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sábado, 17 de janeiro de 2015

Crise da água é principal risco para 2015, revela pesquisa




agua onu Crise da água é principal risco para 2015, revela pesquisa
Conflitos por acesso a água tendem a se intensificar nos próximos anos. Foto: Kibae Park/ONU

Qual é o item que pode gerar maior impacto no mundo em 2015? A crise da água aparece em primeiro lugar em pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial com cerca de 900 especialistas. Foi a primeira vez, desde 2007, que a economia não apareceu como principal risco para o planeta.
Anualmente, os principais líderes do mundo se reúnem na cidade suíça de Davos para debater os grandes temas mundiais. Antes do encontro – que será realizado na próxima semana –, os organizadores realizam pesquisa com os temas que mais preocupam a elite econômica, política e social do planeta.
Nos últimos anos, a economia apareceu isolada como principal preocupação em termos de impacto: colapso do preço dos ativos entre 2007 e 2010, crise fiscal em 2011, problema sistêmico nas finanças globais em 2012 e 2013 e crise fiscal em 2014. Neste ano, porém, a pesquisa mostra que a crise da água é o tema com maior probabilidade impactar o planeta.
A saída dos temas econômicos da lista de preocupações acontece em período em que os Estados Unidos deixam o pior da crise e se preparam para retomar o crescimento mais vigoroso e a normalidade da economia. A crise, contudo, ainda é viva na zona do euro e dá cada vez mais sinais em países emergentes.
Outros temas
Depois da água, os entrevistados citaram como outros temas preocupantes a rápida disseminação de doenças infecciosas e as armas de destruição em massa.
A pesquisa também questiona sobre o problema mais provável para os próximos dez anos. Para os entrevistados, os problemas que têm maior probabilidade de acontecer são: conflito internacional com impacto regional, eventos climáticos extremos, problema de governança nacional, crise ou colapso de Estados e, em quinto na lista, o único item econômico: elevado desemprego estrutural.
“O risco geopolítico aparece em destaque em 2015 após período de ausência do panorama de riscos principais durante a última meia década. Com a geopolítica influenciando cada vez mais a economia global, estes riscos são três dos cinco mais prováveis e dois dos que apresentam maior impacto potencial para 2015”, diz a pesquisa divulgada pela organização do Fórum Econômico Mundial.site EcoD.  Utopia Sustentável

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Mudanças climáticas e educação




Educacaolivros1 Mudanças climáticas e educação
Foto: Shutterstock
Sinais de como as mudanças climáticas têm afetado diretamente o clima e a vida no Brasil já são evidentes. Vivemos atualmente uma crise de água sem precedentes na história de São Paulo. As causas podem ser várias, desde a falta de planejamento até a escassez de chuva. Indicadores oficiais acusam um aumento do desmatamento da Amazônia já previsível desde a aprovação do novo código Florestal. Cientistas demonstram de forma contundente a relação entre o desmatamento da Amazônia e maior seca na região sudeste.
A crise vivenciada pela sociedade contemporânea é para muitos uma crise civilizatória, que exige um cuidado urgente diante das agressões à natureza provocadas pelo desenvolvimento moderno. Ao mesmo tempo é visível a necessidade de se impor limites a esse crescimento que até agora tem afetado tanto a preservação do planeta Terra.
Nesse contexto, coloca-se a interdependência visceral entre as pessoas e entre elas e o meio ambiente, pois somente por meio de um olhar sistêmico podemos entender como essas relações afetam as comunidades, o lugar de trabalho, o sistema educacional, as famílias e os indivíduos. Essa é uma visão que implica uma responsabilidade pessoal e social em relação ao meio ambiente e a um futuro sustentável, para que as próximas gerações tenham uma vida digna e de bem-estar no planeta.
A educação hoje joga um papel fundamental nessa concepção em que as fronteiras entre a educação formal, não formal e informal são muito tênues. A escola pode ser um centro irradiador que possibilite conexões e articulações de espaços e tempos educativos nos territórios e nas cidades como um todo.
Trata-se da exigência de um pensamento transversal na construção colaborativa do conhecimento, que implica uma educação aberta ao cotidiano do mundo ao mesmo tempo em que se conecta de forma global às questões contemporâneas.
Diversos exemplos de práticas educativas ligadas à construção de hortas, a resíduos sólidos e a projetos de intervenção nas comunidades multiplicam-se pelo país. Mas, para além das práticas que balizam um fazer na escola e na comunidade, é importante ter como eixo norteador os princípios e parâmetros da Carta da Terra: cuidar de si, do outro, do entorno e, consequentemente, do planeta para alcançarmos uma vida digna e de bem-estar.
Nesse sentido, a saúde deixa de ter como foco a doença para ser pensada pelo cuidado da alimentação, das atividades físicas, das condições de saneamento e das questões afetivas e espirituais. O zelo com o planeta pressupõe o cuidado inicial consigo mesmo e com a comunidade para que possamos chegar a um entendimento da interdependência entre todas essas partes e conexões.Neca Setubal é educadora, fundadora do Cenpec e da Fundação Tide Setubal. site EcoD.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Falta d’água: não é uma crise ocasional




