Deveríamos aproveitar o advento da Copa do Mundo que se
inicia para tornar o famoso e violento esporte bretão, modelo de
sustentabilidade mundo afora.
O uso do verbo na primeira pessoa do plural é proposital pois
nesse espectro deverão estar incluídos “todos” os stakeholders responsáveis
pelo espetáculo, com destaque para FIFA, mídia, confederações internacionais,
federações nacionais, governos, clubes, jogadores, patrocinadores, público (e
torcidas organizadas), agentes e fabricantes de material esportivo.
Não é de hoje que o futebol vem mudando e o que antes era um
esporte eminentemente conservador, se tornou um “business” e uma fábrica de
fazer dinheiro (e milionários). Trouxe
consigo, porém, resquícios de uma época não tão distante de preconceitos – racistas
e de gênero, preferencialmente -, e vícios do mundo atual, entre eles o câncer
da corrupção, mal que devasta boa parte dos países e nada sustentável.
Assim como em todos os setores da economia, a governança
global no mundo da bola tem o dever de se engajar na temática da
sustentabilidade, tornando o negócio futebol socialmente responsável e ambientalmente
correto. O que, infelizmente não ocorre,
hoje.
Agora temos uma oportunidade ímpar de irradiar tais práticas em
todo o mundo, com a realização do mundial no Brasil. Sabemos do alcance da
Copa, que é vista por 3 bilhões de pessoas e acompanhada por outras
tantas. Com o avanço da tecnologia da
informação e seus aplicativos, o recado que dermos aqui servirá de referência mundo
afora e vice-versa depois, incentivando e replicando boas ações por todo o
mundo, inclusive em outras áreas.
Por tudo isso temos a chance de mais uma vez nos
transformarmos nos grandes protagonistas
de uma nova era nos gramados e fora deles.
Pelé, um dia, mesmo sem existir ainda a definição de
Responsabilidade Social, pediu, logo após fazer o histórico milésimo gol de sua
carreira, “que não abandonássemos nossas crianças, que déssemos educação a elas”.
É hora, portanto, de os fabricantes criarem materiais
ambientalmente corretos, sem utilização de mão-de-obra análoga à escravidão; de
os agentes-FIFA em suas transações não usarem paraísos fiscais para fugir dos
impostos; de os torcedores comparecerem aos estádios apenas para torcer, sem
preconceitos; de os patrocinadores exigirem de clubes e entidades responsáveis
pela organização do futebol, contrapartidas sociais fiscalizando com
responsabilidade a aplicação dos recursos acordados; de os jogadores entenderem
que têm um papel fundamental dentro das quatro linhas e fora delas, e que servem
de modelo para os mais jovens; de os clubes, assim como qualquer empresa, se
profissionalizarem e praticarem a Responsabilidade Social em suas ações
diárias, implantando, por exemplo, escolinhas de futebol e projetos em comunidades
carentes, pagando seus atletas em dia e recolhendo os impostos devidos; de os
governos incentivarem as entidades organizadoras a se tornarem mais democráticas, pois a falta de renovação é, também, prejudicial ao esporte; de as
confederações internacionais e federações nacionais/regionais se oxigenarem e
se renovarem, fiscalizando os clubes adequadamente para que o esporte se
desenvolva e cresça enquanto potência que é e; de a mídia, sempre de forma
responsável e imparcial, cumprir seu papel institucional, denunciando,
elogiando, debatendo, fomentando e incentivando o esporte mais popular do
planeta a se tornar motor de um mundo melhor, mais igual e justo.
E por último, que a FIFA se renove periódica e
democraticamente como órgão catalisador das ações em prol do engrandecimento
do futebol, apurando, sempre, os supostos casos de corrupção denunciados pela
mídia, adotando ações que aproximem e façam diminuir as distâncias e desigualdades
entre as entidades afiliadas em seus vários continentes.
Pode parecer utopia, e é.
Afinal, sonhar não custa nada. É
hora de imaginarmos que o impossível é possível. É Gol do Brasil !!!
Abraços Sustentáveis
Odilon de Barros