Faz tempo assistimos o noticiário nacional relatar casos, os
mais escabrosos possíveis, sobre corrupção.
Todos os dias, ao vivo e a cores, nos deparamos com doses diárias de
malversação de dinheiro público na veia.
Aulas práticas que ensinam a arte de surrupiar de diversas maneiras. A gosto do freguês podemos escolher que tipo
de ladrão ou método seguir: vereador, deputado, senador, ministro, prefeito,
governador, dirigentes de órgãos públicos, presidentes de empresas (públicas e
privadas) são pegos, cotidianamente, com a boca na botija. Um escárnio.
Justiça lenta, recursos intermináveis, foro privilegiado, certeza
da impunidade, dão a sensação que o crime compensa. Mas as coisas começam a mudar. Estatisticamente, jamais na história do país tantos
foram presos por esse crime. O instituto
da colaboração premiada, ainda novo, abre novos flancos nas investigações. E assim uma coisa puxa a outra, que puxa a
outra, que parece não ter fim. Entramos
na impressionante 19ª fase da Operação Lava a Jato. Quantas ainda virão, não sabemos. E vamos avançando.
Por pior que tenha sido a descoberta de todos esses
escândalos para a imagem e a economia do Brasil, começamos a perceber, agora, o
quão educativo e benéfico para o combate a este câncer foi o “Mensalão”.
Sem ele e Marcos Valério preso, condenado a 40 anos, talvez
não tivéssemos desencadeado toda essa onda de colaborações que estamos vivenciando
na esteira do “Petrolão”. E não
teríamos, também, salvo engano, pela primeira vez, tido o prazer de assistir
verdadeiros figurões pesos-pesados da elite brasileira, engaiolados. Puro deleite.
Isso, uma revolução.
Ainda hoje, quando o assunto é pilhar o erário, lembro de
duas frases da época pré-impeachment de Collor:
“Precisamos desprivatizar o Estado brasileiro e O combate à corrupção só
vai efetivamente começar quando corruptores forem para a cadeia” (respectivamente,
Roberto Freire e Pedro Simon). Frases
atuais que nos levam a crer que esse trabalho, de fato, agora, teve início. Bom
para o Brasil.
Recentes pesquisas dão conta de que a esmagadora maioria da
população brasileira acredita que é preciso cortar o mal pela raiz, ou seja,
eliminar a fonte de alimentação da rataria verde-amarela passa por não permitir
mais doações de empresas privadas a campanhas eleitorais. Aliás, esse seria o óbvio em qualquer Nação
minimamente sã depois de um escândalo da magnitude do Petrolão. Na outra ponta da ratoeira, visitar (e
copiar) para implantar ontem, como países de primeiríssimo mundo realizam
compras e contratam obras públicas, seria ótima ideia. Simples assim.
A semana que passou mostrou que nem tudo está perdido. Por 8 a 3, o Supremo Tribunal Federal finalmente
bateu o martelo sobre o tema das doações de empresas privadas para campanhas
eleitorais, decretando a inconstitucionalidade da medida. Sendo assim, a partir de agora está proibido
pessoas jurídicas doarem para candidatos e partidos, permanecendo apenas as
doações de pessoas físicas no limite de 10% do salário.
Imediatamente ao término do julgamento do STF, um bombardeio
midiático se iniciou em jornais, TV e internet, sobre as falas daqueles que
eram a favor da manutenção das doações de empresas privadas para partidos,
principalmente as do ministro Gilmar Mendes.
No dia seguinte, já se articulava no Congresso uma PEC para barrar a
aprovação da medida. Tudo isso
amplificado à exaustão pela mídia.
As eleições de 2014 custaram cerca de 5 bilhões aos partidos
políticos. Parte desse dinheiro oriundo de
verbas desviadas de empresas públicas. Como
sabemos, campanhas políticas custam muito dinheiro. Anúncios, propaganda, matérias pagas, tudo é
muito caro.
Portanto, boa parte desses bilhões sujos os quais se
locupletam políticos, aportam e irrigam, também, TVs, jornais e internet. Mídia escrita, falada, televisada e digital. Bater na classe política hoje no Brasil é
como empurrar bêbado em ladeira. Hipocrisia deslavada é, ao mesmo tempo, bater e se beneficiar da sujeira
que criticam.
Com o fim do dinheiro fácil, a fonte vai secar. É o que queremos e o país precisa. Alvíssaras.
Abraços sustentáveis
Odilon de Barros
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