visíveis de
ilegalidade e o conhecimento de várias pessoas. Mais, a liberação de
quantias tão vultosas forçosamente passou em várias mãos. Isto não funciona
no automático, têm regras, padrões pré-estabelecidos a serem seguidos.
Sei que a questão é delicada pois
está envolta em perigoso ingrediente político. Entendo e respeito o medo
de alguns em não querer se intrometer por não gostar de política ou querer
apenas preservar os merecidos salários e PL’s que recebem, sem se envolver,
afinal, às vezes, é melhor não arriscar ficar marcado, porém, nesse caso, a
empresa estava sendo saqueada.
Não estou aqui pregando um denuncismo
irresponsável, tampouco futricas e intrigas por questões particulares ou
emocionais, mas a questão é tão grandiosa que o corpo funcional poderia ter
precipitado o processo lá atrás.
Não é simples engolir desculpas de
que apenas a casta superior agiu sozinha tungando a empresa e a Nação.
Todos têm, mesmo infimamente, sua parcela de responsabilidade. Afinal,
foram bilhões desviados que poderiam (e deveriam) estar sendo usados em prol de
uma melhor saúde, educação, mobilidade urbana, combate ao desmatamento e
políticas ambientais e de sustentabilidade”.
E apareceu Venina. Sem querer julgá-la, seja lá por quais
razões, mandou e-mails, afirma ter falado pessoalmente
com a presidente Graça Foster, foi ao
Ministério Público, entregou seu computador e vários documentos que
comprovariam o que disse. Não creio que
alguém que estivesse implicado o faria.
Não é simples nem fácil contrariar interesses
de grupos poderosos como esse, com ligações diretas com o Congresso Nacional e
Partidos Políticos e, portanto, com todos os poderes para agir, instalados na
maior empresa do Brasil.
Mesmo que tivesse provas irrefutáveis
do que ocorria ali dentro, é maldade exigir que escrevesse, com todas as letras,
que a empresa estava sendo roubada para que lhe dessem atenção e tomassem as
necessárias providências. Afinal, Celso Daniel
está aí até hoje não esclarecido e não nos deixa mentir.
Mais, a funcionária foi transferida
para Cingapura, ou seja, o mais distante possível da área de interesse da sede
com a nítida impressão de que queriam tirá-la de combate.
Assisti várias vezes sua entrevista e
por mais que alguns possam achar que esteja querendo se vingar de seus
superiores ou aparecer, os fatos são consistentes.
Por fim, é intrigante até agora nenhum sindicato ter se manifestado. Nem contra nem a favor. Silêncio tumular. Nem para defender a empresa ou sua funcionária. Imagino que não estariam calados se fosse outro governo.
Esperamos que os fatos sejam apurados com a mesma
seriedade que a Operação Lava-Jato teve até aqui e que ela possa ter dado uma
efetiva contribuição.
Bom natal, Venina.
Abraços
Sustentáveis
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