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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Muitas lacunas, poucas definições




foto1 Muitas lacunas, poucas definições
O presidente da 20a Conferência das Nações Unidas, Manuel Pulgar-Vidal, ao final das negociações apresenta o texto “Lima call for climate action”. Foto: ©Greenpeace
A 20a Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas chegou ao fim em Lima, no Peru, sem definições claras de como as emissões serão controladas.
Muitas dúvidas e perguntas, poucas definições. Foi assim que a COP20 – a 20a Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas – chegou ao fim em Lima, no Peru, na madrugada de sábado para domingo. O impasse entre países desenvolvidos e em desenvolvimento impediu que a Conferência fosse encerrada na sexta-feira no horário previsto e acabou suavizando no texto final critérios de avaliação e a data de entrega das metas nacionais que devem ser apresentadas no ano que vem.
Durante duas semanas, negociadores de mais de 190 países se reuniram para discutir como combater as mudanças climáticas e controlar as emissões de gases de efeito estufa. A reunião que ocorreu em Lima tinha o objetivo de estabelecer as bases para que os países apresentem seus compromissos e promessas. Lima era, portanto, um encontro preparatório e facilitador para o acordo que deve ser assinado no ano que vem e que entra em vigor a partir de 2020.
Não houve definição clara sobre as regras para o formato dessas metas nacionais, nem clareza sobre como os países desenvolvidos e os em desenvolvimento serão diferenciados. Temas como adaptação – apontada por Christiana Figueres, secretária executiva da COP, como tão importante quanto a redução das emissões de gases – e financiamento foram tratados de forma vaga no texto.
“Foram duas semanas de debates intermináveis sobre parágrafos, vírgulas e qual a melhor palavra para constar em determinado texto. Uma disputa para ver quem tem menos culpa e quem deve pagar mais. Enquanto isso mais de 1 milhão de pessoas foram evacuadas de suas casas nas Filipinas por conta de um tufão, mostrando a urgência de um acordo ambicioso”, disse Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
Apesar das muitas questões ainda em aberto, um elemento importante que fez parte de discussões concretas foi o de zerar as emissões de CO2 até 2050. É a primeira vez em que alternativas para que isso seja alcançado foram realmente discutidas e se os países finalmente concordarem com esse caminho, a transição de energias fósseis para uma matriz energética 100% renovável se tornará realidade.
“Essas reuniões só trarão resultados concretos quando os países tiverem feito suas lições de casa, não adianta acreditar que 190 países vão chegar a uma conclusão na Conferência se não tiverem se preparado para isso”, continuou Baitelo, “ o Brasil, por sua vez, precisa acabar com os investimentos em combustíveis fósseis, diversificar e descentralizar sua matriz energética e zerar o desmatamento. Temos que pressionar os negociadores para termos em Paris um acordo que responda a essas lacunas.”* Publicado originalmente no site Greenpeace Brasil.

