Domingo último assistimos a várias manifestações a favor de
Dilma e Temer. E contra os dois. Segundo pesquisas Datafolha e IPSOS, a
maioria esmagadora do povo brasileiro, 62% e 52%, respectivamente, preferem
novas eleições, ou seja, nenhum deles.
Dilma parece que chegou à conclusão que lhe faltam condições
políticas mínimas para governar caso vença a batalha do impeachment no Senado
Federal. Tanto é que já lemos em vários
documentos saídos na imprensa a intenção de envio de uma carta aos senadores informando-os
sobre a disposição de convocação de plebiscito para que a população brasileira
se manifeste favoravelmente ou não a respeito de eleições diretas antecipadas.
Já Temer, no poder por conta de toda negociação engendrada
desde fins do ano passado visando à aprovação do processo de impeachment, apoio
maciço da mídia, do Congresso Nacional (Câmara e Senado) e de boa parte do
judiciário, tem apoio pífio da sociedade para permanecer à frente do governo, com
14% no Datafolha e 6% do IPSOS. Joga
suas fichas na volta de um improvável crescimento econômico e aprovação das
reformas da previdência e trabalhista. Esquece-se,
porém, que tanto ele como os principais caciques do PMDB estão
envolvidos até o pescoço em denúncias de corrupção. E que somente sobreviverá politicamente
se salvar Cunha.
Sabemos que a crise do Brasil é política e advém de um
problema muito maior do que Dilma ou Temer.
Nosso sistema político, com trinta e tantos partidos, está em
frangalhos, carcomido, não existe mais, precisa ser reformado, caso contrário
continuaremos a não tocar na ferida que é uma ampla reforma, onde o interesse
maior seja o da sociedade brasileira.
A luz no fim do túnel da pacificação do país só será possível
ser visível se ambos os lados cederem em prol de um objetivo maior: o Brasil
ser passado a limpo. Via plebiscito ou renúncia de ambos, a
grandeza deveria fazer parte do cardápio de ações da classe política nacional para
chegarmos ao ponto que realmente interessa à sociedade brasileira: a convocação
de eleições diretas ainda nesse ano de 2016.
Em junho de 2013, com o mote da diminuição de vinte centavos
nas passagens de ônibus, os jovens foram às ruas pedindo uma série de mudanças
na forma de fazer política no Brasil. Entre elas o fim da corrupção. Naquele momento, por não se sentirem
representados, excluíram das manifestações todos os partidos políticos.
À época, governo e classe política deram de ombros e
ignoraram solenemente as pautas solicitadas.
Nascia, ali, uma divisão que permanece forte até hoje, com parte daquela
trupe sendo cooptada pela direita (FIESP e partidos de oposição ao antigo governo) e a outra adotada pelos partidos de esquerda.
Imaginemos a força que a convocação conjunta da Frente Brasil
Popular, Movimento Brasil Livre, MTST, Vem pra Rua e MST, teria agora nesse
momento, chamando a sociedade brasileira a se manifestar.
Utopia? Romantismo? Pode até ser, mas o receio da união da
sociedade é o medo maior de toda classe política nacional, por isso manipulam e incentivam a divisão. Como em 2013, está na hora de provarmos a
maturidade de nosso povo e demonstrarmos que nossas diferenças serão sempre
menores que a necessidade de o Brasil avançar. A negativa de qualquer dos lados será
interpretada como oportunismo barato.
Que tal dia 28 de agosto?
Abraços Sustentáveis
Odilon de Barros
Nenhum comentário:
Postar um comentário