E lá se vão 20 meses daquele apoteótico mês de junho, em que
jovens, com a desculpa de um aumento de vinte centavos nas passagens de ônibus,
tomaram as ruas do país a exigir, entre outras coisas, o fim da corrupção.
Foram muitas as manifestações de 2013 e rapidamente Governo e
Congresso trataram de engambelar os tolinhos que foram às praças protestar. O restante do trabalho foi feito pela mídia e
pelo despreparado aparato policial dos estados, que rapidamente rotularam de
vândalos e baderneiros aqueles mais exaltados.
Resultado: a esperança por mudanças deu lugar ao medo. E as ruas se
esvaziaram.
Na esteira das propostas apresentadas pelo governo da
presidente Dilma à época, a necessária reforma política demandava constituinte
exclusiva e uma série de plebiscitos, o que óbvio, foi rechaçado pelo Congresso. Este, por sua vez, com o
argumento de que não haveria tempo, protelou a realização de outra
imprescindível reforma, a eleitoral (fim do voto obrigatório, proibição de
doação de empresas a campanhas etc) e, para agradar a opinião pública, aprovou
uma emenda que aumentava a pena mínima para crimes de corrupção.
Apesar da desmobilização, as propostas demandadas pelas ruas permaneceram
latentes nos corações e mentes. E vieram
as eleições. Para garantir um novo
mandato, a candidata Dilma prometeu manter direitos trabalhistas e conquistas
sociais, e se aproximar dos movimentos populares. No Legislativo, o Congresso eleito,
nitidamente mais conservador que o anterior, como que a ignorar tudo e todos,
elegeu para presidentes da Câmara e Senado, a excrescência da representação política nacional. E o Governo começou a sofrer derrotas em
sequência.
Com o agravamento da crise econômica em função de medidas equivocadas
adotadas, prioritariamente, no ano eleitoral de 2014, para garantir um segundo
mandato, conjugadas com o extraordinário escândalo da Petrobras, que a cada dia
ganha novos atores implicados, a governabilidade passou a ser o sonho de
consumo do Palácio do Planalto.
Como pedras maquiavelicamente postas no caminho palaciano, Renan
Calheiros e Eduardo Cunha, dois dos maiores caciques do cenário político atual,
implicados na Operação Lava Jato, prometem muita chantagem e dor de cabeça ao
governo para não caírem desacompanhados.
Incentivados por uma mídia ardilosa, parte da sociedade voltou
às ruas a exigir mudanças. Nada mais
justo e democrático. Só que agora, pautada
por um ingrediente que promete mudanças mais rápidas ainda: o Impeachment. A conferir.
Da expulsão de Luiza Erundina do PT - por aceitar um cargo no
governo de coalizão de Itamar Franco na era pós-Collor - à visita de Lula à
residência de Paulo Maluf - rogando apoio nas eleições paulistas -, muita coisa
mudou. E não foram os fiéis eleitores
que deram o quarto mandato ao Partido dos Trabalhadores.
Como que em um circo dos horrores, os 55 milhões de eleitores
que garantiram mais uma vitória à agremiação da estrela vermelha, nascida no
berço do sindicalismo brasileiro, o ABC, assistem atônitos o início de mais um
desfile comandado pelo PT.
(Tra) Vestido em fantasias que seus eleitores não o
reconhecem mais, trinta anos foi o tempo necessário para o novo envelhecer, se tornar
igual a todos. Levantar e sacudir as
arquibancadas, agora, não é tarefa fácil, mas não é impossível.
Cantar os velhos refrães das reformas agrária, política e eleitoral,
todas prometidas e não cumpridas, olho no olho das arquibancadas, é resgatar as
origens, ir de volta para o futuro. Se o
público cantar junto, os jurados vão ter dificuldade para “tirar” o carnaval da
Escola da Estrela Vermelha.
Abraços Sustentáveis
Odilon de Barros
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