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quinta-feira, 19 de maio de 2016

Em tese, dependerá de nós

Aristóteles afirmava que o homem é um animal político.  Por outro lado, o termo político vem de “polis” que significa cidade, lugar onde cidadãos convivem e expressam suas ideias e interesses.  Assim, primitivamente, a política fazia referência a temas de interesse das pessoas. 

Em qualquer lugarejo, povoado, cidade ou país existem assuntos que afetam a cidadania em seu conjunto.  Discutir, opinar, resolver, aceitar, escolher, são etapas da resolução de problemas quando estamos em um estado democrático.   

Somos trouxas, faz tempo.  Exercemos a política em família, inconscientemente, todos os dias, mas não somos capazes de praticá-la plenamente para influir nos destinos de nosso país.  Quando negociamos com filhos o que achamos melhor para seu futuro, ponderamos um ou outro caminho a seguir, aceitamos ou negamos, ouvimos outros membros da casa, estamos fazendo política. E não fazemos isso em nosso condomínio, cidade, trabalho, por quê?

Em tese, temos a política como algo que fazemos por obrigação, não como dever de participação. E por esse raciocínio, quando votamos, na maioria das vezes, não prestamos atenção naqueles que estamos elegendo.  Como o ser humano é danado de esperto, quando não há fiscalização, o que acontece é que aquele mandato que estamos conferindo, é desvirtuado de suas reais obrigações.

Em tese, quando elegemos alguém para prefeito de nossa cidade, deveríamos nos preocupar, acompanhar e cobrar, se as propostas a serem executadas por aquela pessoa e seu grupo político contemplam as necessidades que entendemos essenciais e prioritárias para a população.  Por outro lado, se não somos respeitados e não reclamamos, a cada eleição somos, mais e mais, desrespeitados.

Em tese, quando nos omitimos, limites vão sendo testados de acordo com nossa maior ou menor participação. Seja em casa, condomínio, cidade e país.


Não à toa, constatamos o sofrível e generalizado nível em Câmaras, Assembleias e Congresso Nacional.  “Nossos” representantes legislam, em sua grande maioria, em causa própria ou para fugir de possíveis condenações, escondendo-se atrás do patético e imoral foro privilegiado.  Culpa nossa, também.

Em tese, é absurdo pensar que os projetos prioritários definidos pela atual gestão do Estado do Rio, não atendam aos reais anseios e necessidades de sua população, mas sim à pauta de ávidas empreiteiras.  A ocupação das escolas e da UERJ mostra a penúria do ensino público estadual. O resultado de tal legado, escolhido sem participação popular, já estamos colhendo: é a anunciada falência do Estado.  

Em tese, é inimaginável que deputados votem e aprovem reformas, como a da previdência e a trabalhista, sem um honesto e transparente dissecar dos problemas e seus reais motivos.

Em tese, talvez isso tudo pudesse ter sido evitado se a militância tivesse cobrado, desde os primeiros sinais de transgressão e do advento do “Mensalão”, uma depuração interna no partido, exigindo a expulsão dos filiados condenados conforme reza seu estatuto.  Erramos, também.

Em tese, mesmo com todos os erros cometidos – e não foram poucos - pelo partido que esteve à frente do governo havia treze anos, é inadmissível que a sociedade brasileira aceite passivamente que um processo para retirada de um presidente da República, legitimamente eleito com mais de 54 milhões de votos, tenha sido comandado por um presidente da Câmara réu e avaliado por uma comissão julgadora composta em grande parte por réus.

Em tese, a crise atual é a cereja de um bolo maquiavelicamente preparado - e envenenado – por nós mesmos, para nós mesmos, ao longo das últimas décadas.

Em tese, reverter tal cenário, dependerá de nós, de nossos futuros votos, de nossa força de mobilização, e de querermos, de verdade, escrever um futuro diferente daquele que nos querem impor.

