Monstruosidade e selvageria são algumas das qualificações que
li e ouvi para o ato covarde executado com requintes de crueldade por mais de três
dezenas de machos, na semana que passou, contra uma adolescente de dezesseis anos
em uma comunidade carioca.
Nossa sociedade está doente. Na verdade, não nos
escandalizamos com o ato do estupro em si, pois caso fosse estaríamos exigindo
mudanças na legislação e uma outra abordagem em escolas sobre a temática. E cadeia pesada. Afinal, ocorrem quinze crimes similares,
cotidianamente, apenas na cidade maravilhosa.
Por que não vamos pra rua nos outros catorze?
O que infelizmente está causando espanto geral é o recorde de
estupradores em um único ato: trinta e três. Digno de um Guiness dos horrores. Quando bateremos o próximo recorde?
A vítima terá mais ou menos de dezesseis anos?
Entramos na vergonhosa “Era da Pré-Moral. Somos machistas e preconceituosos, sim, ouvi
gente próxima afirmar que ela não era santa, que devia estar vestida
provocantemente e que não era boa bisca.
E se a resposta fosse positiva para as três possibilidades citadas,
estariam autorizados a fazer o que fizeram?!!!
Ouvimos a pobre menina afirmar que o delegado Thiers lhe
perguntou se habitualmente fazia sexo em grupo.
Pergunta estúpida, machista e tendenciosa. Não à toa fora afastado do caso. E deveria ser punido.
Como um teatro dos absurdos, nossa sociedade incentiva o
estupro quando nada acontece com o deputado Bolsonaro por dizer que “não
estupraria a Deputada Maria do Rosário porque ela não merecia ser estuprada”, e
quando o atual ministro da educação, Mendonça Filho, recebe para audiência no
Palácio o estuprador confesso Alexandre Frota, para opiniões sobre o ensino no
Brasil. No meu dicionário isso não é falta de respeito, é conivência com o
crime.
Impossível, nesse tipo de crime relativizar com o
ocorrido. Precisamos entender que sexo
sem consentimento é estupro e ponto final.
Agora, nossas vísceras estão expostas à visitação moral
internacional. Resta saber se apenas até
o próximo recorde ser batido.
Este caso me fez lembrar um simples mas importante
ensinamento de meu pai, e que me serve até hoje: “não faça com os outros aquilo
que você não gostaria que fizessem com você”.
Para aqueles que pensam ser ela a culpada por estar provocativa, que não
era bem assim , que estava drogada, deixo a perguntinha: e se fosse sua mãe, irmã ou esposa, você
também perguntaria isso?
Como não sou religioso, que essa pobre menina encontre em nossa
solidariedade a força necessária para que consiga se refazer psicologicamente
para seguir adiante de forma digna. E que tenha paz. Mesmo sendo uma utopia, é o mínimo que posso lhe desejar.
Abraços Sustentáveis
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