Em breve menção ao tema no Congresso dos EUA, o pontífice destacou o papel da atividade humana na degradação ambiental e a necessidade de posicionamento político
Em visita histórica aos Estados Unidos, o papa Francisco clamou por ação contra as mudanças climáticas em seu discurso aberto na Casa Branca e também no Congresso norte-americano. Esta é a primeira vez que um papa discursa aos parlamentares estadunidenses. Em uma declaração abrangente em que falou sobre agendas globais urgentes, como a crise dos refugiados na Síria e o fundamentalismo religioso, o pontífice dedicou um trecho ao desenvolvimento sustentável, citando o papel da atividade humana no esgotamento de recursos naturais.
“Na Laudato Si ‘, eu chamo um esforço corajoso e responsável para redirecionar nossos passos e evitar os efeitos mais graves da deterioração ambiental causada pela atividade humana”, disse. “Estou convencido de que podemos fazer a diferença e eu não tenho nenhuma dúvida de que os Estados Unidos – e este Congresso – têm um papel importante a desempenhar.” Assim como na encíclica Laudato Si’, divulgada em junho deste ano, o papa ressaltou a relação entre degradação ambiental e problemas sociais.
Entre os parlamentares norte-americanos, mudanças climáticas são um tema polêmico, uma vez que os republicanos são em sua maioria céticos sobre o tema. No discurso ao Congresso nesta quinta-feira, o líder católico não citou o termo mudanças climáticas ou aquecimento global, diferentemente da abordagem na sua fala nos jardins da Casa Branca no dia anterior, quando foi assistido por mais de 10 mil pessoas. “Está claro para mim que a mudança climática é um problema que não pode mais ser deixado para as futuras gerações”, disse ontem.
“Eu gostaria que todos os homens e mulheres de boa vontade neste grande país apoiassem os esforços da comunidade internacional para proteger os mais vulneráveis em nosso mundo e para estimular modelos integrais e inclusivos de desenvolvimento.”
As palavras do papa sobre o tema foram ecoadas pelo presidente Barack Obama, que tem trabalhado por mudanças no planejamento energético dos EUA para fontes limpas e reforçado a agenda bilateral do país no tema, em especial com países em desenvolvimento. “Você nos lembra que temos uma obrigação sagrada de proteger nosso planeta, presente magnífico de Deus para nós”, disse Obama ao pontífice, que, por sua vez, elogiou os esforços do presidente na redução de emissões de gases de efeito estufa.
Apesar do pouco destaque ao assunto na fala aos parlamentares, o Guardian apurou que ambientalistas nos EUA estão satisfeitos com a intervenção do pontífice no Congresso. “Apenas por estar aqui, ele está forçando a discussão sobre a mudança climática”, disse Erich Pica, presidente da Friends of the Earth. “A inclinação do papa ao tema é uma tentativa de mudar ainda mais a discussão nos EUA, particularmente no Partido Republicano, e assim conseguir mais conservadores que falam sobre a mudança climática.”(Observatório do Clima/ #Envolverde/Utopia Sustentável)
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