sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Acumular: esporte, hobby ou estupidez?



O ano de 2016 se aproxima e, segundo a organização britânica OXFAN, que reúne 3000 parceiros e atua em cerca de 100 países, será um marco na desigualdade social planetária.  Por quê?

Anualmente, assistimos fóruns econômicos debaterem o tema e lançarem propostas, porém, ações efetivas que reflitam uma melhora na distribuição da riqueza, pouco ou nada têm interferido nas estatísticas que medem esta catástrofe mundial.  E o que vemos é mais concentração.

Segundo a entidade, ano que vem o planeta estará alcançando o ápice da desigualdade com a riqueza acumulada por 1% da população mundial sendo superior a tudo que os demais possuem.  Apesar de produzirmos alimento para três planetas, uma em cada nove pessoas passa fome.  E 1 bilhão de pessoas vive com menos de US$ 1,25/dia.  Mais, a diferença entre a renda dos 99% mais pobres para o 1% mais rico é de, pasmem, 700 vezes.  O estudo revela, ainda, que a partir da crise econômica de 2008 a desigualdade mundial explodiu.   

Winnie Byanyima, diretora-executiva da OXFAN e copresidente do Fórum Econômico Mundial, finaliza o estudo com uma pergunta instigante:  “queremos viver em um mundo no qual 1% tem mais do que nós todos juntos?” A resposta, sob todos os aspectos e lógicas, se feita individualmente para cada um dos 7,2 bilhões de terráqueos, seria óbvia: um retumbante não.   Complementando: o que podemos fazer enquanto sociedades globais para trazer essa discussão à baila, fazê-la aflorar entre nós?


A favor deles (1% mais ricos), a gigantesca e desorganizada aldeia global e suas múltiplas faces e divisões.  De governos, conhecimento, acessibilidade, fronteiras/países, línguas, costumes, culturas.   Por outro lado, os números que retratam os contrastes da vida dos 99% dos terráqueos mais pobres são incontestáveis. 

Ao não estimularmos as sociedades a exercitar (e exigir) um contraponto de prioridades econômicas e sociais de políticas públicas em prol de suas populações (discutindo, propondo, agindo), permitimos, tacitamente, que o abismo se aprofunde e o modus operandi vigente se perpetue.  É a falência do capitalismo.


É notório que governos e governantes, em sua grande maioria, estão sempre à disposição das elites e seus interesses, implementando políticas que visam privilegiar e resguardar o grande capital.  Sempre intocável em qualquer cenário.  Seja no Brasil, na Grécia ou na Espanha.  E é esta visão macroeconômica que tem que ser invertida. 

Por aqui, os insaciáveis de sempre, senhores do capital, comandados pelo capacho-mor dos rentistas, Sr. Joaquim Levy, já escolheram os bodes expiatórios da vez: os velhinhos e suas aposentadorias.  A complementar a estupidez, a criatividade (!!!) de mais impostos.

Doce delírio ou utopia, não custa lembrar aos representantes da elite brasileira, que nunca é tarde para o jogo começar a virar.  Com um pouco de pressão da sociedade e vontade política, bem que podíamos inovar e propor a criação do imposto sobre grandes fortunas e taxar o lucro dos bancos.
 
Se o governo é realmente dos trabalhadores, trabalhar apenas pelas elites, por quê?  Afinal, é ou não hora de exercitar dividir?

Abraços Sustentáveis


Odilon de Barros

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