Mostrando postagens com marcador Costa rICA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Costa rICA. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Reservas privadas querem protagonismo


Parte da reserva privada de Punta Leona, na costa oeste da Costa Rica, onde seus proprietários protegem de forma voluntária a biodiversidade biológica e destinam uma pequena parte para explorar o ecoturismo. Foto: Fabíola Ortiz/IPS
Parte da reserva privada de Punta Leona, na costa oeste da Costa Rica, onde seus proprietários protegem de forma voluntária a biodiversidade biológica e destinam uma pequena parte para explorar o ecoturismo. Foto: Fabíola Ortiz/IPS

As reservas naturais de conservação voluntária de entidades privadas da América Latina devem ser assumidas como aliadas das políticas ambientais, da mitigação frente à mudança climática e da preservação da biodiversidade biológica nas florestas tropicais, segundo especialistas. “As reservas privadas da América Latina não estão incluídas nas políticas de conservação, mas é preciso integrá-las nas estratégias nacionais”, afirmou o vice-presidente de políticas de conservação da organização não governamental Conservação Internacional (CI), Carlos Manuel Rodríguez.
Rodríguez, que foi ministro de Ambiente, Energia e Minas da Costa Rica entre 2002 e 2006, fez essa afirmação perante 150 ambientalistas, promotores da conservação voluntária e empresários do ecoturismo, durante o XI Congresso Latino-Americano de Redes de Reservas Privadas, realizado na reserva turística de Punta Leona, entre os dias 9 e 12 deste mês.
Para Rodríguez, o setor privado deve ter um papel mais protagonista. Os governos e os proprietários de áreas naturais privadas deveriam trabalhar juntos para o cumprimento das chamadas Metas de Aichi sobre Biodiversidade, estabelecidas em 2010 na cidade japonesa de Nagoya. Naquela oportunidade, por ocasião da 10ª Conferência das Partes do Convênio sobre a Diversidade Biológica, 193 membros da Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceram 20 metas para lutar contra a perda de biodiversidade até 2020.
“Estamos perdendo nosso capital natural em razão da mudança climática e da grande brecha que há entre a conservação privada e a pública. Os proprietários de reservas particulares devem se tornar atores políticos para ajudar a cumprir as Metas de Aichi”, ressaltou Rodríguez. O custo mundial para financiar essas metas é estimado entre US$ 150 bilhões e US$ 440 bilhões por ano, segundo dados do próprio Convênio. No entanto, atualmente, segundo cálculos da CI, o mundo investe apenas US$ 45 bilhões.
Por isso, segundo Rodríguez, a conservação privada pode ajudar a paliar o déficit de recursos. Com essa finalidade, foi formalizada, no dia 6 deste mês, a Aliança Latino-Americana de Reservas Privadas, a primeira de seu tipo no mundo, que, segundo seus cálculos, aglutina 4.345 reservas particulares de 15 países, com um total de 5.648.000 hectares de áreas verdes.
Sessão do XI Congresso Latino-Americano de Redes de Reservas Privadas, realizado na área natural de Punta Leona, na costa oeste da Costa Rica, entre os dias 9 e 13 de novembro. Foto: Fabíola Ortiz/IPS
Sessão do XI Congresso Latino-Americano de Redes de Reservas Privadas, realizado na área natural de Punta Leona, na costa oeste da Costa Rica, entre os dias 9 e 13 de novembro. Foto: Fabíola Ortiz/IPS
“A ideia é formar uma cadeia em conservação. As áreas privadas podem fazer o encadeamento dos parques nacionais e engrandecer os sistemas nacionais de conservação. Também são um mecanismo para absorver as mudanças drásticas do clima”, ponderou à IPS o guatemalteco Martin Keller, presidente da nova federação. Para ele, não deveria haver fronteiras para as reservas privadas na região. “Estamos nos unindo em algo grandioso e formalizando associações com órgãos internacionais para que nos incluam nos projetos ambientais”, afirmou.
Durante o congresso na Costa Rica foi anunciado um programa-piloto para incentivar a venda de bônus de carbono, com a doação de 200 hectares por parte de uma associada da Aliança, que contará com estimadas 3.600 toneladas de carbono. Keller espera que, a partir de 2017, a América Latina comece a vender carbono em bloco. “Temos sonhos e uma paixão por conservar a natureza. Queremos que a venda de carbono seja um mecanismo de conservação privada em nível mundial”, destacou à IPS o presidente da Rede Costa-Riquenha de Reservas Naturais, Rafael Gallo, o doador dos 200 hectares para o plano-piloto.
Na margem do rio Pacuare, na vertente atlântica da Costa Rica, Gallo possui uma propriedade de 800 hectares – dos quais 700 constituem uma reserva florestal – em Siquirres, 85 quilômetros a leste de São José, nas proximidades do Parque Nacional Barbilla, que integra a Reserva da Biosfera La Amistad. “O mercado ainda está começando e a tonelada de carbono é cotada a US$ 3”, contou Gallo, para quem o mecanismo somente será viável quando o preço da tonelada chegar a US$ 10.
