E lá se vão 126 anos do fim, ao
menos no papel, de um dos maiores crimes contra a humanidade. Avançamos, parecemos mais iguais mas (e aí
aproveitando a data), “preto no branco”, não o somos. Apesar dos progressos em praticamente todas
as áreas, ainda mantemos segregada grande parte dos negros e pardos, que hoje já
ultrapassa 50% de nossa população.
Ainda hoje, é preciso lembrar que
nosso país continua a discriminar e manter à margem da boa educação, da boa
saúde, de oportunidades iguais no mercado de trabalho e de salários dignos, uma
parte desses brasileiros pelo simples fato de ter uma outra cor de pele.
Quem duvidar é só dar uma
olhadinha nas estatísticas oficiais que dão conta de que dos 50 mil homicídios
praticados anualmente no Brasil (!!!), 70% são contra jovens, negros e
pobres. Ou seja, não bastasse as
flagrantes desigualdades, aqui, além de tudo, é perigoso ser negro.
E para aqueles que insistem em
teimar que somos um país “igual”, basta uns poucos exercícios para refrescar a
memória. Se temos comprovadamente mais
negros e pardos do que brancos em nosso país, segundo o censo 2010, por que não
vemos, por exemplo, mais negros e pardos do que brancos em nosso parlamento; como
médicos atendendo em nossos hospitais; dirigindo carros de passeio; dentro de
shopping centers; frequentando nossas praias; viajando de avião; se hospedando
em hotéis; curtindo boates; cursando universidades públicas; milionários; governadores;
deputados; senadores; nas belas coberturas de nossas cidades; pecuaristas;
comandando nossas empresas; no STF,
atuando como professores, enfim.
Por outro lado, a recíproca é
verdadeira e confirma a tese quando observamos que a desigualdade também é
grande dentro de presídios; nos morros; nas estatísticas oficiais comparativas
de renda per capita; nas carreiras mais básicas; no consumo cotidiano dessas
famílias e por aí vai. Aqui, a
supremacia é total de negros e pardos.
Por quê?
A resposta para essas
constatações é simples. Somos, sim, um
país preconceituoso e que ainda hoje acredita que o negro e o pardo valem menos
e, por isso, não podem ou não merecem ter as mesmas chances do restante da
população. E apesar da Lei Áurea, o
ranço continua. Retrato de uma elite
burra e atrasada.
Hoje, 13 de maio, não deveríamos
mais Ignorar tais fatos e sim reconhecer que fomos e continuamos a ser
perversos com eles. E pedir perdão por
tudo que lhes causamos. Talvez assim, um
novo ciclo pudesse se iniciar. Mais
fraterno, solidário e sustentável.
Valeu Zumbi!
Odilon de Barros