quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Planeta Blade Runner


Imagine-se com dois filhos pequenos.  Sem pensar no futuro deles você, já cansado e idade avançada, proprietário de uma bela casa, localizada em um bairro chic, não faz manutenção ou reformas e a casa vai se deteriorando.  Sua esposa, preocupada com as crianças, lhe pede para pensar nelas e então, egoísta que é, você dá de ombros ignorando os apelos.

Pergunto: é justo castrar das futuras gerações uma vida ao menos parecida com a que vivemos por aqui, por conta de um consumismo desenfreado e desnecessário, tirando  de pessoas que ainda não chegaram sequer a nascer e que nem mesmo poderão se defender do tamanho estrago que lhes estamos causando?

Somos egoístas e não pensamos nem mesmo neles, filhos, netos, bisnetos.  A continuar nessa toada, não verão belas praias, paisagens paradisíacas, céus de brigadeiro, nem terão o suficiente para comer ou beber.

Cena do filme

Hoje temos 250 pessoas com patrimônio acima de US$ 1 bilhão cada, o que significa o PIB conjunto dos 40 países mais pobres do mundo, onde moram 600 milhões de pessoas.  Mais, 92 mil pessoas acumulam em paraísos fiscais US$ 20 trilhões.  Os números fazem parte de recente artigo do prof. Marcus Eduardo de Oliveira, extraídos do relatório “O Estado do Mundo” (elaborado pelo Worldwatch Institute). 
Ainda segundo o estudo, em 2008 foram vendidos no mundo 68 milhões de veículos, 85 milhões de refrigeradores, 297 milhões de computadores e 1,2 bilhão de telefones celulares. O consumo da humanidade em bens e serviços saiu de US$ 4,9 trilhões, em 1960 (calculado em dólares de 2008); para US$ 23,9 trilhões (1996), chegando em US$ 30 trilhões (2006) e, em US$ 41 trilhões, em 2012.
Mais, o gasto mundial anual em armamentos e equipamentos bélicos se aproxima de US$ 900 bilhões, enquanto apenas US$ 9 bilhões (portanto, 1% do que as grandes potências gastam para matar gente inocente) seriam suficientes para levar água e saneamento básico para toda a população mundial.
Com produtos com vida útil cada vez menor, continuamos esbanjando estupidez e consumindo, sem necessidade, mais e mais.  Com especial grau de sadismo, exterminamos, cotidianamente, espécies de peixes, plantas e animais, matando junto com elas o equilíbrio tão necessário à vida e as pesquisas. 

cena do filme

Sem perceber ou não acreditando que estamos cavando nossas próprias sepulturas, adaptamos com perfeição “Blade Runner” para o mundo atual.  Pobre Planeta, terra de tolos. Não imaginam os imbecis quão inútil é acumular vinte ou trinta trilhões se só temos uma vida para gastar, um Planeta para morar, e que, breve breve, seremos todos iguais.
No avesso do avesso do avesso do avesso, a racionalidade irracional dos humanos talvez explique porque os animais, irracionais por natureza, sejam mais racionais que nós humanos. 
Saudações sustentáveis
Odilon de Barros