Os países que integram a Aliança são Argentina, Belize, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai e Peru. Uruguai e Venezuela também têm reservas privadas, mas ainda não formaram redes locais, passo necessário para se integrarem. Keller afirmou que ambiciona incluir todo o hemisfério, inclusive os países caribenhos insulares, o Canadá e os Estados Unidos.
As reservas privadas querem se beneficiar de programas de organismos multilaterais, e para isso iniciaram contatos com os órgãos da ONU vinculados de uma maneira ou de outra a temas de conservação, como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), entre outros.
“Queremos ser um bloco regional, sermos ouvidos em nível internacional e que haja incentivos aos proprietários para continuarem apoiando a conservação em conjunto”, afirmou à IPS Claudia García de Bonilla, diretora-executiva da Associação de Reservas Naturais Privadas da Guatemala. “Isso porque o impacto que teremos como bloco será maciço”, acrescentou.
Vista de reservas privadas na província de Heredia, na Costa Rica. Em 200 hectares de uma delas será realizado um projeto-piloto de bônus de carbono, graças a uma doação de seu proprietário. Foto: Fabíola Ortiz/IPS
Vista de reservas privadas na província de Heredia, na Costa Rica. Em 200 hectares de uma delas será realizado um projeto-piloto de bônus de carbono, graças a uma doação de seu proprietário. Foto: Fabíola Ortiz/IPS
As áreas de conservação voluntária podem ser de empresários do ramo do ecoturismo, instituições acadêmicas, de pesquisa ou de produção agrícola orgânica. Somam-se às áreas públicas de conservação e seus promotores as definem como escudos verdes diante dos extremos climáticos e da queda da biodiversidade. “A floresta segue como esponja, absorvendo as tempestades e os furacões. Temos que continuar aumentando nossos corredores ecológicos”, enfatizou Bonilla.
O representante de áreas verdes privadas no Chile, Mauricio Moreno, destacou benefícios que as reservas naturais de proprietários individuais, ou organismos privados, podem proporcionar em uma visão global de conservação. “Essas áreas são um refúgio protegido com muita vontade e muito esforço. É um complemento da rede pública. Há reservas vizinhas a parques nacionais que geram áreas muito maiores, permitindo a proteção de espécies animais. Com esforço público e privado se consegue avançar para uma conservação integral”, afirmou à IPS.
Segundo a engenheira de recursos naturais renováveis da Universidade do Chile, Ariane Claussen, o orçamento destinado às áreas protegidas públicas na região é insuficiente, o que diminui a capacidade dos Estados de atuarem sozinhos na preservação da biodiversidade. “Mais do que ver as reservas privadas como independentes, é preciso vê-las de forma integrada. Se essas pessoas não decidissem conservar, estariam dando outro tipo de uso à sua terra, como monocultura ou pecuária não sustentável”, apontou à IPS. Mas suavizou dizendo que “os proprietários dedicam uma pequena parte de suas terras ao desenvolvimento econômico, como o turismo, porque precisam de uma renda”.
Claussen, junto com seu colega chileno Tomás González, destacou a iniciativa latino-americana Huella, destinada a colaborar de forma voluntária em ações de planejamento técnico por meio de conservação, educação ambiental e ativismo ecológico na região. Em sua opinião, as reservas privadas cobrem deficiências do Estado. “A ideia é que colaborem com a conservação sendo áreas de amortização e integrem ecossistemas de áreas públicas protegidas que estão isoladas e fragmentadas”, acrescentou.
O negócio do carbono
Cada um dos bônus de carbono, formalmente denominados Reduções Certificadas de Emissões de Gases de Efeito Estufa, corresponde a uma tonelada métrica de dióxido de carbono equivalente, gerada durante a execução de um projeto e negociada no mercado do carbono, uma vez confirmada a redução.
São comprados por países industrializados para cumprirem suas metas de redução de emissões, mediante o financiamento de capturas dos gases-estufa em países do Sul em desenvolvimento. Com esse polêmico mecanismo, a redução da emissão é creditada ao país financista, o que barateia o custo de cumprir seus compromissos dentro da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática.
Considera-se que esse mercado ajuda a estabilizar a emissão de gases-estufa, beneficia as empresas que diminuem voluntariamente sua emissão no país de origem do bônus e obriga as empresas e os países que excedem suas cotas a pagarem mais. Envolverde/IPS

