As revelações do ex-diretor da
Petrobras, Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, trazem à tona um
novo tipo de ator para a cena política brasileira: o delator. Até então sempre ignorada, esta nova figura,
tem tudo para mudar o relacionamento displicente com que políticos, gestores de
empresas públicas e corruptores, até então, protegidos pelo manto da
impunidade, a partir de agora terão que ter pois, com o prêmio da delação o
perigo da guilhotina cortar também suas cabeças, fato impensável até esta data,
tornou-se real.
O que está para ocorrer daqui a
pouco é sem dúvida inédito, imprevisível e, possivelmente, avassalador, podem
acreditar. Não me lembro, desde que
acompanho a cena política brasileira, de confissões voluntárias e conscientemente
sendo feitas por corruptos, esse, sem dúvida, um fato novo. Um marco que pode mudar tudo.
Se deixarem o juiz responsável
pela Operação Lava-Jato, Sérgio Moro - aliás uma boa indicação da Associação
dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), para a vaga de Joaquim Barbosa, no STF -,
e o Ministério Público, trabalharem em paz, o Brasil pode estar prestes a
entrar em um novo e promissor caminho no combate à corrupção. Esperamos que a moda pegue.
Desde a redemocratização, quando o
retorno de eleições livres ao país trouxe junto à bandeira da ética a esperança de novas
práticas de fazer política, o que assistimos não foi bem isso. Apesar de indiscutíveis e notáveis avanços no
campo social, poderíamos e deveríamos ter avançado mais, afinal Lula e sua
trupe tinham, apesar da conciliadora “carta aos brasileiros”, cacife e
popularidade suficiente para ousar e quebrar paradigmas, conquistar apoios para
avançarmos rumo a tão aguardada e necessária ética na política, limpar o entulho autoritário (lembram-se?) e, mais do que tudo, serem coerentes.
No entanto, o que assistimos em
nome da governabilidade foi a velha e rasteira utilização do poder em benefício
da causa, loteamento indiscriminado de cargos nas estatais e fundos de pensão, partilhando
o poder entre aliados, onde os fins justificaram os meios, como se em
retribuição ao que estivessem fazendo de bom – nada mais que obrigação - ganhassem
um cheque em branco para transgredir. O conhecido “rouba mas faz” de Ademar de Barros. Um erro jamais assumido pelos dirigentes do
PT. O pior legado para uma juventude que
estava ávida em participar: o descrédito.
Mas domingo é dia de festa e de
democracia. Dia de escolhermos os novos
representantes que governarão o país em suas várias instâncias. Hora, também, de retribuirmos com seriedade o
“carinho” que eles, os parlamentares, tiveram para com a sociedade.
A reforma política é uma urgente
necessidade para o país avançar rumo a uma verdadeira democracia representativa. Nosso dever é eleger aqueles que, com
certeza, não nos decepcionarão, e que trabalharão sem outras intenções por uma sociedade mais justa, fraterna e igual.
Bom voto
Abraços Sustentáveis
Odilon de Barros