Abraços Sustentáveis

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Resíduos sólidos: a mídia precisa explicar; o cidadão, entender e o poder público, atuar


21-10 (70)Por Mônica Paula, especial para Envolverde – 
A crítica é costumaz, mas persiste a percepção unânime de que a mídia ainda não cobre de maneira adequada o tema resíduos sólidos. Para justamente puxar este debate, a roda de diálogo “Resíduos Sólidos – Os desafios do século 21” entrou na programação do VI Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental. Profissional com vários anos dedicados à cobertura de meio ambiente, Daniela Vianna, da EcoSapiens Comunicação, usou seu papel de moderadora para dar início à conversa.
“Há muitas perguntas que os jornalistas ainda não fazem”, disparou logo no início André Vilhena, diretor do CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem). Do seu ponto de vista, ainda não há plena compreensão do cidadão comum de todo o processo pós uso e descarte de insumos e produtos. Se as reportagens não informam, fica difícil para os leitores entenderem claramente porque se fala mais sobre reciclagem em um país em que a maior parte do lixo é orgânico – restos de alimentos, bebidas, plantas e animais mortos. Citando dados oficiais, Vilhena disse que cada brasileiro gera, em média, 1 kg de resíduo domiciliar por dia. Também na mesa, Fernando Von Zuben, diretor de Meio Ambiente da TetraPak, uma das maiores fabricantes de embalagens longa vida, emendou dizendo que os repórteres não perguntam a fundo sobre o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos urbanos.
21-10 (73)Com apurada formação técnica, Monica Pilz Borba, titular do Departamento de Educação Ambiental e Cultura da Paz (UMAPAZ) da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do Município de São Paulo, destaca em sua fala soluções para dar conta do lixo orgânico, poluente ao extremo por contaminar água e solo se não for tratado corretamente. Um dos caminhos é a gestão compartilhada, instrumento previsto na Lei Nacional de Resíduos Sólidos, em vigor há cinco anos. Nesta modalidade, União, estados e municípios dividem responsabilidades e custos pelo gerenciamento correto do material orgânico descartado, com vistas a substituir por aterros oficiais vários lixões a céu aberto e locais de despejo clandestinos. Os locais mais adiantados nesta ação são as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, mas ainda com muito por fazer. “Temos de amadurecer mais esta questão da gestão compartilhada”, defendeu Monica Borba, recebendo total apoio da plateia por meio de vigorosos aplausos.
21-10 (71)André Vilhena sugere sincronizar a agenda da sustentabilidade com a agenda política para que os prefeitos, a mais curto prazo, no tempo dos seus quatro anos de mandato, consigam viabilizar mais projetos que ajudem a reduzir sensivelmente a quantidade de detritos descartados de qualquer jeito e sem aproveitamento. Monica Borba toca na questão da logística reversa, em que a indústria tem ainda uma atuação insuficiente e por isso se tem muito desperdício de embalagens. “Ainda se trata de forma separada o que é produzido e o que é descartado. Não pode”, aponta a educadora ambiental.
Mesmo com os problemas, a reciclagem avançou bastante. Neste quesito, Fernando Von Zuben puxa a perspectiva dos últimos 20 anos para analisar o crescimento em volume e se declarar um otimista de que isso continue. Apenas na TetraPak, revela, são renovadas para mais utilizações cerca de 4 mil toneladas de embalagens por dia. “A realidade está aí. Só não vê quem não quer”. Von Zuben lembra ainda sobre a quantidade de empregos “verdes” que podem ser criados na indústria da reciclagem ao se ganhar escala no processamento dos resíduos secos, que podem dar origem a novos produtos. No entanto, afirma que persiste a pouca qualificação dos profissionais da área ambiental. “As empresas querem alguém com formação – graduação, MBA – que resolva os problemas”.
21-10 (75)Por sua vez, a compostagem – tratamento do lixo orgânico – ainda é feita de maneira incipiente. Mônica Borba defende ampliar a informação à população sobre diferentes tipos e formas de se fazer isso. Em futuro próximo, espera-se que o Ministério do Meio Ambiente implante o Sistema Nacional de Informações sobre Resíduos (SNIR), cadastro unificado que irá ajudar sobremaneira na melhora do foco das políticas públicas. No final do debate, Dal Marcondes, diretor do Instituto Envolverde, fez breve participação e explicou, de forma sucinta, que o problema da mídia sobre estas questões é a “falta de consolidação das informações, que aparecem de forma fragmentada”. (#Envolverde/Utopia Sustentável)

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Vidraçaria Brasil: aqui, o desrespeito à cidadania é cotidiano



Faz pouco mais de 30 anos, os americanos James Q. Wilson e George Kelling, publicaram estudo em que estabeleciam, pela primeira vez, uma relação causal entre desordem e criminalidade.  Os autores queriam provar a teoria das janelas quebradas (The Broken Windows Theory). 

Sendo assim, estacionaram dois carros idênticos e os abandonaram, um no Bronx, bairro pobre de Nova York, e outro em Palo Alto, local de abastados na Califórnia.  Enquanto em poucas horas o primeiro carro era completamente destruído, o segundo se mantinha intacto.  A partir do momento que o primeiro vidro foi quebrado em Palo Alto, sem que ninguém reclamasse, o mesmo aconteceu. 

A ideia, segundo os autores, era demonstrar que pequenos delitos que não são combatidos imediatamente tendem, caso comunidades e Poder Público não entrem em ação, tornarem-se eternos e de difícil solução futura, o que, no médio e longo prazo, deteriora a qualidade de vida.


Mesmo acreditando que nosso problema é complexo, tal comportamento, transportado para a realidade brasileira, leva-nos a crer que há décadas procedemos, nos mais variados temas nacionais, dessa maneira.  Nossa sociedade é permissiva, pouco politizada e com baixa escolaridade, nunca exercitou o saudável hábito de cobrar do Estado aquilo que é, de fato e de direito, sua obrigação fornecer.  

Ao aceitar tratamentos diferenciados/privilegiados para determinadas regiões/estados/municípios/bairros, sem se rebelar ou exigir equidade na distribuição de recursos, de seus representantes, abrimos flancos para a perda de direitos mundialmente reconhecidos e aplicados. Pergunte para um cidadão francês, alemão, dinamarquês ou inglês, se aceita entrar num hospital (que é público) e ficar em uma maca no corredor esperando 6 horas por um atendimento que pode nem ocorrer?

Por serem homeopáticas as doses do desrespeito, achamos normal levar nossos filhos à escola e não ter professores; e que a merenda seja de péssima qualidade; não nos importamos andar em ruas e estradas esburacadas com nossos carros;  não ligamos pagar impostos e ter uma assistência à saúde de péssima qualidade; sequer questionamos sistemas diferenciados de aposentadoria, um público e outro privado; com naturalidade, acreditamos que nossas cidades não tenham água e esgoto tratado.

Aqui, diferente de lá, vivemos um verdadeiro vale-tudo, quebrando nossas vidraças continuamente.  

Sem nos importarmos com a fragilidade de nossa tenra e novata democracia, seguimos vandalizando a ética e a moral do povo, acreditando sempre que Deus (se existe) é brasileiro e nos salvará.

Bem que as ruas podiam ajudar novamente!

Abraços Sustentáveis

Odilon de Barros



quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Uma catarse pelo voto nulo



Não estou confortável para continuar votando no projeto político que aí está, tampouco me sinto representado por qualquer outro.  Após quase três décadas da campanha das diretas quando, além do combate à inflação, votar era o principal anseio de nossa sociedade, acredito ser a hora propícia para um balanço dos grandes números, prós e contras, expectativas, realizações e principais frustrações - exceção à rápida e catastrófica era Collor -, do período compreendido pelos dois governos FHC/PSDB e os três de Lula/Dilma/PT. 