Entre as razões que explicam a crise hídrica e de abastecimento no estado de São Paulo, “uma mudança climática intensa” é, “sem dúvida”, o elemento central para compreender a “maior crise de abastecimento e a maior crise hídrica nos últimos 100 anos”, diz o pesquisador José Galizia Tundisi à IHU On-Line, em entrevista concedida por telefone.
“As causas dessa crise estão relacionadas a uma seca muito intensa e à falta de precipitação. Para dar um exemplo, em outubro deste ano teríamos de ter tido 130 milímetros de chuva, como é o esperado, mas tivemos só 30”, exemplifica.
Na avaliação do especialista, a “magnitude da crise” foi uma surpresa, mas a resolução do problema não passa por “fazer mais do que já estava sendo feito”. Segundo ele, “o estado de São Paulo tem um sistema de controle de qualidade e quantidade de água bem estabelecido” e, portanto, “nem o Sistema Federal, nem o Sistema Estadual poderiam fazer muito mais, dada a magnitude da crise e a rapidez com que ela ocorreu”. Tundisi critica e alerta a politização que tem sido feita em relação ao tema. “Não poderia haver uma politização da crise, uma vez que isso não é benéfico para ninguém”, pontua.
De acordo com ele, o “Sistema da Cantareira está sofrendo uma enorme depressão de volume de água”, e se não chover nos próximos 30 dias “vamos ter de usar as últimas reservas de água do Cantareira e a partir daí tenho impressão de que deverão ser mobilizados outros tipos de transposição de águas, de outras represas, para que com isso se possa aportar mais água ao sistema e para que ele não entre em colapso”, esclarece.
Tundisi explica ainda que a crise hídrica pode ser estendida a outros estados brasileiros, pois há um “desequilíbrio hidrológico”. “Estamos passando por uma série de mudanças climáticas muito sérias, está havendo extremos hidrológicos. (…)Há um processo de desequilíbrio hidrológico em algumas áreas, por exemplo, em áreas muita secas, há excesso de chuva. Por outro lado, a seca no Nordeste esse ano foi a maior dos últimos cinquenta anos, e o excesso de chuva e de precipitações no Sul resultou que, nas Cataratas do Iguaçu, em julho deste ano, houve um excesso de 46 milhões de litros de água por segundo despejados, sendo que a média é um milhão e meio, ou seja, há desequilíbrios. Portanto, é com esses problemas regionais e continentais que o país terá de lidar”.
José Galizia Tundisi é graduado em História Natural, mestre em Oceanografia na University of Southampton e doutor em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade de São Paulo – USP

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Fome de água



Nos anos 80, em momentos de extrema carência para brasileirinhos carentes, o idealizador da “Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida”, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, dizia que somente aqueles que sentiam na pele a falta de um alimento para comer tinham a exata dimensão da dor que aquilo causava.  Concordo.

Betinho mobilizou o Brasil para um problema que atingia 32 milhões de irmãos.  Mês passado a FAO, órgão da ONU que cuida da fome no mundo, anunciou que o Brasil estava fora do vergonhoso mapa da fome no mundo.  Um agradecimento “post mortem” que o país deveria fazer ao símbolo desta luta.  Obrigado Betinho!

