Podem me chamar de romântico, sonhador, ingênuo ou utópico, mas não consigo
enxergar racionalidade nas guerras. Afinal,
se somos os únicos seres pensantes do planeta (será?), se fazemos parte, literalmente,
de um mesmo círculo territorial de convivência, matar por quê?
Desde criança, jamais entendi o significado dessas carnificinas
coletivas. Imaginava o Planeta como um todo, sem fronteiras, solidário, onde
pudéssemos ajudar uns aos outros. Não
entrava (e não entra) em minha cabeça matar para conquistar territórios, matar
por mais poder, matar porque se é preto ou branco, matar por conta da opção
sexual escolhida, matar porque se é católico, protestante, islamita, judeu ou
ateu, matar porque se é liberal, comunista ou capitalista, enfim, matar, matar,
matar.
Não bastasse ao longo do tempo assistirmos milhões de inocentes morrerem
em quedas de impérios, guerras mundiais - onde assistimos o supra sumo da
maldade humana com o Holocausto e Hiroshima e Nagasaki -, assistimos, ainda hoje, verdadeiros massacres exterminarem civis no Vietnã, Líbia, Iraque, Síria,
Ucrânia e, agora, em Gaza. Que
horror!!!
Agora, presenciamos uma crise de falta de solidariedade sem precedentes,
e em vez de evoluirmos, regredimos enquanto sociedade, apesar de toda revolução
tecnológica que o mundo atravessa. Vivemos
a fase da hipocrisia da moralidade planetária, onde a lei que vale para um
vizinho não vale para outro.
Sem querer entrar no mérito de quem está certo ou errado, pois isso é
uma outra discussão, os EUA recriminam Putin e a Rússia pela questão do apoio desta
aos separatistas na Ucrânia, mas esquecem-se de condenar as atrocidades e a
desproporção da resposta de Israel ao Hamas na faixa de Gaza.
O governo Sírio, com apoio velado de China e Rússia, e ignorando a
inoperante e desprestigiada (mas necessária) ONU e toda sorte de leis internacionais, massacra
seu povo há três anos, tendo matado cerca de 200 mil cidadãos, muitos dos quais
civis, visando manter um governo que daqui a pouco completa meio século no
poder.
Semana passada, fazendo o papel que caberia à ONU, mais uma vez os EUA,
tentando conter o avanço do ISIS – Exército Islâmico -, que avança e aterroriza
cidadãos do Iraque até a Síria, bombardeou posições iraquianas daquele exército
visando amenizar o caos que ameaça se instalar na região. Pergunto: tal trabalho não deveria ser de uma
força internacional de paz composta por vários países?
Nós, terráqueos, habitantes desse louco Planeta, apesar da globalização
que deveria unir e aproximar os povos, assistimos a tudo impávidos e, desorganizados,
não conseguimos exigir em escala global, as mudanças necessárias para alavancar
um desenvolvimento sustentável, inclusivo e perene.
É como se caminhássemos no automático rumo ao caos, onde decisões
insensatas imperam e nada é questionado, apenas acatado. E ceder, em vez de palavra de ordem, virou
adjetivo para rotular os fracos. Vivemos uma autêntica falta
de estadistas mundiais.
Em um mundo “real time”, onde a notícia chega às telinhas de nossos
celulares em poucos segundos, curtimos no “Face” da vida real, sem sequer nos
indignarmos, os massacres de crianças e
velhinhos cometidos por aqueles que já foram vítimas desses mesmos crimes um
dia. Que tristeza!!!
Como não gostamos de ficar atrás em estatísticas ruins, nós, terráqueos
brasileiros, vamos em frente com nossas eternas desigualdades geradoras de
insegurança e insatisfação. Segundo
estatísticas, apenas ano passado 110 mil brasileiros morreram vítimas de
acidentes de trânsito e arma de fogo. São
números de guerra, uma guerra onde a sociedade brasileira vai perdendo para a
desilusão e o pessimismo, provocados, ambos, pela inoperância de uma justiça
que, em sua grande maioria, tarda e falha, e que enxerga apenas pretos e pobres
para colocar atrás das grades. Uma
justiça que não pune linearmente a todos e que precisa ser reformada urgente,
pois ela é a base para uma democracia forte.
Observando as preocupações planetárias das últimas décadas - mudanças climáticas, camada de ozônio, falta d’água, falta de comida, superpopulação, lixo, etc, teremos, a partir de agora, novos
ingredientes para guerras com os mais variados temas e a gosto de cada país,
dependendo apenas de sua localização geográfica. Conflitos causados por um desenvolvimento
desenfreado e insustentável do planeta e pelas desigualdades produzidas por nós
mesmos ao longo de séculos de usurpação das riquezas naturais.
Guerras invisíveis travadas, a princípio, dentro da consciência de cada
um de nós, por uma indispensável e profunda mudança de hábitos e costumes. Um novo estilo de vida.
Nosso Planeta vive um delicadíssimo momento onde escolhas terão que ser
feitas já e agora. Os conflitos que hoje
são entre povos e nações e têm motivos e inimigos claros e conhecidos, poderão
evoluir para guerras por bens imateriais inerentes à nossa sobrevivência na superfície deste
já tão sofrido e castigado Planeta Terra.
Se queremos realmente paz em nosso Planeta, ceder, negociar e estender a mão, serão ingredientes certos na equação matemática da sustentabilidade global. Por outro lado, crescimento e desenvolvimento poderão significar comprar e consumir menos. O filão dos negócios verdes que começa a se ramificar mundo afora deve ser explorado e incentivado, sim. Porém, com responsabilidade, sem ganância, com inteligência.
Pelo Planeta e pela manutenção de nossa espécie.
Abraços sustentáveis
Odilon de Barros
Se queremos realmente paz em nosso Planeta, ceder, negociar e estender a mão, serão ingredientes certos na equação matemática da sustentabilidade global. Por outro lado, crescimento e desenvolvimento poderão significar comprar e consumir menos. O filão dos negócios verdes que começa a se ramificar mundo afora deve ser explorado e incentivado, sim. Porém, com responsabilidade, sem ganância, com inteligência.