Tal balanço se impõe pois estaremos elegendo o sétimo presidente do período pós redemocratização e teremos diante de nós a possibilidade de chancelar dezesseis anos de poder para um mesmo grupo à frente dos destinos do país; do retorno de algo que já experimentamos; de acreditar no discurso de uma nova política ou, meu caso, não estar satisfeito com nada disso e caminhar para o inédito e incômodo voto nulo, escolha prevista na legislação eleitoral quando estamos em desacordo com o que se apresenta.  Vou tentar explicar. 

Sempre acreditei que a política é uma continuação do que fazemos cotidianamente em nossas vidas e que devemos ser éticos e coerentes nos atos e atitudes que pregamos enquanto cidadãos.  Ou seja, se não temos esses atributos no trato pessoal com família e amigos, não os teremos na vida profissional nem na prática política.  E vice-versa.  Outra crença que se mostra inalcançável no momento é a de que somente avançaríamos em nossa democracia representativa com partidos fortes e educação à exaustão.  Sem hipocrisia, sem faz de conta.

Por isso, para ficar em paz com a consciência, comparar, para optar consciente, é preciso.  Com imparcialidade e cuidado para não cambar para nenhum dos lados, é inegável reconhecer que os doze anos de governo Lula/Dilma, foram melhores que os oito anos de governo FHC. Afinal, números são frios e não mentem, vejamos: o terceiro mandato consecutivo do atual governo está fechando seu ciclo com mais de 20 milhões de postos de trabalho com carteira assinada criados; FHC criou 5 milhões de empregos em 8 anos e deixou o governo com o salário mínimo valendo o equivalente a US$ 76,00; Lula/Dilma, elevaram-no para cerca de US$330,00; a taxa Selic do período FHC alcançou incríveis 47%, agora está em 11%; FHC deixou o governo com 12,1% de desemprego; atualmente a taxa encontra-se em 5,4%; FHC deixou o governo com o dólar valendo R$3,53; hoje vale algo em torno a R$2,23. 

  


A complementar os números de um e de outro, importante relembrar alguns escândalos do período.  Se no governo PSDB tivemos a compra de deputados para aprovação do projeto de reeleição de FHC e o mensalão do parceiro de coligação DEM (ainda não julgado), no PT assistimos o mensalão da compra de deputados para votação de matérias do interesse do governo petista, o projeto da refinaria  Abreu e Lima, em Pernambuco e a compra da refinaria de Pasadena.  Agora, os casos da Alston/Siemens em São Paulo, ambos envolvendo grandes caciques tucanos.  Todos os casos dignos de estrondosos pedidos de criação de CPI’s que apenas serviram para desmoralizar ainda mais o Congresso Nacional.

Mais, nesses vinte anos de alternância de poder entre as trupes de PT e PSDB, nenhuma grande reforma de base, tão necessária para avançarmos de verdade, ocorreu. Nossa educação precisa ser encarada como prioridade nacional e reformada urgentemente.  Além disso, gastamos mal e pouco, cerca de 3,70% do orçamento do governo.  A qualidade do ensino fundamental, responsabilidade das Prefeituras e alicerce para um futuro melhor, é sofrível na maioria dos municípios e precisa ser revista.  No Congresso, propostas visando sua federalização aguardam a entrada de um novo governo, um bom momento para a discussão com a sociedade.  E dinheiro não será problema, pois o Congresso acaba de aprovar o Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê 75% dos recursos do pré-sal para a educação.  Os 25% restantes irão para a saúde, outra área crucial e retrato do desrespeito à vida e da falta de políticas públicas, má gestão e corrupção endêmica.  Um caos que passa, ainda, pela formação deficiente de profissionais e falta de fiscalização às entidades de ensino superior.  Temos 1,8 médico por mil habitantes enquanto a média mundial é de 3,2 por mil e investimos 4,29% do orçamento do governo na área.  A Pastoral da Criança, de Zilda Arns, é bom exemplo de trabalho sério pela saúde, tendo reduzido drasticamente (com sua multimistura) a mortalidade infantil e salvado da desnutrição mais de 2 milhões de crianças.  Custo unitário per capita: cerca de R$2,00.  Urge estancar as mortes ocasionadas pelo descaso público diário.  O Brasil precisa de uma política nacional de saúde pública que funcione e a universalização da experiência de projetos como o médicos de família já deu mostras que poderia ser ampliada Brasil afora.


