Por mais que a presidenta Dilma tenha vencido a primeira
parte da corrida presidencial é inegável que o Partido dos Trabalhadores sai
mais fraco do pleito desse ano. Passou
de 88 cadeiras para 70 na Câmara Federal, de 13 para 12 vagas no Senado e
mantém, até agora, o mesmo número de governadores (4), podendo ainda subir no
segundo turno.
Além disso, Suplicy e Olívio Dutra, dois pilares éticos do
partido foram derrotados para o Senado em seus estados. Em São Paulo Padilha teve votação pífia e no
Rio, Lindberg teve praticamente a mesma votação de Tarcísio do PSOL. Uma tendência que pouco a pouco começa a ser
verificada Brasil afora: a substituição do voto do PT pelo PSOL. A conferir nos próximos anos.
Mas foi curiosamente em Minas, terra de Aécio, que o PT ganhou
um governador de peso (sem desmerecer os outros estados onde foi vitorioso). Fernando Pimentel emerge das urnas
fortalecido por uma vitória em primeiro turno e tem tudo para ganhar mais
espaço dentro do partido. Uma vitória
pessoal da presidenta.
Com a impensável votação de 33% dada para Aécio e acima das
mais otimistas previsões de institutos de pesquisa, vamos ter um segundo turno
sangrento, como há muito não víamos. A
essa hora arsenais de parte a parte devem estar sendo preparados.
Uma pena, pois com a margem apertada entre os dois candidatos
a sociedade deveria aproveitar a oportunidade para discutir propostas reais e arrancar compromissos de ambos, o que não foi possível de ocorrer no primeiro turno.
Quem sabe até pinçar algumas das prioridades jogadas sobre a
mesa quando das manifestações de junho
de 2013, e logo esquecidas pelo poder público.
Reforma política imediata, voto
facultativo, projeto consistente de preservação do meio ambiente e em prol da
sustentabilidade do planeta, fim do instrumento da reeleição, queda do fator previdenciário, criminalização da
homofobia, descriminalização do aborto e das drogas, educação de qualidade, saúde
universal de boa qualidade e, principalmente, um combate sem tréguas e perene
contra a corrupção, são alguns dos temas que nós, brasileiros e eleitores deveríamos
discutir até a eleição.
Com inteligência e sabedoria, a sociedade, através de suas representações organizadas, deveria extrair o máximo dos dois candidatos e aproveitar o desespero de se imaginarem chegar tão próximo e perder no
finalzinho. Obrigá-los a tomar posições
e ousar, o que certamente não fariam se em situação confortável
estivessem. Usar o voto como arma maior. Afinal, somos nós ou não que damos
as cartas agora? Quem sabe até uma “Carta
aos Brasileiros 2”, para Dilma e “Carta aos Brasileiros 1”, para Aécio. Se descumprissem, o máximo que poderia
acontecer é mandá-los para casa daqui a quatro anos.
E a mídia pode ajudar muito trabalhando ao lado da sociedade nessas
três próximas semanas.
Tomara que a eleição presidencial fique em empate técnico até o último minuto.
Tomara que a eleição presidencial fique em empate técnico até o último minuto.
Abraços sustentáveis
Odilon de Barros