Faz tempo ouço histórias sobre a seca no nordeste brasileiro.  É notório que o tema jamais mobilizou o andar de cima do sul e sudeste do país. Aliás, solidariedade é uma palavra pouco usada entre nós.  Cisternas, paisagens desérticas e transposições à parte, a verdade é que nunca houve vontade política para resolver o problema, que se alimenta da pobreza oriunda de seus habitantes para sobreviver, fazendo perpetuar no poder um coronelismo (hereditário) transmitido há gerações pelos velhos caciques incrustrados na carcomida cena política brasileira.

Depois de anos assistindo à derrubada da Floresta Amazônica sem que os gritos do silêncio de uma sociedade impotente (e omissa) tenham sido capazes de influenciar uma interesseira classe política nacional, fazendo cessar o desmatamento, os resultados de nossa displicência começam a iluminar, com potentes faróis, os reservatórios secos da Cantareira e adjacências.




Em outra ponta, recente boletim da Agência Nacional de Águas (ANA), informa que o Paraíba do Sul atingiu o nível mais baixo dos últimos 84 anos, com apenas 7,4% de sua capacidade.  O problema da água, ou da falta dela, que chega com força no sudeste, resume-se à:

1-      má gestão dos recursos hídricos pelos governos estaduais (que prolongaram tomar decisões por conta de questões eleitorais);
2-      péssima comunicação dos órgãos públicos (governos federal, estadual e municipal) com a sociedade e;
3-      falta de legislação rigorosa que permita ao governo federal jogar pesado, punindo exemplarmente aqueles que destroem a floresta.

Ou entendemos que o problema não é apenas de São Paulo e começamos a agir nacionalmente racionalizando a maneira como usamos nosso bem mais precioso implementando políticas públicas realistas e sérias ou em brevíssimo tempo o sistema hídrico do país entrará em colapso.  São irresponsáveis aqueles que dizem que está tudo sob controle.

Itu, no interior de São Paulo, é a primeira cidade do estado onde a crise da água chegou forte.  Lá o cotidiano da população mudou e o que se vê é uma rotina de guerra, com ataques à caminhões-pipa, saques, conselhos populares para analisar a melhor maneira de enfrentar o problema, filas gigantes em supermercados, embates entre moradores e policiais, protestos em frente à Prefeitura, enfim.

Assim como a fome, a água é essencial à vida e a sede só é possível imaginar quem tem.  Acreditem, caos está a caminho.  Portanto, é chegada a hora de a água entrar definitivamente na agenda de prioridades nacional, com tratamento abrangente das causas e consequências de sua falta.  Se deixarmos de lado a prepotência, avançaremos bastante se aceitarmos o diagnóstico de que o desmatamento desenfreado da Amazônia, a má gestão hídrica (estadual e federal) e a falta de participação da sociedade, compõem o cenário de problemas a serem atacados, conjuntamente, sem vaidades, por todos.

Que falta você faz, Betinho.

Abraços Sustentáveis
Odilon de Barros


terça-feira, 28 de outubro de 2014

O futuro das grandes cidades, mantido o rumo atual, não tem nada de otimista




shutterstocktransitocapa O futuro das grandes cidades, mantido o rumo atual, não tem nada de otimista
Quando discutimos a cidade, “é da vida, do tempo perdido, mas também da morte, literalmente, que estamos tratando”, critica Ermínia Maricato, professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Foto: shutterstock

