Por mais que o Prefeito Eduardo Paes venha a público se desculpar e ratificar o coro da falta de preparo dos gestores que cuidam do transporte público no Rio, o que se viu ontem e hoje, 23 e 24 de julho, por conta da JMJ, é inaceitável, inadmissível
e, logico, insustentável. Para uma
cidade que sediará o Mundial em 2014 e Olimpíadas em 2016, o caos só não acabou
em tragédia porque as manifestações, por obra e graça dos céus, estão dando um
tempo.
Não estamos preparados para eventos dessa natureza,
definitivamente, não. O que vi na saída
do trabalho e volta pra casa foi estarrecedor sob todos os pontos de
vista. A começar pelo tempo que levei
para chegar em casa: 3 horas e meia. Saí
do trabalho e senti imediatamente um clima
estranho, com pelo menos duas ou três vezes a mais o número de pessoas
na rua do que vejo nas ruas, cotidianamente.
Fui para o ponto do ônibus e pensei: hoje teremos mais transporte pois,
além do número normal de trabalhadores, têm peregrinos indo para a missa
inaugural da Jornada, para o encontro no hospital do Papa com a população. E o ponto do BR3,
na Av. Rio Branco, só enchia e nada. Ontem e hoje.
Após vinte e cinco minutos, eis que surge o esperado “309”,
e uma multidão corre para entrar. Já
saímos do ponto com gente saindo pela janela.
Ligo o rádio e fico sabendo que todas as linhas do Metrô acabavam de ser
fechadas (hoje fechou a da São Francisco Xavier). A essa altura o trânsito já
era catastrófico. Com as entradas de
Copacabana fechadas, os únicos acessos para a Barra eram a Lagoa e Botafogo, ou
então, Linha Amarela ou Alto da Boa Vista, para quem estava de carro. A cada ponto mais peregrinos entravam. O rádio avisava para ninguém ir para as
estações de trem.
Legiões de pessoas com bandeiras, camisas, sotaques,
brancos, pretos, amarelos, entravam e saíam do meu coletivo, se revezando como
se a cidade fosse uma só festa. E aí
pergunto: à parte o problema do Metrô, que por si só já tornava a cidade com sua capacidade
esgotada, será que nossos secretários de transportes, Prefeito, Governador,
todos, não imaginaram que o Rio estaria recebendo cerca de um milhão de pessoas
extra nesta semana? Mais, ao imaginar
isso ( se é que eles imaginam alguma coisa), não seria o caso de ordenar a quem
de direito para colocar toda a frota de coletivos na rua durante esse período?
Fica a certeza de que, de verdade, não estamos preparados,
não estamos passando no teste do
transporte público, pois, além do péssimo cartão de visitas dado quando da
chegada do Papa ao Rio, onde, declaradamente, o Sr. Secretário Carlos Osório afirmou não ter conhecimento prévio do caminho tomado pela
caravana Papal, agora vimos que o caos está instalado.
Pra quem acredita em milagre, fica a torcida.
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