terça-feira, 19 de julho de 2016

Poema dedicado ao "usurpador desinterino"


Repasso poema de Marcos Bagno, dedicado ao eterno vice em exercício.  
Palavras que, em momento tão delicado, traduzem, não induzem, dão força à sociedade brasileira, não graneira, a enfrentar o inimigo, não com o umbigo, ladeira abaixo, o precipício merecido.
Com todos os "M's", já dizia ACM: "Vade retro mordomo de filme terror".
Parabéns Marcos!

Busco palavras que digam
com precisão e detalhe
sem uma letra que falhe
os vícios que em ti se abrigam
- tudo aquilo que és de fato:
traidor, abutre, rato!
Um nome que te descreva
no que tens de baixo, vil,
de covarde, de servil,
de abominação primeva
- como quem de ossos se nutre:
rato, traidor, abutre!
Meu raso vocabulário
encontrá-lo não consegue
sem que minha língua cegue
frente ao teu estercorário
- repito o que sei de cor:
raro, abutre, traidor!
Nem disseste adeus à vida
pra teu nome entrar na História
em meio à mais baixa escória
por haver e já havida
- é ali teu posto exato,
traidor, abutre, rato!
Na laia imunda de Judas,
de Catilina e Sertório,
de Calabar e Silvério,
eis o miasma que exsudas
- teu nome é desse teor:
rato, abutre, traidor!
És escorpião impávido
diante de tua presa,
é da tua natureza
ser predador sempre ávido
- ages por ser verdadeiro
verme, ladrão, carniceiro!
Não suportas a justiça,
abominas a verdade,
se te falam d'igualdade
teu pelo d'hiena s'eriça
- o pus te reveste a derme,
carniceiro, ladrão, verme!
O poder que não conquistas
roubas a quem de direito;
teu apelido é despeito,
teu sobrenome é golpista
- só vences na corrupção,
abutre, verme, ladrão!
Riscas do mapa a cultura,
a saúde, a moradia;
se pudesses já vendias
o mar, o céu e a natura
- homem não és nem no cheiro,
rato, abutre, carniceiro!
Alcaguete, cafetão,
conspirador, embusteiro,
sabujo, pulha, negreiro,
entreguista, vendilhão
- combates um povo inerme,
carniceiro, abutre, verme!
Reúnes tua mundiça,
corja de maus perdedores,
legião de estupradores,
cultores de ódio e sevícia
- vêm todos lamber teu chão,
abutre, verme, ladrão!
Mas ouve bem, interino,
De nós, que não te tememos
(nem aos juízes supremos
de um tribunal viperino):
- ontem, hoje, eternamente
nunca serás presidente!
***

*Marcos Bagno é linguista, escritor e professor da UNB

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