Se permanecer o atual ritmo, o Brasil não deve cumprir, no tempo previsto, as metas de universalização do saneamento básico, previstas pelo governo federal para serem concluídas até 2033, conforme o Plano Nacional de Saneamento Básico. A informação está no último Ranking do Saneamento Básico, divulgado no final de abril pelo Instituto Trata Brasil.
“A principal conclusão é que o avanço obtido em saneamento, nos últimos cinco anos, é relevante, mas insuficiente [comparando-se ao plano nacional]”, disse o presidente executivo do instituto, Édison Carlos, à Agência Brasil.
O ranking avaliou os serviços de água e esgoto das 100 maiores cidades do país, nas quais vivem em torno de 80 milhões de pessoas, ou 40% da população do país, e demonstrou que os avanços ainda são poucos. “A maior parte dessas cidades não vai atingir todos os indicadores, principalmente de tratamento de esgoto e redução de perda de água”, disse ele.
Segundo o levantamento, feito com base em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, de 2013, das 20 maiores cidades no ranking [a maior parte na Região Sudeste], oito já atingiram a universalização dos serviços e as demais se encaminham para atingí-la nos próximos anos. Já entre as 20 menos beneficiadas com saneamento, nenhuma atingirá a universalização dos serviços até 2033, caso mantenham o ritmo atual de avanço. As cidades com melhor saneamento básico no país, em 2013, eram Franca, Limeira, Santos e Taubaté, em São Paulo; Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa, no Paraná; Niterói, no Rio de Janeiro; e Uberlândia, em Minas Gerais. Do lado oposto, a mais carente de saneamento era Porto Velho; seguida por Santarém e Ananindeua, no Pará; Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco; Macapá, no Amapá; Várzea Grande, em Mato Grosso; Gravataí, no Rio Grande do Sul; Belém e Manaus; e São João de Meriti, no Rio de Janeiro.
Apenas 39% da população tinham esgoto tratado – evolução de apenas 0,3% em relação ao ano anterior. De acordo com o Instituto Trata Brasil, isso significa que mais de 5 mil piscinas olímpicas de esgotos não tratados foram jogados, por dia, na natureza, em 2013. Quanto à água tratada, 82,5% da população têm acesso a ela, mas 35 milhões de brasileiros ainda não dispõem desse serviço.
Segundo Édison Carlos, o país tem cenários diferentes, dependendo do indicador. O tratamento de água, por exemplo, é o que tem avançado mais. Então, é possível chegar à universalização em água, se o investimento continuar. “Em coleta e tratamento de esgotos, estamos ainda distantes, pois apenas 48,6% da população tem coleta de esgoto e só 39% da coleta tem tratamento. Ainda precisamos levar coleta de esgoto para metade da população”, disse ele. No ritmo de evolução em coleta e tratamento, ele estima, porém, que as metas só sejam atingidas em 50 anos e em 100 anos, respectivamente.
Os investimentos em saneamento no país, em 2013, foram da ordem de R$ 10,47 bilhões, dos quais R$ 5 bilhões destinados às 100 cidades analisadas. Para Édison Carlos, o governo tem investido pouco “comparado ao desafio” que tem pela frente. “Esse foi o maior investimento desde 2007. Investiu, mas o Plano Nacional de Saneamento Básico prevê necessidade de R$ 302 bilhões [de investimento] em água e esgoto, em 20 anos. Então, estamos falando em mais de R$ 15 bilhões por ano para atingir a universalização. Temos investido, mas ainda abaixo do necessário”, disse ele.(Agência Brasil/ #Envolverde/Utopia Sustentável)
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