Erika Mialik Marena, delegada da Polícia Federal responsável
pelo nome da Operação considerada por muitos a maior do país no combate à
corrupção, muito provavelmente esteja chateada ao constatar um desvirtuamento
do motivo inicial alegado para sua escolha.
Deflagrada em 17 de março de 2014, a Lava Jato recebeu esse
nome devido ao uso de uma rede de postos de gasolina pelo grupo criminoso visando
à movimentação dos recursos adquiridos de forma ilícita.
Não sei os hábitos no restante do país, mas aqui no Rio de
Janeiro quando queremos lavar superficialmente o carro, sem muito capricho e
apenas for fora, sem lavar por baixo ou aspirar internamente, lavamos no lava
jato.
Saudada inicialmente como o remédio amargo de salvação da
sociedade brasileira contra a corrupção, principalmente a partir das
manifestações de junho de 2013, a operação Lava Jato, comandada por Sérgio Moro
e Teori Zavascki, foi impulsionada e adotada pela mídia no momento de maior
carência da sociedade por justiça no país, já cansada dos assaltos diários aos
cofres públicos.
Mas apesar dos números alcançados - 1148 anos em penas
aplicadas, 106 condenações, 42 bilhões de reais desviados e 6 bilhões em
propinas estimadas pagas - pela
queridinha do Brasil, suas descobertas não parecem que visavam o que a
sociedade, ou parte dela, esperava: extirpar o câncer da corrupção do
contagioso convívio de seus agentes, públicos e privados, com os recursos
públicos, nos três níveis de governo.
Dois anos e meio depois de seu início e 34 operações
realizadas, já é possível constatar que as ações do juiz Moro se concentraram
principalmente em três partidos: PP (com maior número de acusados), PMDB e PT. E
desses, uma notória preferência pelo tom vermelho. Isso é fato.
Se as intenções não forem apenas tirar uma presidente
legitimamente eleita, faz-se necessário que o mesmo tipo de ação alcance todos
os partidos. Se desejarmos, de verdade, diminuir a corrupção a níveis europeus,
Michel Temer jamais poderá ficar na cadeira presidencial até 2018. Para isso não basta uma Lava Jato, mas uma
lubrificação geral na política nacional, que lave toda a lama da corrupção
escondida nas entranhas do poder.
Ignorar a necessidade de uma ampla reforma política que
contemple medidas duras de combate à corrupção; mudanças na Lei 8.666/93,
responsável pelas licitações e compras em órgãos públicos; ajustes e votação do
projeto intitulado “10 medidas contra a corrupção”; fim do voto obrigatório; e criação
de cláusula de barreiras partidárias, por exemplo, é reconhecer a falta de boas
intenções.
Por outro lado, desde o afastamento da presidente Dilma,
assistimos a um arrefecimento das operações midiáticas da Lava Jato. Os
vazamentos diminuíram e já se fala pela imprensa que a operação tem até o fim
do ano para encerrar as investigações, o que, caso se confirme, só vem
comprovar a atuação parcial do juiz Moro e da operação, desde o início. Imperdoável!!!
Resta saber se a sociedade aceitará apenas essa “lavadinha”
na corrupção, oferecida pela Lava Jato, ou se vai exigir o pacote vendido pela grande
mídia de que era preciso remover a presidente para a corrupção acabar.
E você, já escolheu seu presente de Papai Noel?
Abraços Sustentáveis
Odilon de Barros
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