                        



No meio ambiente, a Amazônia, mesmo com redução nas queimadas, continua ardendo.  Crimes contra ela, em qualquer governo minimamente preocupado com o Planeta, deveriam ser nominados como de segurança nacional e punidos exemplarmente, apoio popular não faltaria.  Na infraestrutura, os investimentos estão muito aquém de nossas necessidades.  Nossos portos são antiquados e não conseguem escoar a produção vinda do campo e isso atrasa o desenvolvimento nos tornando pouco competitivos. Precisamos enfrentar, com coragem, uma justa reforma tributária que contemple o fim do sistema regressivo de cobrança de impostos, que tem no consumo e não na renda dos cidadãos seu principal foco, o que é injusto.  E criarmos o imposto sobre grandes fortunas.

E, mais importante, reformar o sistema político, incluindo aí uma profunda reforma eleitoral, que proteja a sociedade da promiscuidade das doações privadas de grandes empresas, bancos e empreiteiras, principal canal de irrigação da corrupção no país. Uma reforma que não se limite apenas às regras eleitorais e o funcionamento dos partidos, mas uma reforma que, com participação popular, venha a atingir a estrutura do poder e a forma de exercê-lo.  E que englobe também a democratização do Poder Judiciário, hoje o menos controlado de todos.

Com valores em mutação após a chegada ao poder, começamos a observar que a ética petista tinha como limites para tocar seu projeto de poder, a governabilidade.  E se antes presenciamos a expulsão da ex-prefeita de São Paulo, Luíza Erundina, das fileiras do partido por apenas aceitar um cargo no ministério Itamar Franco, agora, a condescendência passava a ser palavra de ordem.  E veio o Mensalão.  Por maior que tenha sido a pressão da mídia por uma punição exemplar, não reconhecer o erro de seus caciques e cortar na carne, expulsando-os, conforme previsto em seu estatuto, foi o pior que poderia ter acontecido ao partido.  Desmoralização total.  Mais, o argumento de caixa dois (que também é crime) e perseguição política é chamar a todos de bobos. 

“- Art. 231. : Dar-se-á a expulsão nos casos em que ocorrer:
XII – condenação por crime infamante ou por práticas administrativas ilícitas, com sentença transitada em julgado.
Parágrafo único: A pena de expulsão implica o imediato cancelamento da filiação partidária, com efeitos na Justiça Eleitoral.”

Com a ética às favas, passamos à fase do “somos todos iguais nessa noite”.  E o partido perdeu Cristóvão Buarque, Plínio de Arruda Sampaio, Luciana Genro, Heloísa Helena, Erundina, Milton Temer, César Benjamin, Eliomar Coelho, Chico Alencar, Marina Silva, Oded Grajew, Frei Beto e tantos outros colaboradores.  Livres das amarras morais, não demoramos a ver Collor, Sarney, Renan, Jader Barbalho e, pasmem, Maluf, alinharem-se em coligações antes inimagináveis. Tudo em nome da governabilidade.

Envergonhada, a militância, outrora aguerrida, hoje se esconde. Esse, o pior legado que o PT poderia deixar ao país: o desgosto, a desmobilização e o afastamento dos jovens da cena política.  Imperdoável.  As mobilizações de junho passado comprovaram isso, com vaias e até conflitos por manter as manifestações sem a presença de partidos.  Um retrocesso !!!