Entre discursos contundentes e avanços deprimentes




COP202 Entre discursos contundentes e avanços deprimentes
Foto: Libby Ferguson/Twitter
“Se a evidência é tão clara, se o nível do mar está subindo, se os eventos climáticos extremos que estamos vivendo são evidentes para qualquer um – por que não estamos agindo agora?”
A fala do ex-presidente mexicano Felipe Calderón, feita durante cerimônia nesta quinta-feira (11/12) do Climate Action Day na Conferência de Lima, sumariza o assombro que muitas pessoas, veteranas e novatas nas negociações internacionais em clima, estão tendo com a lentidão do processo político na COP 20. Como um problema pode ser tão urgente e ameaçador e as nossas lideranças políticas serem tão incapazes de se reunir para construir um caminho de enfrentamento imediato e efetivo?
Ontem, quando a sociedade civil foi às ruas de Lima pedir por mais ambição e ação climática, os gritos da marcha anteciparam o que Calderón falou de forma polida: precisamos agir, e precisamos fazer isso agora! Não existe amanhã quando estamos tentando conter o aquecimento do planeta em 2oC neste século, porque o business as usual está nos levando para uma trajetória que baterá 5oC de aumento da temperatura média do planeta nas próximas décadas. A diferença de três graus centígrados não é pequena: é a diferença entre um clima relativamente contornável, com efeitos colaterais possíveis de serem suportados sem grandes mudanças, e um clima catastrófico, com impactos que sequer somos capazes de prever, mesmo com a tecnologia que temos hoje.
No entanto, a urgência é um ator curioso em Lima. Está presente em todos os discursos, de todos os setores, em todos os momentos públicos. Porém, quando chega a hora de discutir e negociar, a credencial da urgência é sumariamente cassada na COP 20: falta urgência e sobra lentidão. Por exemplo, há cinco anos estamos discutindo o compromisso assumido pelos países desenvolvidos em destinar recursos para o fundo climático verde (GCF, sigla em inglês) de forma escalonada, com o objetivo de atingir a média de US$ 100 bilhões a partir de 2020. O GCF começou a receber recursos apenas neste ano, e o montante é de apenas 10% da meta para o final dessa década. Por mais que os países em desenvolvimento, que dependem desse fundo para financiar suas atividades de mitigação e transição para o baixo carbono, defendam nos corredores e plenários da COP, não temos um roadmap que assegure a esses países que o compromisso dos US$ 100 bilhões anuais será atingido até 2020. Ou seja: a coisa está na base do “acredite, se quiser”.
Falta dinheiro e falta ambição. Mesmo com o consenso de que todos os países terão algum grau de compromisso de redução no futuro acordo climático, a diferenciação dessas metas é um asteróide no sapato dos negociadores. Para os países desenvolvidos, a divisão precisa ser justa a partir do cenário atual das emissões: ou seja, os grandes emissores, países ricos ou não, terão os compromissos mais abrangentes em mitigação. Para os países em desenvolvimento, particularmente o clube dos emergentes do BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China), o novo acordo precisa se alinhar ao conceito das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, consagrada no texto da Convenção. Em suma, as responsabilidades históricas precisam ser consideradas na hora de definir o tamanho dos compromissos de redução dos países.
À despeito da proposta brasileira da diferenciação concêntrica – na qual os países se distribuiriam em bandas de compromisso, com possibilidade de transição de uma zona para a outra dependendo do contexto e das capacidades correntes de cada país – ter sido recebida com interesse por alguns negociadores, ela não foi capaz de romper o impasse nas negociações. Ou seja, todos os países concordam que algo precisa ser feito, mas divergem profundamente sobre quem o fará e como o fará.
Enquanto os bombeiros discutem quem vai apagar o incêndio, as chamas ganham altura e vão se alastrando para outros lugares. Nessas horas, urgência não passa de vocábulo da letra “U” do dicionário.* Publicado originalmente no site Observatório do Clima.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Fundos para lidar com a mudança climática não fluem para todos


grenada Fundos para lidar com a mudança climática não fluem para todos
A mudança climática provocará a perda da indústria pesqueira em comunidades como esta em Granada, que dependem do mar para sua sobrevivência. Foto: Desmond Brown/IPS

