Está aí a chance. O pedido de asilo permanente, conforme
noticiou o jornal Folha de São Paulo em 17/12, feito por Edward Snowden ao
Brasil, tem tudo para apimentar a cena política nacional desse fim de ano
pré-eleitoral. E porque digo isso? Espionagem, Snowden, Brasil, NSA, EUA e toda
sopa de letrinhas que envolve o assunto, estão longe de um desfecho. Eu, aqui mesmo nesse espaço, já escrevi algumas
vezes sobre o tema. E sou cônscio em
afirmar: Snowden é nitroglicerina pura.
A se confirmar tal solicitação,
temos a oportunidade ímpar, enquanto Estado soberano de direito (?), de
demonstrar, na prática, todo o discurso feito nos palcos cênicos do mundo, com destaque
para o discurso de abertura da 68ª Assembleia Geral da ONU, feito por nossa
presidenta, Dilma Roussef.
À época, mesmo sabendo de nossas
limitações, nossa mandatária disse que espionar era uma “afronta aos princípios
que devem guiar as relações entre países” e foi dura ao afirmar que combateria
o que definiu como “grave violação dos direitos humanos e das liberdades civis”. Pediu, ainda, uma legislação internacional que
proteja os países de “interceptações ilegais de comunicações e de dados”.
Teremos,
portanto, a partir do início do ano de 2014, pressões de todos os lados para
concedermos e negarmos o asilo. De um
lado, ativistas e defensores dos direitos civis e privacidade individual, pela
concessão. De outro, os EUA, parceiro
número um do Brasil, tentando fazer valer seu poderio econômico de principal
potência do mundo globalizado, a pressionar e ameaçar nosso país de retaliações
as mais diversas.
Em minha humilde análise, um doce abacaxi a ser descascado pela presidenta-candidata. Por quê? Temos como pano de fundo desse cenário, o mês de outubro, onde teremos, possivelmente, uma disputa acirradíssima pela presidência, com nomes novos aparecendo na cena política nacional pela primeira vez e onde qualquer pequena vantagem será bem-vinda.
Em minha humilde análise, um doce abacaxi a ser descascado pela presidenta-candidata. Por quê? Temos como pano de fundo desse cenário, o mês de outubro, onde teremos, possivelmente, uma disputa acirradíssima pela presidência, com nomes novos aparecendo na cena política nacional pela primeira vez e onde qualquer pequena vantagem será bem-vinda.
Se
olharmos pelo lado humano, a concessão de asilo pode ser uma bandeira eleitoral
muito positiva, tendo vasto apoio dentro e fora do país. Vejamos:
1-
Snowden virou uma
espécie de herói antiamericano mundial ao denunciar práticas yankees consideradas
sujas por grande parte da mídia mundial;
2- C0m argumentos
nacionalistas de defesa, os EUA bisbilhotaram empresas, utilizando,
possivelmente, dados obtidos ilegalmente em licitações internacionais. Uma fraude;
3-
Abrigá-lo seria
uma resposta à altura para o ato cometido pelos EUA, sinalizando para o mundo
nossa soberania e a maturidade de nossa democracia;
4-
Eleitoralmente, muito
bom, pois forçaria adversários a se posicionar. E a presidenta-candidata ganharia
com qualquer cenário de manifestações.
Em caso de recriminações à medida, surfaria sozinha na onda do asilo, pois
o mesmo teria amplo apoio da sociedade.
Em caso de apoio de adversários ao asilo, ganharia mais que os outros,
já que a concessão seria obra sua.
Enfim...
Não
devemos temer sanções ou pressões americanas.
Elas são normais de ocorrer nesse jogo.
Estão aí para demonstrar que é possível enfrentá-los, Cuba, que até
hoje, soberanamente, não se dobrou e Rússia, que a despeito das pressões feitas
pelo Império, asilou e não despachou nosso herói de volta à terra natal.
É preciso acabar com a hipocrisia reinante no mundo e enfrentar os problemas que colocam em risco a sobrevivência da humanidade - mudanças climáticas, desigualdade social, pobreza, comércio justo, fome etc -. O tempo não para e a contagem regressiva já começou, acreditemos ou não. Agências de espionagem como a NSA, têm que
ter limites de atuação claros e definidos estabelecidos por legislação
internacional. Ou acabar.
Snowden
é um pen drive repleto de informações que podem assombrar o mundo e ao mesmo
tempo iniciar a mudá-lo. Com um pouco de
coragem e responsabilidade, podemos ser protagonistas dessa mudança, desse novo
tempo, da mesma forma que corajosamente Edward Snowden, Glenn Greenwald e David
Miranda, estão contribuindo.
Como
potência emergente do Planeta, temos desempenhado importante papel nesse início
de século XXI. Abrigá-lo, aqui, pode
representar muito mais do que uma simples vitória no pleito presidencial. Mas sim, sinalizar ao mundo que somos livres para
escolher nossos caminhos e que estamos prontos a dividir com as grandes nações
o trabalho de tornar nosso Planeta mais justo, igual e sustentável.
Toda vez que o Planeta passou por grandes transformações, elas foram implementadas por estadistas que são lembrados até hoje. Snowden está escolhendo o Brasil por imaginar que sejamos capazes de estar à frente desse processo. Ou talvez que tenhamos governantes com esse perfil. O tempo dirá se ele tinha razão.
Toda vez que o Planeta passou por grandes transformações, elas foram implementadas por estadistas que são lembrados até hoje. Snowden está escolhendo o Brasil por imaginar que sejamos capazes de estar à frente desse processo. Ou talvez que tenhamos governantes com esse perfil. O tempo dirá se ele tinha razão.
Abraços
sustentáveis
Odilon
de Barros