quarta-feira, 25 de março de 2015

Costa Rica bate recorde e está há 76 dias usando apenas energias renováveis





A Costa Rica deu um grande passo em direção ao futuro neutro em carbono. O país latino-americano está há 76 dias consecutivos utilizando apenas fontes renováveis de energia para abastecer toda a sua população, uma média de cinco milhões de pessoas.
A informação foi divulgada pelo Instituto de Eletricidade da Costa Rica (ICE). De acordo com a instituição, os bons índices pluviométricos permitiram um bom aproveitamento do potencial hidrelétrico, considerado uma fonte renovável de energia. Outras fontes também foram usadas, como solar, eólica e geotérmica.
O bom desempenho das fontes renováveis permitiu redução de 12% nas tarifas de eletricidade no país. Isto acontece porque, além de poluentes, os combustíveis fósseis acabam sendo mais caro do que as opções limpas. A tendência é de que a redução continue nos próximos meses.
Considerado um refúgio turístico e ambiental, o governo costa-riquenho já havia anunciado a decisão de não explorar suas reservas de petróleo para preservar seus mananciais. O país também assumiu o compromisso de neutralizar as suas emissões de carbono até o ano de 2021.
Para alcançar este objetivo, a Costa Rica deve manter seus investimentos em fontes renováveis de energia.
CicloVivo/Utopia Sustentável