Lima, Peru, 5/12/2014 – Há mais de dez anos, Mildred Crawford tem sido “uma voz no deserto”, defendendo as mulheres que trabalham na agricultura. Crawford, de 50 anos, foi criada na pequena localidade de Brown’s Hall, na Jamaica. Estava “transbordando de entusiasmo” com o convite da Organização Mundial de Agricultores (WFO) para integrar a delegação da sociedade civil na 20ª Conferência das Partes (COP 20) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CMNUCC), que acontece em Lima, onde sua voz seria ouvida em um cenário com muito mais repercussão.
Poucos dias após chegar à capital peruana, a alegria de Crawford se converteu em decepção. “Inclusive nos eventos paralelos, não acredito que os representantes dos governos vão ouvir a voz da sociedade civil”, afirmou à IPS. “Se não estão aqui para escutar o que temos a dizer, o impacto será muito pequeno. Já existe uma brecha entre a política e a aplicação que é muito grave porque falamos por falar, mas não praticamos com o exemplo”, acrescentou.
Crawford disse que as mulheres agricultoras não recebem a atenção nem o reconhecimento que merecem, devido ao seu papel na alimentação de suas famílias e da população em geral. “Nossas agricultoras armazenam sementes. Se ocorre um furacão e os recursos escasseiam, compartilham o que têm entre si para que a agricultura se renove”, explicou.
A WFO reúne 70 organizações de agricultores e cooperativas agrícolas de aproximadamente 50 países. Sua delegação em Lima é um ensaio para sua participação no ano que vem na COP 21, em Paris. Um de seus objetivos é divulgar o papel que tem a agricultura de pequena escala na adaptação e mitigação das alterações climáticas, e que as negociações da CMNUCC em 2015 assim o reconheçam. As negociações na capital francesa estão destinadas a acordar um tratado juridicamente vinculante que limite as emissões de gases-estufa.
Diann Black Layne representa os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (Peid) e também é embaixadora de Antiga e Barbuda para a mudança climática. A adaptação, as finanças, as perdas e os danos lideram a lista de temas que esse grupo de países quer abordar no médio prazo. “Muitos de nossos países em desenvolvimento gastam seu próprio dinheiro na adaptação”, apontou à IPS.
Os Peid já estão muito endividados com “dinheiro emprestado” de seus orçamentos nacionais, que são obrigados a utilizar para “financiar seus programas de adaptação e recuperação de fenômenos meteorológicos extremos. Assim, ter de pedir emprestado mais dinheiro para a mitigação é complicado”, ressaltou Layne.
A secretária-executiva da CMNUCC, a costarriquenha Christiana Figueres, concorda com que esse tipo de compromisso dos países em desenvolvimento deva ser reforçado com fundos internacionais destinados ao clima, em particular para os mais vulneráveis.
Segundo Figueres, “não há dúvidas de que é preciso aumentar os fundos para a adaptação. Está muito claro que essa é a urgência entre a maioria dos países em desenvolvimento, para cobrir realmente seus custos de adaptação. Muitos países estão colocando seu próprio dinheiro na adaptação porque não têm outra opção. Não podem esperar por um acordo em 2015 nem podem esperar que o financiamento climático internacional chegue a eles, por isso já estão fazendo com seu próprio bolso”.
“Nesta COP 20 nos centramos em temas financeiros de danos e prejuízos”, explicou Layne. “Em nossa região isso incluiria a perda da indústria pesqueira e da concha. E, mesmo se nos limitarmos a um aquecimento de dois graus, perderemos essas duas indústrias, por isso agora estamos negociando um mecanismo que nos ajude na adaptação dos países”, acrescentou.
mildred Fundos para lidar com a mudança climática não fluem para todos
Mildred Crawford, agricultora na Jamaica, participa em Lima de sua primeira cúpula internacional sobre o clima. Foto: Desmond Brown/IPS

Na região da Comunidade do Caribe, a população é extremamente dependente da pesca para seu desenvolvimento socioeconômico. Esse recurso também contribui para a segurança alimentar, redução da pobreza, o emprego, a renda em divisas e a estabilidade das comunidades rurais e costeiras, bem como a cultura, o lazer e o turismo.
O subsetor proporciona emprego direto a mais de 120 mil pescadores e trabalho indireto a milhares de outras pessoas, especialmente mulheres, no processamento, na comercialização, construção de barcos, confecção de redes e outros serviços de apoio. Em 2012, o valor da indústria da concha, somente em Belize, foi avaliado em US$ 10 milhões.
Um estudo, apresentado no dia 3 aos governos reunidos em Lima, diz que atualmente há centenas de milhares de milhões de dólares em financiamento climático em todo o planeta. O informe, que inclui um resumo e recomendações do Comitê Permanente de Finanças da CMNUCC e um informe técnico, é o primeiro de uma série, que reunirá dados sobre os fluxos financeiros de apoio à redução de emissões e à adaptação dentro dos países, mediante o apoio internacional. Essa avaliação calcula que o financiamento climático mundial esteve entre US$ 340 bilhões e US$ 650 bilhões anuais para o período 2011-2012.
“Parece que o financiamento climático está fluindo, não exclusivamente, mas com prioridade, para os mais vulneráveis”, afirmou Figueres. “Essa é uma parte muito, muito importante desse informe porque é exatamente como deve ser. Devem ser a população mais vulnerável, os países mais vulneráveis e as populações mais vulneráveis dentro dos países a receberem o financiamento climático com prioridade”, ressaltou. Envolverde/IPS/Utopia Sustentável

