Acordei hoje com a imagem de nossa Isabel, a do volley, no
Cristo Redentor, com o Rio a seus pés.
Sinceramente emocionada, contagiou a todos.
Não podia ser diferente, o Rio é bonito pra cacete (!!!),
apesar de governos e seus governantes. E olhar tudo aquilo apenas algumas horas
antes do início do evento que é considerado o maior do planeta, não dá para
dizer que não mexe conosco.
Pelo lado bom e pelo ruim.
Mas confesso que senti uma mistura de orgulho e raiva. Por quê?
À parte a catequização global diária e maçante, que deve ser
registrada, visando envolver a população no espírito olímpico, indiscutivelmente
dá uma sensação de dever cumprido, de orgulho mesmo, e passa a todos nós a
ideia de que somos capazes, que podemos, não apenas isso, mas muito mais, quando
queremos e temos vontade política para tal, realizar, organizar, planejar e
executar, depois de vinte anos de sonhos, um evento da magnitude de uma
Olimpíada, sem dever nada a ninguém.
Esse o recado, o de que, definitivamente, devemos mandar para bem longe
nosso eterno complexo de vira-latas.
Por outro lado, fica a frustração (e raiva) de que se conseguimos
esse feito, porque não nos mobilizamos para resolver nossos crônicos e eternos
problemas na educação, saúde, segurança? Por que não priorizar as gritantes
desigualdades de nosso tão sofrido povo?
É triste constatar que somos capazes e incapazes ao mesmo
tempo. Capazes de fazer mas incapazes de
impedir o desvio brutal de recursos nas obras. Forçoso admitir que repetimos
erros já cometidos na Copa do Mundo; capazes de receber a todos com um sorriso estampado
no rosto mas incapazes de lhes dar segurança; capazes de nos emocionar com a
alegria da festa de abertura e o multiculturalismo dos povos e nações presentes
mas incapazes de replicar o mesmo gesto entre nós; capazes de eleger com 54
milhões de votos uma presidente mas incapazes de impedir seu afastamento por uma
maioria de senadores réus.
Somos o país das contradições, permissivo com uns, rigoroso
com outros, solidário mas egoísta, dominado por uma oligarquia arcaica e
escravagista. Vamos celebrar, hoje, a união dos povos e a paz, uma igualdade
inexistente, aqui e no mundo. Tal como um
falso brilhante que nos é vendido.
Com todos esses dilemas, nosso maior legado seria fazer dessa
experiência o início de uma mudança de hábitos e costumes em nossa classe
política, para que começassem a praticar, de verdade, o que hoje venderemos ao
mundo como fantasia.
BOAS OLIMPÍADAS e FORA TEMER!!!
Odilon de Barros
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