O ano de 2015 chegou, e a crise da água no estado de São Paulo segue mais grave do que nunca.
O Sistema Cantareira, que atende mais de 8 milhões de pessoas na Grande São Paulo, atualmente tem apenas 6.8% de sua capacidade já contando com a segunda cota do volume morto – que, segundo especialistas, não é seguro para consumo. Mesmo a atual temporada de chuva não tem ajudado muito: no final de dezembro o nível subiu um pouco, mas já voltou a cair, e em breve deve ficar abaixo da mínima histórica de 6.7%. Está em discussão o uso de uma terceira (e última) cota do volume morto, que traria água de qualidade ainda mais duvidável às pessoas e aprofundaria os impactos no ecossistema das represas.
O Sistema Alto Tietê, que por sua vez atende mais de 3 milhões de pessoas da Grande São Paulo, também se encontra em situação preocupante. Desde meados de dezembro está sendo usada a primeira cota de seu volume morto, e o nível atual é de 11.7%. Assim como ocorreu no Cantareira, no final de dezembro o nível subiu um pouco, mas já voltou a cair.
Até o momento não tem chovido o necessário para reverter a grave crise que resulta primariamente de uma má gestão pública. O risco da água acabar para os habitantes da maior metrópole brasileira em pouco tempo continua presente.
As obras já anunciadas pelo governo estadual, em parceria com o federal, devem demorar dois anos para gerar resultados concretos, não ficando prontas para o período de estiagem que começa em abril. E elas não atacam a raiz do problema – apenas terceirizam, trazendo para a Grande São Paulo água de outras bacias que também sofrem problemas de gestão. Pouco (ou nada) se fala de recuperação de mananciais, medidas firmes para reduzir o consumo e desperdício especialmente dos grandes consumidores, e mudanças estruturais no modelo de gestão de recursos hídricos, que estão entre as demandas da Aliança pela Água da qual o Greenpeace faz parte.
O governo municipal, por sua vez, também poderia atuar de forma mais firme, trabalhando mais pela transparência na divulgação de informações e implementação de medidas emergenciais, conforme proposto pelo Conselho da Cidade em uma carta com propostas detalhadas.
Ademais, é preciso ter em mente que graves problemas no acesso a água não se limitam a São Paulo: a Agência Nacional de Águas prevê que 55% dos municípios brasileiros tenham seu abastecimento afetado em 2015. Já passou da hora de agir pra valer.* Publicado originalmente no site Greenpeace Brasil.
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