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

COP20: Brasil faz gol contra



brasil gol contra COP20: Brasil faz gol contra
Em 2013, ativistas do Greenpeace protestam em frente ao Ministério de Minas e Energia, em Brasí­lia, contra o retorno das térmicas a carvão aos leilões de energia. Foto: Cristiano Costa/Greenpeace

Dias antes de iniciar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas em Lima, o Brasil praticamente marcou um gol contra e sai em desvantagem nas negociações que acontecem de 1 a 12 de dezembro.
No que se refere à matriz energética, por exemplo, no dia 28 de novembro, foi realizado o último leilão de energia do ano que contratou 4.936 megawatts (MW) de energia elétrica para abastecer o mercado a partir de 2019. Mais de 65% do total de energia à venda no leilão era de solar, eólica e biomassa. No entanto, o resultado foi decepcionante, segundo avaliação do Greenpeace e tantas outras organizações que atuam em defesa do desenvolvimento justo e sustentável. “De toda a energia contratada, somente 19% virá de fonte eólica e 12%, de biomassa. As fontes que tiveram destaque foram os poluentes carvão e gás natural, frustrando as expectativas de um horizonte renovável e sustentável”, diz Greenpeace em nota.
“O triste paradoxo é que, ao participar da COP no Peru, o governo brasileiro pretende referendar seu papel de líder global para redução de emissões de gases de efeito estufa. Mas não faz sua própria lição de casa”, diz Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
Mais de dois terços de toda a energia contratada foi de usinas térmicas a gás natural e carvão (equivalente a 3.399 MW). Já a energia eólica, infelizmente, teve somente 926 MW contratados, de um total ofertado de 14.155 MW. A energia solar, por sua vez, não teve um megawatt sequer contratado, resultado pífio para a mais promissora das fontes energéticas. Parte desse resultado deve-se ao preço definido pelo governo ser pouco atraente para investidores.
Na avaliação de ambientalistas, a volta do carvão como energia “contratável” representa um grande retrocesso para o futuro energético do Brasil e revela a falta de visão e responsabilidade do setor com o futuro do planeta. O carvão é uma fonte de energia do século XVIII, com alto impacto socioambiental, além de ser o maior emissor de gases de efeito estufa. Assim como o gás natural, que também é uma fonte fóssil e poluente.
Outro ponto crítico e desfavorável ao Brasil é apontado pelos especialistas do  Observatório do Clima, rede de organizações ambientalistas brasileiras. Como o Observatório do Clima apontou em seus recentes relatórios, a partir dos dados do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases do Efeito Estufa (SEEG), as emissões brasileiras aumentaram 7,8% em 2013, mesmo com o baixo crescimento apresentado pelo país no ano passado (2,6%).
E mais: entre 2012 e 2013, a Amazônia sofreu com o aumento da taxa de desmatamento em 29%, que interrompeu uma sequência de quase uma década de reduções significativas. No ano passado, as emissões associadas ao desmatamento subiram 16%, de acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima.
Nesse sentido, o Observatório do Clima “espera que o Brasil assuma uma posição condizente com aquilo que já apresentou em conferências passadas, alinhada com aquilo que se espera do país nesse momento importantíssimo das negociações climáticas”.
Paulo Lima é repórter da Agência Jovem de Notícias, projeto encabeçado pela ONG Viração Educomunicação. Todo o conteúdo produzido pela agência durante a COP20 será publicado pela Envolverde neste espaço. Acompanhe!
(Agência Jovem de Notícias) 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Faço o que eu digo mas não faça o que eu faço. E o mundo que se dane.



