Imagine-se com dois filhos
pequenos. Sem pensar no futuro deles
você, já cansado e idade avançada, proprietário de uma bela casa, localizada em
um bairro chic, não faz manutenção ou
reformas e a casa vai se deteriorando. Sua
esposa, preocupada com as crianças, lhe pede para pensar nelas e então, egoísta
que é, você dá de ombros ignorando os apelos.
Pergunto: é justo castrar das futuras
gerações uma vida ao menos parecida com a que vivemos por aqui, por conta de um
consumismo desenfreado e desnecessário, tirando de pessoas que ainda não chegaram sequer a
nascer e que nem mesmo poderão se defender do tamanho estrago que lhes estamos
causando?
Somos egoístas e não pensamos nem
mesmo neles, filhos, netos, bisnetos. A
continuar nessa toada, não verão belas praias, paisagens paradisíacas, céus de
brigadeiro, nem terão o suficiente para comer ou beber.
Hoje temos 250
pessoas com patrimônio acima de US$ 1 bilhão cada, o que significa o PIB
conjunto dos 40 países mais pobres do mundo, onde moram 600 milhões de
pessoas. Mais, 92 mil pessoas acumulam
em paraísos fiscais US$ 20 trilhões. Os
números fazem parte de recente artigo do prof. Marcus Eduardo de Oliveira,
extraídos do relatório “O Estado do Mundo” (elaborado pelo Worldwatch Institute).
Ainda segundo o estudo, em 2008 foram vendidos no
mundo 68 milhões de veículos, 85 milhões de refrigeradores, 297 milhões de
computadores e 1,2 bilhão de telefones celulares. O consumo da humanidade em
bens e serviços saiu de US$ 4,9 trilhões, em 1960 (calculado em dólares de
2008); para US$ 23,9 trilhões (1996), chegando em US$ 30 trilhões (2006) e, em
US$ 41 trilhões, em 2012.
Mais, o gasto mundial anual em armamentos e
equipamentos bélicos se aproxima de US$ 900 bilhões, enquanto apenas US$ 9
bilhões (portanto, 1% do que as grandes potências gastam para matar gente
inocente) seriam suficientes para levar água e saneamento básico para toda a
população mundial.
Com produtos com vida útil cada vez menor,
continuamos esbanjando estupidez e consumindo, sem necessidade, mais e mais. Com especial grau de sadismo, exterminamos,
cotidianamente, espécies de peixes, plantas e animais, matando junto com elas o
equilíbrio tão necessário à vida e as pesquisas.
Sem perceber ou não acreditando que estamos
cavando nossas próprias sepulturas, adaptamos com perfeição “Blade Runner” para
o mundo atual. Pobre Planeta, terra de tolos.
Não imaginam os imbecis quão inútil é acumular vinte ou trinta trilhões se só
temos uma vida para gastar, um Planeta para morar, e que, breve breve, seremos
todos iguais.
No avesso do avesso do avesso do avesso, a racionalidade
irracional dos humanos talvez explique porque os animais, irracionais por
natureza, sejam mais racionais que nós humanos.
Saudações sustentáveis
Odilon de Barros