“É a questão urbana, estúpido!”, foi o título do artigo que Ermínia Maricato, professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), entregou para a compilação de artigos “Cidades Rebeldes”, publicada na ressaca de junho de 2013 pela Boitempo Editorial. A escolha do título, uma paródia da frase do publicitário político americano James Carville, revela o tom adotado por Maricato para se fazer escutar: crítica, certeira e bem-humorada.
Durante sua fala no Simpósio Urbanismo Ecológico, organizado pela Harvard School of Design, no Centro Cultural Vergueiro, no dia último dia 14, a urbanista criticou a gestão das cidades e seus recursos nos últimos anos e apontou cenários nada animadores.
Indignada com a falta de água em São Paulo e com a divisão entre a “a cidade que não importa” e a “cidade especulativa e rentista”, Maricato voltou a sua tese de que uma Reforma Política ampla é essencial para pensarmos um novo modelo de cidade. Afinal, entre os maiores financiadores de campanha estão as empreiteiras e construtoras, que depois “irão cobrar favores”.
A proeminência da questão urbana, jogada em segundo plano nas eleições é, para ela, algo lamentável. Quando discutimos a cidade, “é da vida, do tempo perdido, mas também da morte, literalmente, que estamos tratando”. Após sua palestra, o Portal Aprendiz conversou com a urbanista.
Portal Aprendiz: Você fez uma fala bem pessimista…
Ermínia Maricato: Sim, mas no final eu fui até otimista.
Portal Aprendiz: É verdade, mas qual é a sua visão a respeito do futuro das grandes cidades brasileiras?
Ermínia: O futuro das cidades brasileiras, especialmente das metrópoles, mantido o atual rumo não tem nada para alimentar o otimismo. O que nós tivemos foram mais de duas décadas sem investimentos – por conta da ideologia neoliberal e pela crise fiscal no Brasil. Quando o investimento vem, como na primeira década desse século, ele chegou na habitação, saneamento e transporte, mas tivemos um assalto dos capitais sobre a cidade.
Mas que assalto é esse? Em primeiro lugar, o setor imobiliário e de construção de infraestrutura, que estão muito ligados ao financiamento de campanhas eleitorais. E isso não só na esfera federal, mas também no plano municipal. Nós sabemos que a bancada do setor imobiliário é muito forte no Congresso Nacional, uma das maiores. Em segundo lugar, crescer as taxas de emprego infelizmente significa apoiar a indústria automobilística. No mundo inteiro, com exceção da Dinamarca, é assim. E no Brasil isso significou uma tragédia para as cidades.
Nós somamos e acumulamos obras inadequadas, rodoviaristas, desnecessárias e superfaturadas. O resultado? Hoje temos o dobro da quantidade de automóveis nas ruas que tínhamos há dez anos. E tudo isso sem a reforma fundiária que está prevista na legislação brasileira. O mais incrível é que o Estatuto da Cidade, a Constituição de 1988 e toda legislação federal que conquistamos recentemente são desconhecidas pelo judiciário.
Não fosse junho de 2013 eu estaria muito pessimista com o futuro das cidades. E é preciso lembrar para quem culpa a Dilma por tudo que a questão metropolitana é de responsabilidade estadual e a questão urbana – uso do solo, transporte, saneamento – é municipal. É uma questão federativa e estamos órfãos de pai e mãe.
Portal Aprendiz: E o Plano Diretor Estratégico (PDE) de São Paulo mencionado por você. Ele pode ser considerado um ponto de inflexão, uma garantia de regulação?
Ermínia: O PDE não garante nada, ele é uma ajuda, mas não é suficiente. Lei nesse país não significa conquista definitiva. O que precisamos é que ele seja implementado. Como esse foi conquistado com mobilização social – e eu falo tranquilamente que temos em São Paulo um governo honesto e bem intencionado -, temos alguma chance de fazer algo na cidade. Não é a única via, mas temos uma chance de melhorar a vida de uma cidade muito, muito, muito prejudicada.
Portal Aprendiz: E como São Paulo vai sobreviver à questão da falta d’água?
Maricato: A nossa mídia está agindo contra o interesse público – disso não resta a menor dúvida. Ela está desinformando a população e isso pode virar uma tragédia de proporções inimagináveis. O que me assusta é que a sociedade não está sendo informada sobre o que está acontecendo com os recursos hídricos e só sente quando a água falta na torneira, o que acontece sempre primeiro na periferia. Mas agora essa realidade está chegando no centro e nos bairros ricos. A população é tratada como idiota e é totalmente manipulada pela falta de informações. Ninguém sabe o que fazer. Publicado originalmente no site Portal Aprendiz.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

10 números alarmantes sobre a falta de água em São Paulo




torneira agua 10 números alarmantes sobre a falta de água em São Paulo
Nove em cada dez paulistanos acham que a população ainda será muito prejudicada. Foto: Demétrius Daffara