Não existem mais sinais de que o clima está mudando, eles são fatos consumados e reais.  O último relatório do IPCC, escrito por 30 mil cientistas do mundo todo e revisto por outros 800 é definitivo e estarrecedor: se até 2050 não reduzirmos entre 40% e 70% as emissões globais e chegarmos até o final do século com zero de emissão, o planeta terá sua temperatura aumentada em mais de 2 graus Celsius e com isso as consequências serão devastadoras. 

A reunião preparatória da COP 20, organizada pela ONU, que acontece de 10 a 12 de dezembro em Lima, no Peru, mais uma vez tentará desatar o cabo de guerra em que se transformou a questão climática no mundo.  Enquanto países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, acenam com uma proposta que diferencie e gradue os principais emissores do planeta, os ricos, comandados pelos EUA, sequer admitem ser fiscalizados.

 A ideia é avançar visando Paris 2015 e chegar a um rascunhão que comece a definir a parte de cada um nesse processo de redução. Improvável, pois esta é a vigésima Conferência do Clima e a constatação é desanimadora: muito pouco se avançou até aqui.  Para se ter ideia da falta de seriedade (ao menos necessária dada a gravidade do atual momento) e do duplo discurso com que  administram a questão dentro de seus países, EUA admitiram reduzir de 25% a 28% suas emissões até 2025 e China 20% até 2030.  Ambos são responsáveis por 45% das emissões globais. 

O Brasil, sexto maior emissor global, mesmo com a controversa redução do desmatamento da Amazônia, tem em seu plano decenal de energia a previsão de investimentos da ordem de 70% em combustíveis fósseis, sendo que no quesito “hidrelétricas”, 90% delas serão construídas na Amazônia.  Um desatino, em vez de investirmos em energias eólicas e solar, colocamos em risco comunidades indígenas e desmatamos ainda mais nossa floresta.  Além disso, estudos revelam que 70% de nossa produção de soja e 50% de trigo, diminuirão.




As sociedades deveriam ter um dispositivo de defesa global de consulta aos mais de 7 bilhões de Terráqueos que obrigasse governos a, em caso de questões que interferissem na perenidade do planeta ou na existência humana sobre a Terra, como ocorre agora com a questão climática, onde todos seremos afetados, o que valeria seria a vontade democrática da maioria e não interesses comerciais escusos.  Quem sabe inventam alguma coisa que faça a nós todos se comunicar em rede.  Utopia Sustentável, sim, e de sobrevivência também. 

Que bom seria se as mesmas pressões e ameaças que exercem sobre países militarmente mais fracos, caso do Irã com a questão da bomba atômica, onde EUA e aliados exigiram cinicamente fiscalização internacional (como se bomba também não tivessem), pudessem, agora, também servir de exemplo para exigirmos fiscalização de cumprimento de metas de redução de emissões.  Afinal se bombas matam, as tsunamis climáticas matarão muito mais.  Quem sabe inventam um organismo internacional que represente, de verdade, o interesse de todos.  Fica a dica.

O resultado de tamanho cinismo está escrito nas estrelas com firma reconhecida no cartório de Lúcifer: o desastre.  A impossibilidade de entregarmos para nossos filhos e netos um planeta igual ao que recebemos de nossos antepassados é o que mais dói.  A vingança é saber que jamais desfrutarão o tanto de dinheiro que estupidamente acumularam. 




Rajendra Pachauri, presidente do IPCC (Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas) foi categórico sobre os impactos caso as emissões continuem subindo: “Quanto mais tempo demorarmos para agir, mais difícil e caro será para frearmos o aumento da temperatura global”.

O Green Climate Fund, criado para juntar US$ 100 bilhões/ano, reuniu até agora pouco mais de US$ 5 bilhões.  O mundo precisa gastar nos próximos anos US$ 90 trilhões para salvar o planeta.  Ou fazemos história agora, ou não estaremos aqui para contá-la.

