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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

PEC 215 e o atropelo de direitos




indigenasPEC215 PEC 215 e o atropelo de direitos
Cerca de 200 índios participaram de manifestação nesta terça-feira (16 de dezembro), na frente na Câmara dos deputados. O grupo foi reprimido com truculência pela Polícia. Foto: Luana Luizy/CIMI

Em meio a manifestações populares e prisões arbitrárias, votação da PEC 215 é novamente adiada e pode acontecer nesta quarta-feira.
Repressão policial, spray de pimenta, detenção de manifestantes e promessas não cumpridas. Foi em meio a este cenário que, nesta terça-feira 16 de dezembro, a bancada ruralista tentou realizar uma nova reunião da Comissão Especial da Câmara para votar a PEC 215, que pretende transferir do Poder Executivo para o Congresso Nacional a atribuição de oficializar Terras Indígenas, Unidades de Conservação e territórios quilombolas.
Assim como aconteceu na semana passada, indígenas e representantes de organizações da sociedade civil foram impedidos pelos seguranças do Congresso de entrar na “Casa do povo” e tiveram que assistir do lado de fora seu destino ser traçado por parlamentares cujos interesses nada tem a ver com a preservação socioambiental.
A reunião ordinária da comissão, marcada para as 14h desta terça, foi cancelada ainda pela manhã. Mas, no início da tarde, a bancada ruralista tentou realizar uma sessão extraordinária, a exemplo do que houve na semana passada. O grupo a favor da PEC tem utilizado a dissimulação para passar o projeto sem a presença das lideranças indígenas e representantes da sociedade civil. Os ruralistas correm contra o tempo: se não aprovarem a PEC 215 até o fim da legislatura atual, o projeto será arquivado.
Para colocar o projeto em pauta, os deputados se valeram de estratégias escusas, como trancar lideranças indígenas e representantes de organizações civis na sala da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara. Foi o que aconteceu na manhã desta terça, quando ao menos 20 pessoas que debatiam o tema foram impedidas de deixar o local por seguranças da Casa.
A privação do direito de ir e vir nos corredores da Câmara aconteceu enquanto a bancada ruralista articulava uma reunião forçada, no plenário 13 do Legislativo. Mas o grupo teve o golpe frustrado pelo presidente da Comissão, Afonso Florence (PT-BA), que não aceitou o pedido para a nova sessão. Com a negativa, a requisição foi parar com o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), que deverá decidir, até amanhã de manhã, se aceita ou não a questão de ordem encaminhada pelos ruralistas para realizar uma nova reunião da Comissão Especial da PEC 215, à revelia do presidente da Comissão.
Pimenta nos olhos dos outros
Enquanto as articulações a favor da PEC 215 aconteciam do lado de dentro da Câmara, um grupo com aproximadamente 200 índios foram impedidos de entrar no Congresso.
A Policia Militar, a tropa de choque e a Polícia Legislativa foram chamadas para conter os manifestantes mobilizados contra a PEC 215 e a portaria do anexo 2 transformou-se em uma praça de guerra, com repressão violenta e o uso de gás de pimenta, que se espalhou por todo o salão de entrada.
“O que acontece hoje é um verdadeiro absurdo e um retrocesso ao exercício da democracia. Pois como se vota uma matéria que vai decidir a vida dos povos indígenas e os verdadeiros interessados não podem sequer assistir?”, questiona Sônia Guajajara, coordenadora da Articulação dos Povos indígenas do Brasil (Apib).
Depois do enfrentamento, um grupo de índios foi seguido pela Polícia Militar e quatro deles foram detidos de forma arbitrária, assim que desembarcaram na frente do Ministério da Justiça para conversar com o ministro Eduardo Cardozo sobre as violações dos direitos dos povos indígenas.
No início da noite o ônibus que levava um grupo com aproximadamente 40 indígenas de volta para o alojamento foi interceptado por um batalhão da PM, que aguardava a passagem do veículo na rodovia BR–040, que liga Brasília a Valparaíso. Na ocasião outros dois índios foram detidos pela polícia.