terça-feira, 8 de julho de 2014

Costa Rica: fenômeno do futebol começou com gestão responsável




Costa Rica Futebol Torcida1 Costa Rica: fenômeno do futebol começou com gestão responsável
Costa Rica: fenômeno do futebol começou com gestão responsável, Envolverde
Empresários, times e governos concordavam que o futebol ajudaria a projetar o país no mundo, mas como participar desse jogo para ganhar?
A Costa Rica é um pequeno país da América Central, sem tradição no futebol e que está dando um “banho” em países considerados mais fortes. Na Copa 2014, ganhou do Uruguai, da Itália, empatou com a Inglaterra e terminou em primeiro lugar no chamado “grupo da morte”.
Quem curte Milton Nascimento deve conhecer a música Coração Civil, cujos versos dizem “San José da Costa Rica, coração civil / Me inspire no meu sonho de amor, Brasil”.
De fato, o país aboliu o exército em 1º de dezembro de 1948, substituído por uma guarda civil, e perpetuou esse fato na constituição de 1949. E, mesmo integrando um continente conturbado e tendo muitos problemas comuns à região, é o único país da América Latina incluído na lista das 22 democracias mais antigas do mundo.
A Costa Rica está à frente do Brasil no que diz respeito à sustentabilidade. Em 2012, foi considerada o país com melhor desempenho ambiental do continente americano e o quinto do mundo. Tem uma lei severa que protege a biodiversidade e, desde que aboliu o Exército, destina as verbas de defesa para investir no ecoturismo e no manejo sustentável das florestas.
Esse rigor com o meio ambiente foi transformado em sentimento cívico da população, que tem orgulho dos parques nacionais e da escolha que os sucessivos governos vêm fazendo em favor do meio ambiente, em vez de investir em atividades mais rentáveis, como a mineração.
Nem por isso, o desenvolvimento humano é deixado de lado. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), a Costa Rica possui o sétimo melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da América Latina e o segundo da América Central. Sua posição, nesse ranking, é melhor do que a brasileira. Em 2013, o Pnud informou que o IDH do Brasil era de 0,73, com o país ocupando a 85ª posição entre 186 avaliados.  O IDH da Costa Rica foi de 0,77, e o país ocupa o 62º lugar.
Mas onde entra o futebol nisso?
Ao contrário de outros países da região, o futebol é o esporte mais popular da Costa Rica. Mas, os times locais nunca obtiveram maior projeção regional e nem mesmo a seleção conseguia bom desempenho diante dos adversários da América Central.
Até os anos 1990, o futebol costarriquenho permanecia sendo um esporte semiamador, sem times, ligas e federação bem organizados. Justamente, nessa década, esse esporte atingiu outro status no mundo, com os clubes se transformando em empresas e buscando patrocinadores. E a Copa do Mundo tornando-se um evento global e midiático.
Empresários, times e governos concordavam que o futebol ajudaria a projetar a Costa Rica no mundo, mas como participar desse jogo para ganhar? Fazendo diferente. E o que poderia ser diferente? Não seria no futebol em si, jogado entre as quatro linhas do gramado, mas na maneira de gerenciá-lo.
Num mundo cada vez mais globalizado, no qual futebol virou sinônimo de dinheiro e patrocínio, nada como voltar às raízes, isto é, buscar a identificação dos times com a comunidade.
Foi pensando assim que Roberto Artavia, professor da Incae Business School, da Costa Rica, elaborou um projeto para desenvolver o futebol no país – “A Indústria do Futebol: Responsabilidade Social e Promoção de Valores”.
Gestão responsável no futebol
Para Artavia, a RSE no futebol ocorre em três níveis: na comunidade em geral, porque promove valores desejáveis e contribui para a ocupação de espaços esportivos ociosos; na indústria do esporte, porque qualquer clube, por menor que seja, tem torcida e pode crescer; e na gestão interna de cada equipe, com a formação do atleta, a preparação para o pós-carreira e, mesmo, a integração familiar.
A gestão responsável de um clube, nos moldes do negócio que o futebol é hoje, foi desenhada pela Incae da seguinte maneira:
-      Forjar uma estratégia e uma equipe baseada em valores e na força da imagem do time na comunidade;
-      Capacitar os jogadores para fazer muito mais do que jogar futebol. Isto quer dizer que, desde a base, eles serão preparados para estudar e ter uma profissão, caso a carreira de jogador não dê certo. Se conseguirem firmar-se, devem entender perfeitamente qual é o papel deles na comunidade, no clube e na “indústria do futebol”;