Com a recusa pelo TSE do registro da Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, que visava concorrer à presidência, tudo parecia caminhar para mais uma eleição tranquila, afinal, nos últimos 20 anos o que contou na polarização PT/PSDB, foi a comparação de feitos e malfeitos entre esses governos, com o PT levando sempre folgada vantagem.  Quis o imponderável se fazer presente tirando do jogo eleitoral, antecipadamente, o candidato do PSB, Eduardo Campos.  E mesmo com todas as diferenças programáticas entre sua vice, Marina, e o PSB (e para evitar um naufrágio nas urnas), o que passamos a ver foi uma das maiores reviravoltas políticas já ocorridas no país.  Mesmo ainda cedo para afirmar, hoje, Marina já desponta como favorita absoluta ao Planalto, tendo deixado para trás os dois principais concorrentes.  Caso a polarização se dê entre Marina e Dilma (e o candidato do PSDB venha a se desgarrar muito das duas principais oponentes), existe a hipótese de desistência de Aécio já visando que seu grupo passe a ter maior influência num futuro governo Marina.  Por outro lado, isso forçaria a coligação PT/PMDB caminhar mais para esquerda o que, em tese, além de reconquistar preciosos votos, recolocaria o partido no páreo tornando a disputa uma verdadeira incógnita até o final.  A conferir.

Se antes os desiludidos com o PT, por não verem candidatos à altura, vagavam pelos votos nulos e brancos, com a entrada de Marina Silva, uma nova eleição se pôs à mesa, e a antiga senadora e ministra do Meio Ambiente pelo PT surfa, agora, sua grande onda.  Com seu messianismo e visando uma possível governabilidade, essa nova “salvadora da pátria” começa a detalhar seu programa de governo: independência do Banco Central e diminuição do ritmo de exploração do pré-sal, são algumas das propostas que já causam preocupação naqueles que pensam em mudar seus votos para a “nova política”.

Difícil acreditar em ousadia de qualquer candidato quando observamos em nosso sistema político as coligações partidárias que se interpõem Brasil afora.   A nova queridinha do Brasil já é adorada pelo mercado financeiro, por boa parte da mídia, fez as pazes com o agronegócio e vai pavimentando sua estrada rumo ao Planalto.

             



Recente documento lançado este mês pela CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, intitulado “Seu Voto tem Consequências: Um Novo Mundo, Uma Nova Sociedade”, retrata de forma clara e inequívoca os desafios que qualquer governo realmente interessado em trabalhar para o conjunto de sua sociedade, deve ter.  E cita: em 2013, quase metade do orçamento público (40%), foi destinado para o pagamento de juros, amortização e rolagem da dívida, enquanto que menos de 5% foi para a saúde e menos de 4% para a educação.  Em algum momento será preciso romper com o “status quo” reinante, ousar, dizer não aos poderosos, enfrentar, de verdade, o câncer da corrupção, fazer outras opções.  Dizem que a utopia é o sonho do impossível que acontece amanhã.  Quero mirar em países como Finlândia, Noruega, Nova Zelândia e Dinamarca, que têm os índices de desenvolvimento humano mais altos do mundo.  E acreditar que podemos, um dia, chegar lá.

Quem observa as propagandas dos candidatos majoritários, vai entender que, seja qual for o eleito, todos se completam e estão interligados num emaranhado de interesses hipócrita impressionante.  Partidos, hoje, quase em sua totalidade, nada mais são que um balcão de negócios.  Siglas sem ideologia ou qualquer compromisso com o cidadão e à disposição de poderosos lobbies (do agronegócio, da indústria farmacêutica, da indústria automobilística, do tabaco etc) e seus interesses. 

Como há 40 anos, não mudei minha forma de pensar, continuo não aceitando o rouba mas faz, o toma- lá-da-cá e toda forma espúria de fazer política.  Mesmo com todos os riscos inerentes às eleições da já conhecida trupe de Aécio ou o voo cego de uma aventura com Marina, eleger, agora, Dilma e o PT e dar-lhes dezesseis anos, seria algo, também, muito sério.  Uma particular incoerência. 

Portanto, mudar ou não, pouco importa.  Tudo será apenas uma troca de fantasias a aguardar o velho carnaval de horrores que há décadas, sem constrangimento e reclamação do respeitável público, desfila a mesmice de uma festa feita por pobres para alegrar os ricos.

Por uma política verdadeiramente nova, voto nulo.  E você, vai fazer o quê ?