“Hoje de manhã ouvimos os militares dizerem que iriam inaugurar os novos coletes (a prova de balas), o que prova que esse tipo de orientação vem de cima. Temos um Congresso Nacional totalmente sitiado, que usa estratégias de guerrilha para impedir a entrada de qualquer cidadão que se aproxime. Isso é muito grave para um país que se diz democrático”, afirma Sônia.
Votação pode ocorrer nesta quarta-feira
Caso o presidente da Câmara aceite a questão de ordem encaminhada pelos ruralistas, a Comissão pode se reunir para votar o projeto amanhã.
O projeto traz uma ampla gama de exceções ao direito de posse e usufruto das terras por parte dos povos indígenas, além de inviabilizar novas demarcações e legalizar a invasão, a posse e a exploração de Terras Indígenas já demarcadas. O projeto transfere, ainda, do Executivo para o Legislativo a prerrogativa de aprovar a oficialização de TIs, UCs e territórios quilombolas e adota a data de promulgação da Constituição (5/10/1988) como “marco temporal” para comprovar a posse indígena. Ou seja: a comunidade teria direito à terra apenas se puder demonstrar que ocupava o território nessa data.
Se aprovada, a PEC 215 pode representar um dos maiores golpes políticos já arquitetados contra a sobrevivência das populações tradicionais e do próprio meio ambiente, já que Terras Indígenas e demais áreas protegidas são comprovadamente um dos mecanismos mais eficientes para manter as florestas em pé.
Envie um e-mail pedindo a rejeição da PEC 215 para o presidente da Câmara, Henrique Alves, e ao presidente da Comissão Especial da PEC 215, Afonso Florence.
Endereços de e-mail: dep.afonsoflorence@camara.leg.br, dep.henriqueeduardoalves@camara.leg.br
Texto sugerido:
Prezado presidente da Câmara, Henrique Alves, e presidente da Comissão Especial da PEC 215, Afonso Florence,
Venho através desta mensagem expressar minha indignação e repúdio às ofensivas contra os direitos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais que tomam força no Congresso Nacional atualmente, especialmente à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215. Esta proposta poderá ser aprovada nesta semana, conforme planeja a bancada ruralista após as manobras realizadas na Câmara dos Deputados na semana passada, que ferem o próprio regimento da Câmara dos Deputados.
É de amplo conhecimento da sociedade que se a prerrogativa da demarcação de terras indígenas, da titulação de territórios quilombolas e da criação de unidades de conservação passar para o Congresso Nacional haverá uma total paralisação na criação destas áreas no Brasil. Além disso, o parecer desta PEC autoriza a revisão das terras indígenas que já estão demarcadas, o que coloca em risco aautonomia e a própria vida de todos os povos indígenas do Brasil.
Entendo que a PEC 215 é uma afronta aos direitos constitucionais conquistados com muito esforço e sofrimento pelos povos e comunidades tradicionais e que esta proposta significa a morte dos seus modos de vida, já que sem os seus territórios eles não têm condição de serem indígenas e quilombolas.
Também é fundamental que os senhores considerem o fato de que a Justiça Federal do Mato Grosso decidiu enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) o processo que investiga possível envolvimento do deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), na compra de um parecer sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215 e de seu colega Nílson Leitão (PSDB-MT), vice-presidente da Comissão Especial que analisa esta PEC, na invasão da Terra Indígena (TI) Marãiwatsédé, no Mato Grosso. Escutas do Ministério Público Federal e da Polícia Federal identificaram um possível esquema de produtores rurais do nordeste do Mato Grosso para pagar R$ 30 mil a um lobista da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para elaborar parecer sobre a PEC.
Desse modo, dada a gravidade dos fatos aqui elencados, peço que os senhores façam todo o esforço no sentido de rejeitarem definitivamente esta PEC 215.
Atenciosamente.
* Publicado originalmente no site Greenpeace Brasil.
(Greenpeace Brasil) 