-      Alinhar os objetivos com os recursos existentes (financeiros, físicos, etc.).
Esse plano era bonito no papel. Mas quem seria o investidor disposto a bancá-lo no mundo real? E com um time na Costa Rica?
Pois esse investidor apareceu no início dos anos 2000. Jorge Vergara, empresário mexicano que já comprara o Chivas no México e o Chivas USA, decidiu arriscar na Costa Rica: comprou o Saprissa para disseminar sua marca, a Omnilife, no país. No caso específico desse time, Vergara resolveu adotar a estratégia proposta pela Incae.
Assim, os dirigentes do Saprissa aceitaram critérios-chave, considerados imprescindíveis para o sucesso do projeto:
-      Contratar somente jogadores costariquenhos;
-      Limitar a concessão comercial na camisa do clube;
-      Lançar marcas próprias do time (Sapricola, Saprisnacks etc.);
-      Atuar na comunidade, com ações que contribuam para fortalecer a marca Saprissa;
-      Diversificar a prática de esportes, para atrair outros atletas e mesmo membros da comunidade.
A Omnilife também abriu escolinhas de futebol em seus mercados mais fortes, fez parceria com a Prefeitura de San José (a capital do país) para manutenção de campos e de equipes infantis e juvenis em bairros da periferia, alugou esses campinhos para jogos entre empresas e fundou a escola e a universidade do futebol, para capacitar profissionais nesse esporte.
A nova gestão do Saprissa foi muito bem-sucedida. Em 2005, o clube participou do Campeonato Mundial Interclubes, no Japão, porque venceu a Liga de Clubes Campeões da Concacaf, derrotando principalmente times mexicanos. Esse sucesso exigiu que os demais clubes do país também investissem na modernização, influenciando a federação de futebol da Costa Rica.
Campeonato Nacional
Atualmente, seis ligas compõem a Federación Costarricense de Fútbol, a saber: Unafut (Primeira Divisão), Lifuse (Segunda Divisão, a Liga de Acesso), Anafa (futebol de juniores), Afusco (futebol de salão), Adefupla (futebol de praia) e Adeliffe (futebol feminino).
A Unafut já tem como objetivo específico promover, por meio dos jogos dos grandes times do país, a identidade comunitária e a coesão social. Os técnicos, dirigentes e executivos dos clubes estão sendo capacitados para atuar também nesse sentido.
Por meio de uma parceria com o Colégio de Engenheiros e Arquitetos do país (uma espécie de Crea de lá), os estádios estão sendo reformados para atender um padrão mínimo de segurança, higiene e acessibilidade – o “padrão Costa Rica” de estádios: sem luxo, mas com todos os equipamentos para o torcedor frequentar e torcer com segurança.
A federação nacional também iniciou uma campanha para estimular as empresas a usar o investimento social privado em projetos de futebol, seja apoiando escolinhas, seja financiando técnicos para times comunitários (o equivalente a nossos “times de várzea”).
A Costa Rica também criou as primeiras fundações de times de futebol. A ideia é usar o poder de convocação dos times de futebol para mobilizar a sociedade civil para projetos que beneficiem jovens e outros setores mais carentes da população. O Saprissa, que iniciou esse projeto, há três anos é uma fundação e desenvolve ações com ONGs de educação, moradia e esportes paraolímpicos a fim de fazer-se conhecer por esse público, contribuir na arrecadação de fundos e incentivar a torcida a fazer trabalhos voluntários nessas entidades, entre outras ações.
Três equipes, entre elas o Saprissa, têm parcerias com governos locais para levar jovens em risco social para assistir a partidas de futebol no estádio do time e participar dos programas que os times mantêm. O Saprissa, por exemplo, a cada jogo que realiza em seu estádio, leva 80 jovens indicados por ONGs parceiras. Esses jovens são escolhidos de acordo com o desempenho escolar e a participação na vida comunitária.
Em parceria com especialistas, muitos times da primeira divisão abriram centros comunitários de reciclagem de resíduos sólidos, para aproveitar a localização e o espaço existente nos estádios.
Já imaginou se Flamengo, Corinthians, Palmeiras, Santos, enfim, todos os times do campeonato nacional usassem a força de suas marcas e o poder de convocação que têm sobre as torcidas para ajudar as comunidades e bairros onde os próprios torcedores moram? Bem, esse é um sonho que a Costa Rica inspira.** Publicado originalmente no site Costa Rica.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Costa Rica neutra em carbono: apenas um slogan?