Abraços sustentáveis

Odilon de Barros



terça-feira, 22 de outubro de 2013

Por uma televisão brasileira socialmente responsável


Mesmo sendo uma concessão pública, a TV brasileira, nascida nos idos de 1950 para ser um veículo de massa, já chegou desvirtuada de seu objetivo principal e atendendo, à época, apenas aos mais abastados em função do alto custo dos televisores vindos dos EUA.  Continuou assim quando do surgimento da TV a cores e, mais recentemente, com o surgimento da TV digital.

Sua popularização veio mesmo através das novelas da Rede Globo.  Por isso fico a me perguntar que produto mágico é esse que há décadas não se repagina, não muda temas, não cai em desuso e que, apesar de antiquado é ao mesmo tempo moderno? Espécie de parque de diversão coletivo atraindo milhões de seguidores, novela após novela.   

Cresci vendo minha família hipnotizada à frente da TV Globo no horário das 20h e apenas para lembrar de algumas... Irmãos Coragem, Primeiro Amor, O Bem Amado, Selva de Pedra, Avenida Brasil e por aí vai.  Sem dúvida, uma cachaça a formar opiniões e mentes Brasil afora.  Um poder incrível no imaginário nacional. 

Porém, notável mesmo é como conseguem perpetuar a mesma receita vazia e sem cultura por tanto tempo: traição, vingança, brigas familiares, rico contra pobre e na grande maioria das vezes, belos finais felizes.  Pensariam ou sonhariam loucos como eu: mexer em time que está goleando e jogando sozinho (competentemente, diga-se de passagem), há mais de meio século, nem pensar, para quê?

Hoje, o brasileiro já assiste novelas às 14h, 18h, 19h, 21h, e ensaia, já pela segunda vez, “remakes” mais curtos de sucessos estrondosos do passado, às 23h.  Tudo introduzido lenta e homeopaticamente em nossas mentes. Mexer nessa estrutura vencedora só por uma boa, ótima, excepcional causa.  Sou capaz de afirmar que a Globo fidelizou de forma quase que vitalícia uma base fiel de telespectadores, sendo praticamente imbatível nesses horários.

Mas o Planeta Terra é ou não uma boa causa?

Pois é, essa semana, ainda por conta dos efeitos da Rio +20 e do relatório do IPCC, recentemente divulgado e de minha formação profissional - onde sempre fico imaginando soluções para um mundo melhor e mais justo -, sonhei acordado que  nossas emissoras, não vou ousar dizer “modificariam” sua receita de sucesso de décadas, mas “envidariam esforços em se adequar aos novos tempos e necessidades de nosso já combalido e sofrido Planeta Terra”.

Sou cônscio da capacidade e poder de persuasão de nossas redes televisivas, aliás, reconheço que, mesmo pontualmente, algumas, como a Globo, vêm desenvolvendo temas voltados à responsabilidade social e contribuindo para a discussão de várias de nossas diferenças e preconceitos.  Foi assim com Carolina Dickman quando interpretou uma jovem com a cabeça raspada por conta de um câncer; em outra abordou a questão da cegueira e o sempre atual combate ao preconceito de gênero.

Seja como for, convido nossas emissoras  para uma viagem maior, ainda mais ousada (e muito necessária), e com os olhos bem abertos imaginar uma nova linha de abordagem das novelas em que as velhas tramas românticas, repletas de vilões, traição, vingança, ricos versus pobres etc etc, passariam a dividir espaço - não desaparecer das telas -, com temas importantes pelos quais passamos cotidianamente enquanto habitantes  dessa louca e desrespeitada “terra brasilis”.

Recente pesquisa divulgada nos meios de comunicação mostrou que o meio ambiente é apenas a sexta preocupação do brasileiro, portanto, nada melhor que um veículo de massa e um produto que alcance praticamente 50% dos lares brasileiros, diariamente, para massificar uma ideia.  Mais, virar fator multiplicador, em todos os sentidos, inclusive os comerciais.  Essa, uma outra boa discussão a travar !