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Para manter a floresta em pé, PEC 215 deve cair




tuitaco Para manter a floresta em pé, PEC 215 deve cair
A Mobilização Nacional Indígena, rede de organizações coordenada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, promove um tuítaço nesta quarta, a partir das 10h30, contra as propostas.

Enquanto mais de 190 países se reúnem em Lima, no Peru, para discutir como superar o desafio das mudanças climáticas, bancada ruralista tenta votar nesta quarta-feira (3) duas propostas que visam paralisar a demarcação de Terras Indígenas e outras áreas protegidas – um dos mecanismos mais eficientes para a proteção da floresta.
Duas propostas que restringem drasticamente os direitos territoriais das populações tradicionais podem entrar em votação no Congresso Nacional nesta quarta-feira 3 de dezembro. Se aprovadas, as medidas abrirão caminho para o maior golpe político da história recente contra os direitos dos povos tradicionais, inviabilizando na prática a demarcação de novas Terras Indígenas (TIs), a criação de Unidades de Conservação (UCs) e a titulação de Territórios Quilombolas, instrumentos fundamentais para o combate ao desmatamento.
Ao comprometer o modo de vida de populações locais e negar os direitos dos povos tradicionais sobre seus territórios, as propostas colocam em risco também o enfrentamento às mudanças climáticas e o futuro do planeta.
Para o Greenpeace, o projeto é baseado em ideias preconceituosas e promove uma perigosa e falsa oposição entre a manutenção dos direitos indígenas e o crescimento do agronegócio nacional.
Mobilização Nacional Indígena, rede de organizações coordenada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, promove um tuítaço nesta quarta, a partir das 10h30, contra as propostas. Participe!
O parecer da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/2000, apresentado pelo deputado ruralista Osmar Serraglio (PMDB-PR), deve ser apreciado na Comissão Especial que analisa a matéria, às 14h30, no Plenário 12 da Câmara Federal. Já a Comissão Mista de regulamentação da Constituição deve votar o Projeto de Lei (sem nº) que regulamenta o Art. 231 da Constituição Federal, de autoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR), às 14h, no Plenário 13 da Ala Alexandre Costa do Senado.
Representantes da Sociedade Civil e indígenas das etnias Ava-Canoeiro, Apinajé, Krahô, Tapuia, Kanela do Tocantins, Xerente e Karajá de Xambioádo, todas do Tocantins, estarão em Brasília para realizar mobilização contra as propostas.
Abrindo as portas para o desmatamento
Apresentado por Serraglio como um substitutivo, o novo relatório da PEC 215 propõe uma ampla gama de exceções ao direito de posse e usufruto das terras por parte dos povos indígenas, além de inviabilizar novas demarcações e legalizar a invasão, a posse e a exploração de terras indígenas demarcadas. O projeto transfere, ainda, do Executivo para o Legislativo a prerrogativa de aprovar a oficialização de TIs, UCs e territórios quilombolas e adota a data de promulgação da Constituição (5/10/1988) como “marco temporal” para comprovar a posse indígena. Ou seja: a comunidade teria direito à terra apenas se puder demonstrar que ocupava o território nessa data (saiba mais).
A outra proposta que pode entrar em votação, o Projeto de Lei Complementar que regulamenta o Art. 231 da Constituição Federal,éassinado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), ex-líder do governo no Senado – que também é relator do controverso parecer sobre a regulamentação da PEC do Trabalho Escravo. A proposta classifica propriedades rurais como “área de relevante interesse público da União”. Como consequência, o projeto estabelece que essas áreas poderão ser excluídas da delimitação das terras indígenas se seus títulos de ocupação forem “considerados válidos” ou poderão ser objeto de desapropriação ou de compensação com outra área ofertada pela União. Dessa forma, o projeto transforma interesses privados em “de relevante interesse público da União”.
Jogo de interesses
Em agosto deste ano a Polícia Federal interceptou uma ligação que indicaria interferência indevida de ruralistas no processo de elaboração da relatoria da PEC 215. Segundo a investigação, que culminou na prisão de Sebastião Ferreira Prado, líder da Associação de Produtores Rurais de Suiá-Missú (Aprossum), na gravação Prado pede contribuição para uma “vaquinha” de R$ 30 mil, que seria usada para pagar um advogado ligado a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) para produzir o relatório e “colocar as coisas de interesse nosso”, como disse o ruralista.
Na época, a Justiça Federal em Mato Grosso considerou que os fatos representavam “um desvirtuamento da conduta do parlamentar responsável pela elaboração da PEC, eis que a CNA é parte política diretamente interessada no resultado da mencionada PEC”.
Pasto fértil para engorda da bancada ruralista
O governo de Dilma Rousseff foi o que menos demarcou TIs, desde a redemocratização do Brasil. Enquanto a média de demarcações do governo de José Sarney foi de 13 TIs por ano de governo, o governo Dilma tem média pífia de 3,6 TIs/ano.
Em outubro passado, no auge da campanha eleitoral, Dilma Rousseff garantiu em carta aberta que, se reeleita, se empenharia para mudar este cenário e que considerava a PEC 215 inconstitucional. “Nada em nossa Constituição será alterado com relação aos direitos dos povos indígenas! De todas as justas reivindicações apresentadas não tive dúvidas sobre a questão da inconstitucionalidade da PEC 215”, afirmou.
De acordo com o Rômulo Batista, da campanha da Amazônia doGreenpeace, se no cenário atual as propostas já possuem forte chances de passar no Congresso, graças a força da bancada ruralista, com a nova configuração das casas legislativas, a costura política do agronegócio se tornará ainda mais intensa.
“A única possibilidade de isso não acontecer é a presidente Dilma se empenhar para que a PECnão seja aprovada, honrando sua promessa de campanha. Agora é preciso que o governo mostre sua força e tenha uma atuação incisiva para que este tipo de proposta não siga adiante”, afirma Batista. Saiba mais aqui. site Greenpeace Brasil.