CostaRicabosque Costa Rica neutra em carbono: apenas um slogan?

Floresta nublada na Costa Rica. Foto: Germán Miranda/IPS

Cumprir a meta que a Costa Rica se impôs, de até 2021 ser o primeiro país do mundo com carbono neutro, dependerá da prioridade que lhe der o vencedor do segundo turno da eleição presidencial, em abril. Ser neutro em carbono significa retirar da atmosfera tanto dióxido de carbono quanto se lança. Mas os especialistas duvidam sobre o futuro do chamado plano de carbono neutro, ausente da campanha eleitoral, que terminou no dia 2, sem que nenhum dos candidatos à Presidência conseguisse 40% dos votos necessários para evitar nova votação.
Mais de três milhões de eleitores escolherão, em 6 de abril, entre o centro-esquerdista Luis Guillermo Solís, do opositor Partido Ação Cidadã (PAC), que obteve 31% dos votos, e Johnny Araya, de centro-direita, do governante Partido Libertação Nacional (PLN), que ficou com 29% dos votos, segundo dados oficiais não definitivos.
“Os estudos dizem que a meta de 2021 não é alcançável. Devemos caminhar para essa meta, mas, realisticamente, é provável que estejamos falando de 2025”, disse à IPS a assessora ambiental do PAC, Patricia Madrigal. Para ela, a neutralidade em carbono não deve ser vista de maneira isolada, mas como um eixo orientador de toda a política pública dos próximos governos, com mandatos de quatro anos.
Em 2007, a Costa Rica decidiu se converter em pioneira mundial em carbono neutro e se impôs a meta de fixar tanto dióxido de carbono (CO2) quanto o que emitir até 2021, ano em que será comemorado o bicentenário de sua independência.
Especialistas e funcionários governamentais ouvidos pela IPS reconhecem que o governo que tomar posse em 8 de maio deverá assumir desafios complexos em transporte, energia, ordenamento institucional e agricultura caso desejo cumprir esse prazo. Além disso, acrescentam que é necessária uma vinculação da economia nacional com a luta para mitigar e se adaptar à mudança climática.
“A meta de carbono neutro, por não estar vinculada com o setor de transporte – que é o maior gerador de emissões – ficou no slogan para arrecadar fundos internacionais”, criticou Mónica Araya, diretora da organização Costa Rica Limpa e uma das negociadoras governamentais sobre mudança climática até meados de 2013.
René Castro, ministro de Meio Ambiente e Energia assegurou à IPS que a meta de carbono neutro avançou entre “75% e 80%”. Mas, também reconheceu que a dívida no setor de transporte “é notória”, pois representa 42% das emissões nacionais de CO2. Uma prioridade para avançar mais é reduzir a dependência dos hidrocarbonos e modernizar o obsoleto sistema de transporte público costarriquenho, composto por centenas de linhas de ônibus e um trem recém-inaugurado, que une as quatro maiores cidades.
Os partidos dos dois candidatos à Presidência propõem instalar um trem elétrico na capital e renovar a frota de ônibus e táxis. Este país da América Central, de 51.100 quilômetros quadrados e 4,4 milhões de habitantes, também tem pontos fortes, como o notável avanço na cobertura vegetal, que passou de 21% do território, em 1983, para 52%, em 2012. Este êxito se deve principalmente ao estatal Programa de Pagamento por Serviços Ambientais, precursor local da iniciativa para a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação das Florestas (REDD) no Sul em desenvolvimento.
Entretanto, segundo o documento Estado da Nação 2013, Desafios para 2014-2018, encomendado pelo Conselho Nacional de Reitores de universidades públicas, a pegada de carbono do país cresceu 43% entre 2002 e 2012, quando as emissões de CO2 chegaram a 16 milhões de toneladas. Essa pegada representa o território ecologicamente produtivo necessário para absorver as emissões de carbono.
Os dois partidos que disputarão a possibilidade de governar a partir de maio concordam que é preciso reformar o ordenamento institucional. Atualmente, a autoridade do setor é a Direção de Mudança Climática, vinculada ao Ministério Meio Ambiente e Energia (Minae). O PAC quer um “supraministério”, que coordene a atuação frente à mudança climática, enquanto o PLN propõe adotar uma estratégia nacional específica.
Dentro do aparelho estatal também há atores que pedem urgência na renovação da estrutura institucional, corroída por uma dissociação entre a tarefa encomendada às instituições e o poder real que têm. “A agenda de mudança climática deve se converter em uma agenda de desenvolvimento e que não seja uma responsabilidade exclusiva do Minae, que é frágil e com recursos limitados”, afirmou à IPS o diretor de Mudança Climática do ministério, William Alpízar.
Para ser neutra em carbono, a Costa Rica deve reduzir ao máximo suas emissões de CO2 e compensar as remanescentes mediante a absorção por novas florestas. O setor privado participa do esforço mediante certificações de carbono neutro. A Direção de Mudança Climática já certificou oito empresas e outras quatro estão com o processo em análise.
Durante a 19ª Conferência das Partes (COP 19) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, realizada em novembro em Varsóvia, a Costa Rica apresentou o projeto do primeiro banco de CO2, destinado a negociar bônus de carbono entre empresas emissoras e donos de terrenos com florestas que os capturem. Os números oficiais mostram que o país emitirá cerca de 21 milhões de toneladas de carbono até 2021, das quais espera compensar 75% com a captura por suas florestas, uma quantidade praticamente igual à de suas emissões atuais.
“De acordo com um exercício que fizemos há cerca de nove meses, temos um buraco para preencher de 5,2 milhões de toneladas. Isso é o que temos de reduzir e se divide em transporte, agricultura e resíduos”, pontuou Alpízar. A crítica a esse modelo diz que destina a carga de reduzir as emissões à cobertura florestal, sem propor uma mudança real de políticas para um desenvolvimento plenamente adaptado à mudança climática.
“Em nome do carbono neutro deixamos tudo o que temos de fazer com a mudança climática”, apontou à IPS o auditor ambiental Jorge Polimeni, da Fundação Bandeira Ecológica, promotora de uma adaptação mais integrada aos embates do fenômeno. O estudo Impacto Econômico dos Fenômenos Hidrometeorológicos na Costa Rica, coordenado pelo pesquisador Roberto Flores, concluiu, no ano passado, que, entre 2005 e 2011, os efeitos da mudança climática custaram ao país US$ 710 milhões. Envolverde/IPS
(IPS) 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Rapidinhas (in)sustentáveis

