Faz pouco mais de 30 anos, os
americanos James Q. Wilson e George Kelling, publicaram estudo em que
estabeleciam, pela primeira vez, uma relação causal entre desordem e
criminalidade. Os autores queriam provar
a teoria das janelas quebradas (The Broken Windows Theory).
Sendo assim, estacionaram dois
carros idênticos e os abandonaram, um no Bronx, bairro pobre de Nova York, e outro
em Palo Alto, local de abastados na Califórnia.
Enquanto em poucas horas o primeiro carro era completamente destruído, o
segundo se mantinha intacto. A partir do
momento que o primeiro vidro foi quebrado em Palo Alto, sem que ninguém
reclamasse, o mesmo aconteceu.
A ideia, segundo os autores, era
demonstrar que pequenos delitos que não são combatidos imediatamente tendem, caso
comunidades e Poder Público não entrem em ação, tornarem-se eternos e de
difícil solução futura, o que, no médio e longo prazo, deteriora a qualidade de
vida.
Mesmo acreditando que nosso
problema é complexo, tal comportamento, transportado para a realidade
brasileira, leva-nos a crer que há décadas procedemos, nos mais variados temas
nacionais, dessa maneira. Nossa
sociedade é permissiva, pouco politizada e com baixa escolaridade, nunca
exercitou o saudável hábito de cobrar do Estado aquilo que é, de fato e de
direito, sua obrigação fornecer.
Ao aceitar tratamentos diferenciados/privilegiados
para determinadas regiões/estados/municípios/bairros, sem se rebelar ou exigir
equidade na distribuição de recursos, de seus representantes, abrimos flancos para
a perda de direitos mundialmente reconhecidos e aplicados. Pergunte para um cidadão francês, alemão, dinamarquês
ou inglês, se aceita entrar num hospital (que é público) e ficar em uma maca no
corredor esperando 6 horas por um atendimento que pode nem ocorrer?
Por serem homeopáticas as doses
do desrespeito, achamos normal levar nossos filhos à escola e não ter
professores; e que a merenda seja de péssima qualidade; não nos importamos andar
em ruas e estradas esburacadas com nossos carros; não ligamos pagar impostos e ter uma
assistência à saúde de péssima qualidade; sequer questionamos sistemas diferenciados
de aposentadoria, um público e outro privado; com naturalidade, acreditamos que
nossas cidades não tenham água e esgoto tratado.
Aqui, diferente de lá, vivemos um
verdadeiro vale-tudo, quebrando nossas vidraças continuamente.
Sem nos importarmos com a fragilidade de
nossa tenra e novata democracia, seguimos vandalizando a ética e a moral do
povo, acreditando sempre que Deus (se existe) é brasileiro e nos salvará.
Bem que as ruas podiam ajudar
novamente!
Abraços Sustentáveis
Odilon de Barros
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