Muitos são as razões para os problemas que estamos vivendo por
aqui agora. Faz tempo nosso sistema
político dá sinais de esgotamento. Sinal mais evidente - e ignorado - ocorreu nas
manifestações de junho de 2013, quando milhões de jovens foram às ruas
demonstrar sua insatisfação com o pouco caso de políticos e o quão estes
destoavam em suas práticas dos interesses da sociedade organizada.
Por não se sentirem representados, ignoraram partidos, pediam
o fim da corrupção, da desigualdade, da discriminação contra negros, pobres e
gays, exigiam políticas contra o aquecimento global, melhor educação, mais
saúde, enfim.
Com a ajuda de uma mídia sempre alerta e obediente, reprimiram
duramente as manifestações, em vários momentos com violência “Doicodiana”. Visando seu esvaziamento, os movimentos foram
criminalizados. Uma pena.
Passados quase três anos, tudo piorou. Economia, produção industrial, emprego,
renda, confiança nas instituições. A
indignação é generalizada, e vem de todas as partes, pois o sistema é surdo aos
anseios da sociedade. Mas não estamos sozinhos, e há esperança.
Tentando organizar essa bagunça ideológica global que vem
desde a crise de 2008, com os movimentos da Primavera Árabe, Occupy Wall Street,
Los Indignados e, mais recentemente, a reforma trabalhista na França, um grupo
vem se reunindo diariamente na Praça da República, em Paris, há mais de um
mês. O nome do movimento: Nuit Debout,
algo como “Noite em pé”, movimento inspirado na frase do escritor francês
Étienne de La Boétie, do séc. XVI: “Eles só estão por cima, porque nós estamos
de joelhos”.
Segundo artigo de Adriana Carranca, um dos principais slogans
do movimento é: “Juntos nós somos uma força imensa”. Segundo os organizadores, o movimento não tem
uma agenda clara. Os alvos são os
sistemas políticos e econômicos atuais. “Noite
em pé” não visa chegar ao poder, pois o poder está corrompido, mas
mudar a forma de exercer a democracia. A ideia principal é uma convergência de
lutas em nível global, o que é uma novidade, onde os problemas são
compartilhados e debatidos, sem lideranças nem bandeiras, em uma espécie de
terapia coletiva. Utopia? Pode ser, mas
a verdade é que, planetariamente, terráqueos começam a ser organizar.
Ainda segundo Carranca, a ideia central do movimento é
devolver as rédeas da política para as mãos de quem é de direito: o cidadão. Os
participantes têm chamado isso de “democracia direta”. É uma nova forma de ação política, sem
intermediários.
Está na hora de buscarmos novas formas de organização. Abrir espaço para a discussão democrática e o
exercício da liberdade de expressão, talvez isso seja o novo e revolucionário.
A forma como se deu o impeachment da presidente Dilma, criou
fendas irreparáveis em nossa tenra democracia. Quem pensa ser ele o início de
uma bonança política na sociedade brasileira, engana-se. As reações ao governo Temer já começaram e a vigília
à busca de erros promete ser implacável.
Se o clima azedar e os ventos do Atlântico rumarem para terras
tupiniquins, bem que podíamos aproveitar a carona do movimento Noite
em pé, que tem um encontro global agora domingo, dia 15, e organizar
alguma coisa por aqui.
Abraços Sustentáveis
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