quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O homem é responsável pelos eventos extremos


Três dias antes da divulgação da primeira parte do 5º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) no qual fica cientificamente comprovado que o aquecimento climático é de responsabilidade humana, a Presidenta Dilma Rousseff disse na 68ª Assembleia-Geral das Nações Unidas que a Agenda de Desenvolvimento pós-2015 deveria ter como eixo os resultados da RIO+20. No seu discurso ela afirmou que “o grande passo que demos no Rio foi colocar a pobreza no centro da agenda do desenvolvimento sustentável. A pobreza não é um problema exclusivo dos países em desenvolvimento e a proteção ambiental não é uma meta apenas para quando a pobreza estiver superada. O sentido da Agenda pós-2015 é a construção de um mundo no qual seja possível crescer, incluir, conservar e proteger”. O Relatório do IPCC diz que “é clara a influência humana sobre o sistema climático. Esta fica evidente nas concentrações crescentes de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera (já ultrapassamos as 400 partes por milhão), no aquecimento observado e na maior compreensão do sistema climático”. Na mesma Assembleia da ONU, José Mujica, Presidente do Uruguai, disse num discurso que virou viral na Internet, ao menos no Brasil, que: “Carrego uma gigantesca dívida social e a necessidade de defender a Amazônia, os mares, os nossos grandes rios da América. Como se financia a luta global pela água e contra os desertos? Como se recicla e se pressiona contra o aquecimento global? Volto a repetir que o que alguns chamam de crise ecológica do Planeta é consequência do triunfo avassalante da ambição humana; o nosso triunfo é também a nossa derrota, porque temos a impotência política de nos enquadrar numa nova época”. As concentrações de GEE na atmosfera já aumentaram a níveis sem precedentes dentro de um intervalo de pelo menos 800 mil anos. A queima de combustíveis fósseis é a principal razão do aumento de 40% na concentração de CO2 observado desde a Revolução Industrial. Segundo Silvia Dias, especialista em mudanças climáticas da ONG Vitae Civilis “não há espaço para a dúvida política, a hora dos governos cumprirem seu papel é agora”. O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon disse: “O Informe do IPCC revela claramente que o impacto humano no clima agora é evidente na maioria das regiões do Planeta e é altamente provável que a influencia do homem tivesse sido a causa dominante do aquecimento global registrado desde meados do Século 20”. O cientista Mario Molina, Prêmio Nobel de Química 1995, principal especialista na Camada de Ozônio e nos CFCs e membro do IPCC, explicou que: “o Informe emitido pelo Grupo de Trabalho I do IPCC fala sobre a ciência física da mudança climática e será complementado posteriormente por três informes cuidadosamente elaborados que serão difundidos durante os próximos 18 meses. O AR-5 é um compêndio conservador e detalhado de estudos revisados entre centenas de cientistas de todo o mundo, e deve ser reconhecido porque provêm de um prestigioso grupo cujas descobertas durante os últimos 20 anos contribuíram nas políticas públicas e em nortear os tomadores de decisões sobre a mudança climática nos mais altos níveis internacionais”. O recente incêndio da floresta do Parque Nacional de Yosemite, na Califórnia, é uma amostra das radicais mudanças do clima, assim como o são o ciclone que atingiu Santa Catarina neste mês e as anormais chuvas na região Sudeste do Brasil.  por Lúcia Chayb e René Capriles, da Eco21