Muito se tem discutido a respeito do futuro das manifestações
iniciadas em junho com a cobrança de melhores e mais baratos transportes
públicos no Brasil. Na época, muitos
afirmaram que aquilo tudo não tinha consistência e acabaria em breve.
Quatro meses depois, Black Blocs nas ruas, quebradeiras,
alguns desvios de conduta aqui e ali e muita transgressão por parte dos vários
aparatos de segurança estatal, o que vemos é que os movimentos estão ganhando consistência
e voltando a ganhar o apoio da população com a adesão a campanhas específicas e
pautas mais objetivas.
E no dia de hoje, 15 de outubro, não poderíamos esquecer do
dia do Mestre, uma das profissões mais aviltadas e desprestigiadas de nosso pobre
país, dizendo presente à manifestação de logo mais na Cinelândia.
É bom lembrar que desde a época nada saudosa da ditadura
militar, a educação vem sofrendo um desmonte sem precedentes, deixando de ser
um bem imaterial de nossa Nação para ser um produto mercantilizado país afora e
acessível apenas aos mais abastados.
E os números não mentem. Ainda temos 13 milhões de
analfabetos e grande chance de perdermos nosso bônus demográfico, que é o
momento em que o país tem por um período longo (15/20 anos), mais jovens do que
idosos.
Mas a verdade é outra e os reflexos já começamos a sentir e estão
presentes nas estatísticas desesperadoras de empresas que necessitam de
profissionais qualificados e não os encontram.
A bem da verdade, é importante frisar que nenhum governo pós militares
no poder, conseguiu impor outro modelo de educação no Brasil.
Todos, sem exceção, a meu ver, erraram no foco até agora,
pois insistem em olhar para o último degrau da cadeia -o ensino superior-, que
é importante, sem dúvida, esquecendo-se da base, o ensino fundamental, geralmente
de péssima qualidade, quando deveria ser universal, do Oiapoque ao Chuí. Isso sem falar na eterna falta de condições de
trabalho dos profissionais da área, onde falta treinamento, qualificação e
lógico, salário.
Quando o assunto é educação ou saúde, lembro sempre de uma viagem
que fiz a Cuba. Ali ouvi uma frase de um
professor que jamais me saiu da cabeça: uma
das conquistas de nossa revolução, e disso não abrimos mão, foi educação e
saúde de qualidade para “TODOS”.
Perguntei, então, quanto ganhava um professor lá e ele me respondeu sem
titubear que as duas profissões mais importantes no país eram justamente professor
e médico. Mais, disse, ainda, que a diferença
entre o profissional mais bem remunerado e o pior, era de apenas 5 vezes.
Saí do papo incrédulo e convencido de que se queremos ser
verdadeiramente um “PAÌS”, nossos
esforços devem se concentrar, de verdade, nesse quesito.
Abraços sustentáveis e parabéns professores. Vocês são nossos heróis!