Construções sustentáveis fincam raízes no país

A sustentabilidade parece que veio para ficar.  Hoje, são mais de cem edificações com certificação Leed (Liderança em Energia e Design Ambiental) e outras setecentas que aguardam na fila.  Porém, para receber o selo alguns requisitos devem ser observados visando à redução dos impactos ambientais: uso racional da água, eficiência energética, espaço sustentável, qualidade ambiental interna, materiais e recursos e inovações em tecnologia.
Desde o início do ano, foram mais de noventa registros brasileiros em busca de certificação. Dados do setor dão conta de que construções sustentáveis custam em média entre 1% a 7% mais do que uma construção comum, mas têm custo operacional reduzido de 8% a 9% e valorização de 10% a 20% no preço de venda, segundo o diretor técnico e educacional do GBC Brasil, Marcos Casado.

Costa Rica:  bom exemplo para o meio ambiente

Enfim, uma luz no fim do túnel.  Porém, apesar de longe, esperamos que seu foco ilumine nossos governantes, abrindo mentes e corações.  Segundo  o ministro do meio ambiente da Costa Rica, América Central, René Castro, os dois principais zoológicos locais serão transformados em jardins botânicos.  Portanto, adeus jaulas. 
A ideia é interagir a biodiversidade com a natureza.  O país vem se destacando positivamente no cenário mundial do turismo sustentável e desponta como uma opção interessante para os amantes da natura.  Vale a visita.

Cadê Amarildo?

Hoje faz 37 dias que Amarildo foi levado para dentro da UPP da Rocinha por policiais militares e de lá desapareceu.
Com a palavra o Governador Sérgio Cabral.