Citando apenas algumas ações imediatas e simples, poderíamos ter:

- Novelas literalmente sustentáveis – Rock In Rio teve seu carbono emitido medido e compensado e a Olimpíada de 2016 também será assim -, já existem empresas que fazem esse trabalho, sendo possível até sua troca por merchandising?);
- Utilização de energias alternativas nas residências e empresas componentes das novelas (solar e eólica, por exemplo);
- Utilização de bicicletas elétricas e combustíveis menos poluentes nos carros do elenco (óleo de mamona, diesel de cana de açúcar, motores elétricos);
- Campanhas para incentivos governamentais à fabricação de carros elétricos (impostos verdes);
- Plano visando alcançar, em futuro próximo, relacionamento apenas com empresas socialmente responsáveis;
- Mensagens criativas para que nossas cidades adotem coleta seletiva (as eleições estão aí);
- Campanhas por reciclagem de lixo;
- Utilização de “empresas fictícias” nas histórias que abordem o tema da ética corporativa e;
- Diálogos que eduquem e ensinem nossa população a economizar energia elétrica, uso racional da água e que não desperdicem alimentos.

Sem dúvida, tudo isso mesclado com antigos temas ao longo dos próximos anos fará uma revolução silenciosa de hábitos em nosso país.  Ouso afirmar: talvez até hoje a maior contribuição da emissora à população brasileira, uma mudança de costumes a ser seguida e copiada mundo afora.  Lição de cidadania e responsabilidade social na veia!

Um projeto de uma nova televisão a ser apresentado e explicado a seu público.  Emissoras preocupadas com o futuro do Planeta, de seus habitantes, e na vanguarda de todas as outras.

O mundo que se avizinha é “Blade Runner”.  Tenho plena convicção que nesse projeto de Responsabilidade Social implantado nas várias grades, nós, os telespectadores, somos seus maiores “stakeholders” e estamos prontos e ávidos por essa mudança de postura, de comportamento, que é necessária, atual, moderna e vital para o Planeta, que desde já agradece. 

Abraços sustentáveis

Odilon de Barros


sexta-feira, 12 de julho de 2013

Rapidinhas...Sustentáveis

Rapidinhas...Sustentáveis

Sustentabilidade - Indignar-se sempre quando as coisas  não são feitas de forma ética, é ter, enquanto cidadão, uma atitude sustentável.  Por Odilon de Barros

Procel - A Eletrobras está lançando o livro “Iluminação Eficiente:  Iniciativas da EletrobrasProcel e Parceiros” com o objetivo de agrupar e registrar o conhecimento  desenvolvido nos últimos anos na área da iluminação residencial, comercial e pública.
Para a elaboração de cada capítulo, foram convidados participantes dos projetos ou especialistas nos assuntos abordados, procurando assim maior confiabilidade nos relatos,
proporcionando um registro mais preciso dos trabalhos executados.  Informativo Procel   

Boas Novas - A Aids mata 1,8 milhão de pessoas por ano, e outras 34 milhões convivem com o vírus HIV. A ciência corre em busca de uma cura para a doença e, ao que parece, os resultados podem estar próximos.
Durante a conferência da Sociedade Internacional da Aids (IAS), uma das principais sobre o tema, encerrada na quarta-feira, 3, em Kuala Lumpur, Malásia, médicos norte-americanos expuseram os casos de dois pacientes contaminados pelo HIV que não apresentavam mais vestígios do vírus após um transplante de medula para tratar leucemia.
Além disso, um bebê do Mississipi (EUA) nascido soropositivo que recebeu medicamentos antirretrovirais nos primeiros dias de vida também não mostrava qualquer sinal do HIV, mesmo depois de 15 meses sem medicação.  Deutsche Welle*

Cidadania -  A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira (9) o Estatuto da Juventude, que trata de direitos e políticas públicas voltadas a jovens entre 15 e 29 anos. Em tramitação na Casa desde 2004, o texto agora segue para sanção presidencial.