A reunião de cúpula dos BRICS
(Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul),
que aconteceu em Fortaleza e Brasília nesse pós-Copa, é um dos eventos
políticos mais importantes ocorridos no mundo, em 2014. E tem tudo para entrar para a história das
relações multilaterais entre os países, com a criação do Banco dos BRICS, que terá um capital inicial de US$50 bilhões,
podendo chegar a US$100 bilhões, e do Arranjo Contingente de Reservas (ACR),
que terá mais US$100 bilhões e a função de ajudar membros do bloco com
problemas em seus balanços de pagamentos.
A instituição que nasce já é maior que o BNDES e o Banco Mundial e é uma
resposta desses países à insensatez,
tanto do Fundo Monetário Internacional (FMI) quanto do próprio Banco Mundial,
entidades compostas majoritariamente por membros dos países ricos, EUA e
Europa, surdos até então aos apelos por maior participação dos países
emergentes nas estruturas de comando dessas instituições pelos países em
desenvolvimento.
O argumento é forte, “representamos 2,5 bilhões de pessoas, ou 35% da
população do Planeta, temos 21% do PIB global e nossa representação nas
entidades citadas não passa de 11%”. É o
fim das reivindicações, passamos à ação, afirmou a presidenta Dilma.
Na verdade, os BRICS não
representam uma região geográfica específica, são um clube com interesses parecidos
que se organizaram para desenvolver ações conjuntas voltadas para alavancar o
comércio internacional entre eles.
Segundo, ainda, o governo brasileiro, o Brasil abriu mão da presidência
e do local para abrigar a sede da instituição para que o projeto pudesse
avançar.
Sem dúvida, é uma parceria que em breve vai começar a colher seus frutos
e trazer mais equilíbrio econômico e oportunidades ao grupo de países que compõem
o bloco e aqueles com quem se relacionam.
É o tabuleiro do poder mundial se
movimentando, pois ao mesmo tempo que o comércio entre eles aumenta, a
aproximação da China com o Mercosul, através do Brasil, abre outras
possibilidades de negócios com o bloco sul americano. E vice-versa.
É a China se movimentando em uma área até então restrita e dominada por
americanos se preparando para assumir a supremacia econômica mundial em poucos
anos.
A oportunidade é ímpar e o passo é ousado na melhoria da governança
econômica global. Outros virão, afirmou
Putin, da Rússia.
No entanto, se pretendem fazer diferente do que seus pares retrógrados FMI/BID/Banco
Mundial, poderiam começar por financiar projetos internos que inibissem a poluição,
o desmatamento da Amazônia, o trabalho infantil e análogo à escravidão, para, a
partir de então, oferecerem crédito a países em desenvolvimento, obras de infraestrutura
e projetos que visem alavancar a mudança de matrizes energéticas tão necessária
à sobrevivência do Planeta e do ser humano nos próximos anos.
O mundo urge por mudanças que nos prepare para conviver em um novo
cenário planetário que contemple a possibilidade de escassez de água e comida. E outras adversidades. É preciso, agora, inverter a ordem institucional reinante e contrariar interesses, ousar, fazer diferente.
A criação do Banco dos BRICS é uma excelente
oportunidade que esses países têm em mostrar ao mundo que se pode e se deve
fazer mais pelo próximo. Porém, há que
se romper com modelos que só visam explorar aqueles que mais necessitam de
ajuda. E replicar as experiências. Uma mudança de mentalidade em prol de um
mundo mais humano, igual, fraterno, com qualidade de vida e sustentável.
Abraços sustentáveis
Odilon de Barros