A crítica é costumaz, mas persiste a percepção unânime de que a mídia ainda não cobre de maneira adequada o tema resíduos sólidos. Para justamente puxar este debate, a roda de diálogo “Resíduos Sólidos – Os desafios do século 21” entrou na programação do VI Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental. Profissional com vários anos dedicados à cobertura de meio ambiente, Daniela Vianna, da EcoSapiens Comunicação, usou seu papel de moderadora para dar início à conversa.
“Há muitas perguntas que os jornalistas ainda não fazem”, disparou logo no início André Vilhena, diretor do CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem). Do seu ponto de vista, ainda não há plena compreensão do cidadão comum de todo o processo pós uso e descarte de insumos e produtos. Se as reportagens não informam, fica difícil para os leitores entenderem claramente porque se fala mais sobre reciclagem em um país em que a maior parte do lixo é orgânico – restos de alimentos, bebidas, plantas e animais mortos. Citando dados oficiais, Vilhena disse que cada brasileiro gera, em média, 1 kg de resíduo domiciliar por dia. Também na mesa, Fernando Von Zuben, diretor de Meio Ambiente da TetraPak, uma das maiores fabricantes de embalagens longa vida, emendou dizendo que os repórteres não perguntam a fundo sobre o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos urbanos.


Mesmo com os problemas, a reciclagem avançou bastante. Neste quesito, Fernando Von Zuben puxa a perspectiva dos últimos 20 anos para analisar o crescimento em volume e se declarar um otimista de que isso continue. Apenas na TetraPak, revela, são renovadas para mais utilizações cerca de 4 mil toneladas de embalagens por dia. “A realidade está aí. Só não vê quem não quer”. Von Zuben lembra ainda sobre a quantidade de empregos “verdes” que podem ser criados na indústria da reciclagem ao se ganhar escala no processamento dos resíduos secos, que podem dar origem a novos produtos. No entanto, afirma que persiste a pouca qualificação dos profissionais da área ambiental. “As empresas querem alguém com formação – graduação, MBA – que resolva os problemas”.