Abraços Sustentáveis


Odilon de Barros

domingo, 30 de novembro de 2014

COP 20: ‘É hora de agir’




COP20 COP 20: É hora de agir
Foto: Observatório do Clima

Que se pode esperar da reunião a ser promovida pela ONU em Lima, no Peru, de representantes de quase 200 países, do próximo dia 10 ao dia 12, para discutir um acordo “vinculante”, no âmbito da Convenção do Clima, em que todos se comprometam a reduzir emissões de poluentes que aumentam a temperatura do planeta? Até aqui, dizem os promotores que pretendem chegar a um “rascunho” do acordo com metas obrigatórias, a ser assinado até o final do ano que vem, em Paris, e que vigore a partir de 2020. Mas, apesar das datas distantes, há certo ceticismo quanto à possibilidade de acordo mesmo para um rascunho, tantas são as divergências entre países industrializados, de um lado, e “emergentes” e “subdesenvolvidos”, do outro, quanto à definição das responsabilidades de cada um na redução (hoje, 1 bilhão de pessoas mais prósperas emitem metade dos poluentes no mundo; 3 bilhões na faixa intermediária, 45%; e 3 bilhões – metade sem energia elétrica – emitem 5%).
Os relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) são categóricos: é preciso reduzir até 2050 as emissões em 40% a 70% do que são hoje para impedir que a temperatura do planeta suba mais que 2 graus Celsius (já subiu 0,85% em relação ao século 19); e chegar a zero nas emissões até o fim deste século. O último relatório, de 5 mil páginas, foi escrito por 800 cientistas, que reviram os estudos de mais de 30 mil no mundo todo. Por isso o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, é categórico. “A ciência já falou. Não há ambiguidade. É hora de agir”, disse ele na última reunião do IPCC, em Copenhague.
E as tarefas não são fáceis. Em 2030 é preciso emitir 15% menos do que em 2010. É preciso trabalhar imediatamente no reflorestamento para que as áreas recuperadas ajudem na redução de temperaturas; avançar com a eficiência energética, que pode ajudar a reduzir a quantidade de poluentes emitidos na queima de combustíveis fósseis (carvão, óleo, gás) entre 3 bilhões e 7 bilhões de toneladas anuais de dióxido de carbono equivalente. Mas um dos avanços que também se conseguiria com isso seria reduzir os 7 milhões de mortes anuais por causa da poluição do ar (estudo da Organização Mundial de Saúde) na Índia, no Brasil, na China, no México e nos Estados Unidos – além da geração de 7 milhões de empregos nas áreas de energias renováveis. Tudo isso feito, as emissões anuais, que estarão em 47 gigatoneladas de CO2 em 2025, chegariam a 2050 com 22 gigatoneladas (55% menos que em 2012). Se nada for feito, poderemos chegar a 87 gigatoneladas em 2050.
Mas para avançar, calcula sir Nicholas Stern, estudioso respeitado, é preciso investir nos próximas anos nada menos que US$ 90 trilhões (quase 40 vezes o PIB brasileiro). E, pensam os cientistas, eliminar os subsídios ao consumo de combustíveis fósseis, hoje na casa dos US$ 600 bilhões por ano. E seguir nos caminhos de 2012, quando foram investidos cerca de US$ 360 bilhões em programas de eficiência energética, além de US$ 244 bilhões em energias renováveis.
Há quem veja como sinal para otimismo o fato de Estados Unidos e China (que, juntos, emitem 45% do total de poluentes, hoje) haverem firmado acordo pelo qual os norte-americanos se comprometem a reduzir suas emissões entre 26% e 28% até 2025, enquanto os chineses só diminuirão em 20% seu consumo de combustíveis fósseis a partir de 2030. Os mais céticos ironizam as datas. E François Hollande, presidente da França, pede mais pressa, porque um fracasso no acordo global “pode levar à guerra” e à “catástrofe” (Business and Financial News, 7/11). Angela Merkel, a chanceler alemã, pede à Austrália que reveja sua posição contra o acordo: os desastres do clima “não se limitarão a algumas ilhas do Pacífico, atingirão todos os países” (17/11).
Por essas e outras, diz um dos relatórios da ONU (AP, 19/11) que o mundo ainda não está no caminho de evitar os perigos gerados pelas ações humanas; seria preciso baixar as emissões para 42 bilhões de toneladas métricas de CO2 em 2030 – quando as projeções de hoje são para 15 bilhões a 19 bilhões de toneladas acima disso.
Há países já francamente assustados. O Nepal, por exemplo, mostra que a cobertura de gelo em suas montanhas se reduziu em 1.266 quilômetros quadrados em duas décadas – e o abastecimento de água de milhões de pessoas depende dela. Botswana demonstra que secas e inundações estão arrasando o país . O Banco Mundial manifesta preocupação com o que está acontecendo na Groenlândia e na Antártida. Se as temperaturas continuarem a subir, afirma (23/11), o nível dos oceanos poderá elevar-se em até 2,3 metros nos próximos séculos. Colheitas de soja no Brasil poderão baixar 70%; de trigo, 50%. O oeste dos Estados Unidos enfrenta uma sucessão de nevascas (dez pessoas morreram na última). A área dos vinhos na França está sofrendo com calor inédito e tempestades de granizo (Estado, 16/11). Lembra o Peru que em 30 anos os Andes perderam pelo menos 30% da cobertura de gelo.
Não estranha. De janeiro a outubro deste ano a temperatura média global esteve em 14,78 graus Celsius, a mais alta desde 1880, segundo a Agência de Administração Oceânica e da Atmosfera (NOAA), dos EUA. Ou 0,68 grau acima da média do século 20; recorde em cinco dos últimos seis meses.
Dinheiro resolveria, como o do Green Climate Fund, com o qual se espera reunir US$ 100 bilhões anuais para ajudar os países mais pobres e vulneráveis? Mesmo que seja, até agora só reuniu US$ 5 bilhões.
No Brasil, continuamos mergulhados em polêmica. Diz o Observatório do Clima (Estado, 25/11) que em 2013 aumentaram nossas emissões (1,57 bilhão de toneladas de CO2, mais 7,8%); diz o Ministério do Meio Ambiente que a metodologia oficial difere da que é usada nessa medição. Mas é tudo muito preocupante com os números sobre a perda de florestas – que está influenciando no clima, nas chuvas, no abastecimento.Washington Novaes é jornalista.

