sexta-feira, 20 de maio de 2016

Pô meu, sou da Globo


Por mais cretino, tendencioso e parcial que seja o veículo jornalístico – e a Rede Globo tem esse padrão -, profissionais que trabalham na emissora cobrindo eventos políticos e manifestações de rua, têm pagado o pato pela irresponsabilidade de seus patrões, afinal, jornalismo marrom, a gente vê por ali.

Não é de hoje que o jornalismo brasileiro atua de acordo com os interesses de seus donos, e dane-se a informação imparcial para a sociedade.  Já em 64, ano do Golpe Militar, a Rede Globo foi o apoio de primeira hora dos militares.  Cinquenta anos depois reconheceram oficialmente o erro de tal ação, o que não diminuiu sua culpa indireta para um considerável número de mortes nos porões da ditadura.   
Observando-se os acontecimentos de sua cobertura jornalística na questão do impeachment da presidente Dilma, verifica-se que o mesmo fora feito apenas da boca para fora.  Falso.  E, tal qual um vício, onde as recaídas são sempre mais fortes que a anterior, a emissora do Plin Plin deixou-se mostrar ao país o caráter golpista que nunca perdeu, manipulando informações e a opinião pública ao bel prazer de seus interesses.

Só que estamos no século XXI, onde a informação têm velocidade supersônica, fazendo fatos ocorridos virarem notícia quase ao mesmo tempo em que ocorreram.  As novas tecnologias nos transformaram a todos em repórteres.

E, não bastasse o nós contra eles, incentivado criminosamente pela grande mídia, passamos a perceber um outro inimigo além de coxinhas e petralhas nas manifestações: o jornalista, principalmente se for da Globo. Apenas depois da votação do impeachment, assistimos agressões verbais e físicas aos repórteres globais Mayara Teixeira, Zileide Silva, Roberto Kovalick, Marco Antonio Gonçalves, Gabriel Prado e Nilson Modesto.

Mas o caso mais intrigante e preocupante ocorreu dia 19, na cobertura da desocupação das escolas em São Paulo.  O cinegrafista Marcelo Campos, da Globo, filmava policiais militares paulistas agredindo estudantes quando, por trás, foi atingido violentamente por um PM.  Por quê?  Porque a emissora, temerosa de ser identificada em eventos, passou a mandar seus profissionais sem qualquer identificação.  Ou então, se a previsão for de muita gente, filmar de cima, com helicóptero ou drone.  Com isso, tais profissionais viraram alvo de policiais que pensam tratar-se de repórteres “free” trabalhando para os movimentos.  Tudo errado.

Aí, destacamos: é descabido e absurdo o uso da força pelo Estado para inibir manifestações pacíficas e democráticas; por mais que exista um descontentamento da população com as empresas de comunicação e, em especial, com a Rede Globo, os profissionais que lá trabalham devem ter garantido o direito de livre circular e realizar o seu trabalho.  Que o descontentamento seja demonstrado ( e esse também é um direito da sociedade) à emissora com boicotes, faixas, campanhas inteligentes na porta de sua sede, é do jogo democrático.

A frase do repórter no exato momento que tomou com o cassetete da polícia nas costas... “Pô meu, eu sou da Globo”, retrata bem o perigo que ronda esses profissionais.  Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.  Plin Plin.


Abraços Sustentáveis

Nenhum comentário: