Republiquei propositalmente
o bom artigo do jornalista André Trigueiro, que admiro, intitulado “Papa fez
história, mas não falou de sustentabilidade” para conversarmos um pouco sobre
suas afirmações.
Fé e crenças à parte, é apenas uma outra leitura que fiz
sobre o mesmo tema. E como o assunto me
apraz, explico os motivos.
Quando o Papa, apesar de toda comitiva de segurança estar em
carros luxuosos, preferiu andar em um modelo básico, sem ostentação, estava
passando o recado que é possível, mesmo que possamos desfrutar de coisas mais
requintadas, viver uma vida digna de forma simples; quando o Papa instigou
jovens a irem para as ruas, contra a corrente, serem revolucionários e felizes,
estava passando a mensagem de romper barreiras por um mundo melhor; quando o
Papa declarou que é chegada a hora de pararmos com o consumismo desenfreado e
desnecessário, estava dando o recado claro que nosso Planeta não suporta mais este
modelo insustentável de ser; quando o Papa declarou que não entende como governantes
podem dormir tranquilos sabendo que
existem sob sua responsabilidade cidadãos que passam fome e não têm educação,
estava falando claramente em desigualdade, pobreza e falta de oportunidades, o
que, também, é falar sobre sustentabilidade; quando o Papa declarou que não
podemos mais viver sobressaltados com a queda de três ou quatro pontos
percentuais nas bolsas de valores mundo afora, era porque enxergava ali que o
foco para uma melhor qualidade de vida teria que ser o capital humano e a
felicidade, não apenas seu lado financeiro.
Estava sinalizando que o importante é dar valor à vida e não ao dinheiro,
o que, também, é sustentável.
Por isso, caro André Trigueiro, acredito que o que tenha
sentido falta nos vários discursos do Papa seja a sustentabilidade explícita, o
que concordo. Mas não podemos ignorar, e
aí discordo do título de seu artigo, que mesmo indiretamente, porém de forma
bastante clara, o Pontífice tenha dado sinais que o mundo precisa mudar. E rápido.
Se a Igreja Católica até pouco tempo atrás parecia insensível
ao não ouvir a voz das ruas e vinha perdendo parte de seu rebanho, que clamava
por mudanças que não ocorriam, agora, renovada após a eleição do Papa
Francisco, é ela que pauta a agenda mundial ocupando espaços deixados por governos,
partidos e políticos insensíveis às necessidades da humanidade.
Semana passada li em algum periódico a entrevista de um
integrante do “Anonymous” que declarou com clareza impressionante que a grande
sacada do movimento são as “causas” que afligem as populações e perduram sem
resolução há décadas. São elas as
grandes estrelas de hoje e reúnem multidões de pessoas mundo afora. Disse, ainda, que a hora que as pessoas
entenderem isso, será uma revolução. Ou
seja, pela ótica do movimento devemos ignorar direita ou esquerda, partidos e
políticos e lutar por “CAUSAS”.
Se governos, políticos e partidos não entenderem ou não
acreditarem nessa nova realidade de fazer política, corremos o risco (sustentável) de
presenciar uma inacreditável aliança por mudanças na ordem econômica mundial,
impensável até então, comandada por movimentos anônimos e a igreja.
Abraços sustentáveis
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