Mais da metade dos paulistanos disseram ter enfrentado falta de água pelo menos uma vez nos últimos 30 dias. Para três em cada dez, o problema durou mais do que cinco dias, segundo uma nova pesquisa do instituto Datafolha.
Diante de um quadro que não dá sinais de melhora, 34% dos paulistanos já estocam água em casa. E o restante da população pretender fazer o mesmo daqui para frente.
Para a maioria das pessoas, o governo paulista não passa informações suficientes e claras sobre o problema da falta de água, o que só aumenta o clima de insegurança e pessimismo. Nove em cada dez acham que a população ainda será muito prejudicada.
Realizada em outubro, a pesquisa Datafolha entrevistou 804 pessoas e tem margem de erro de quatro pontos percentuais. Confira alguns dos principais resultados do levantamento:
  • 60% dos paulistanos disseram ter ficado sem água pelo menos 1 dia nos últimos 30 dias;
  • 38% dos moradores sofreram com a escassez ao menos 5 dias no mesmo período;
  • 74% dos que ficaram sem água disseram que o problema durou mais de 6 horas;
  • 65% dos paulistanos com renda familiar inferior a cinco salários mínimos disseram ter sofrido com a falta de água;
  • Mais só 32% dos que têm renda familiar superior a dez salários mínimos relataram o problema;
  • Para 75% dos paulistanos, os problemas de abastecimento de água poderiam ter sido evitados;
  • 77% afirmam que o governo não está fornecendo todas as informações disponíveis sobre a água;
  • 88% acreditam que São Paulo corre grande risco de ficar um bom tempo sem água nos próximos meses;
  • 34% dos paulistanos já estocam água em casa e 66% pretendem fazer isso daqui pra frente;
  • 91% acham que a população ainda será muito prejudicada.

*EcoD/Utopia Sustentável.

sábado, 20 de setembro de 2014

Já estou preparado para uma vida sem água. E você?



torneira agua ecod Já estou preparado para uma vida sem água. E você?
Foto: Pedro França/Agência Senado
Minha mãe disse que, quando acabar a água do sistema Cantareira, que abastece a região onde moro aqui em São Paulo, posso ir tomar banho e lavar roupa na casa dela, suprida pelo sistema Guarapiranga.
A pergunta não foi um cutucão político, pois ela não acompanha muito os debates da vida pública. Creio que teve motivação mais prosaica. Pois, dessa forma, pode ver mais o filho que anda tão ocupado que não tem mais tempo para comer as coxinhas e as empadinhas que ela faz.
Perguntou quando isso deve acontecer. No que respondi, final de outubro.
– Mas isso é logo depois das eleições, né?
– É…
– Mas o pessoal sabe disso?
– Sabe…
Fazendo reportagens pelo interior do Brasil, tive que, por vezes, me virar com pouca água limpa e muitos baby wipes.
Em Timor Leste, numa incursão mato adentro, fiquei cinco dias sem banho. Não me pergunte como.
Realizando coberturas em áreas desérticas ou áridas, aprendi truques milenares para usar um cantil por dia para tudo.
Reaproveitar roupas usadas sem precisar lavar é uma arte.
Usar paninhos com produtos de limpeza que dispensam água em móveis e no chão, um conhecimento útil.
Captar água das raras chuvas para regar plantas, ecologicamente bonito.
Limpar pratos sem água, um sucesso.
Não tenho carro, então dane-se a mangueira. Bike suja é bike de luta.
Rasparei o cabelo. Direi que é charme.
Suco? Chupe fruta!
Café? Coma o pó!
Regar plantas? Flores secas são lindas.
Dar descarga, para quê? Deixa juntar, oras! Deu nojinho? São Paulo é para os fortes, mano!
E aprenderei as técnicas de Pai Mei a fim de controlar a transpiração.
Se tudo falhar, comando uma marcha dos paulistas bons em direção à Terra da Água Prometida. Afinal, somos ou não um povo bandeirante? Pode ser Rondônia, onde transformaremos tudo em um grande shopping center. O Acre será o estacionamento.
É isso.
Vem em mim, novembro, que estou pronto para você.
Leonardo Sakamoto é jornalista e doutor em Ciência Política.
** Publicado originalmente no Blog do Sakamoto.
(Blog do Sakamoto)