Em novo relatório sobre mudanças climáticas, instituição prevê grave impacto na agricultura. No Brasil, a produção de soja pode ser reduzida em 70% até 2050
As mudanças climáticas podem levar a retrocessos nos esforços para derrotar a pobreza extrema em todo o mundo, advertiu o Banco Mundial neste domingo 23, ao divulgar um relatório sobre os impactos do aquecimento global.
No documento, intitulado Reduzam o calor: enfrentando a nova normalidade climática (em tradução livre), o banco afirma que elevações bruscas de temperatura devem reduzir profundamente a produtividade nas lavouras e o abastecimento de água em muitas áreas.
O relatório, que foca em impactos regionais específicos do aquecimento global, prevê efeitos no Brasil. Um aumento de até 2 °C na temperatura média em relação aos tempos pré-industriais levaria a uma redução da produção agrícola do país – de até 70% para a soja e 50% para o trigo em 2050, diz o documento.
O Banco Mundial estima que, em 2050, a temperatura média seja 1,5 °C mais alta do que a registrada na era pré-industrial, com base no impacto das emissões de gases de efeito estufa do passado e atualmente.
“Sem uma ação forte e rápida, o aquecimento poderia exceder 1,5 °C ou 2 °C, e o impacto decorrente poderia piorar significativamente a pobreza intra e intergeracional em várias regiões do mundo”, diz o relatório.
Quanto ao nível do mar, o documento afirma que este continuará subindo por séculos, visto que as grandes capas de gelo da Groenlândia e da Antártica vêm derretendo lentamente. Se as temperaturas se mantiverem nos níveis atuais, os mares subirão 2,3 metros nos próximos 2 mil anos, aponta o estudo.
Entre outros efeitos citados, cidades andinas estariam ameaçadas pelo derretimento de geleiras, e comunidades do Caribe e da costa ocidental da Índia poderiam ver diminuir seus suprimentos de peixes. Na Macedônia, o cultivo de milho, trigo e uva seria reduzido em 50 %.
Ações urgentes
Sem ações coordenadas, o perigo é que o aumento da temperatura média global chegue a 4 °C até o fim do século, um cenário descrito pelo Banco Mundial como “um mundo assustador de aumento de riscos e instabilidade global”.
“Acabar com a pobreza, aumentar a prosperidade global e reduzir a desigualdade no mundo, o que já é difícil, vai ser muito mais difícil com um aquecimento de 2 °C, disse o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim. “Mas com [um aumento de] 4 °C, há sérias dúvidas de que essas metas possam ser alcançadas.”
Os piores efeitos do aquecimento global poderiam ser evitados através da redução das emissões de gases de efeito estufa, reitera o relatório.
Representantes de quase 200 países se reunirão em breve para a próxima Conferência Mundial do Clima. Realizado no Peru entre os dias 1º e 12 de dezembro, o evento tem como objetivo a definição das bases de um acordo global de limitações de emissões de gases do efeito estufa. Espera-se que o acordo seja firmado em Paris em 2015.* Publicado originalmente pela Deutsche Welle e retirado do site Carta Capital.
Nenhum comentário:
Postar um comentário