sábado, 10 de maio de 2014

Se você tem ideias inovadoras para reverter as mudanças climáticas, a COP 20 quer adotar você!




adopt negotiator 550 Se você tem ideias inovadoras para reverter as mudanças climáticas, a COP 20 quer adotar você!

Se você é interessado em mudanças climáticas e quer que o mundo ouça o que você tem a dizer, a “The Global Call for Climate Action” (Campanha Global de Ações pelo Clima) está à procura de jovens, jornalistas, blogueiros inovadores, escritores, ativistas e criativos para participar da “Adopt a Negotiator Fellows for 2014” (Adote um Negociador Companheiro para 2014).
Quem se dispuser, deve ser surpreendente ao ponto de inspirar os governantes a tomarem medidas significativas para nos proteger dos impactos da alterações no clima. Eles vão participar de uma equipe de ativistas apaixonados, dedicados e talentosos de todo o mundo.
Todos os candidatos pré-selecionados terão a chance de mostrar suas habilidades na preparação para a próxima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 20), que será realizada no Peru, em novembro de 2014. Eles terão oportunidades de formação com alguns dos melhores comunicadores de mudança climática do mundo, ativistas e uma rede de apoio para ajudá-los. Se selecionado, o participante viajará para Lima como membro oficial financiado pela da equipe do Adopt a Negotiator’s – Negotiator Tracker.
A organização quer construir uma das mais dinâmicas, diversificadas e inovadoras equipes de mídia de coberturas de negociações climáticas. A Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – CQNUMC negocia um tratado global para 2015, por isso é importante que o evento desse ano seja bem-sucedido. Quer saber como participar, acesse aqui.  * Publicado originalmente pelo Forest Comunicação e retirado do site Mercado Ético.