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terça-feira, 19 de julho de 2016

O que o brasileiro pensa sobre meio ambiente

 Foto: Shutterstock
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Questões ambientais e de sustentabilidade estão na pauta do cotidiano. No entanto, é preciso saber o que as pessoas pensam sobre meio ambiente e como reagem a questões que estão cada vez mais presentes no dia a dia.
O instituto de pesquisa Market Analysisdedicado ao estudo de temas como responsabilidade social, sustentabilidade e consumo consciente elaborou uma pesquisa detalhada para saber qual a percepção dos desafios ambientais e como as pessoas reagem.
Tecnologias para ajudar a ter um estilo de vida sustentável e diminuir o impacto ambiental já são parte deste contexto, assim como a preocupação crescente das instituições sociais e governamentais nesta área de atuação. Mas o que pensa o brasileiro desde uma perspectiva individual sobre estas iniciativas? Existe consciência ambiental na sociedade?
A pesquisa “Entendendo o Contexto da Opinião Ambiental”, divulgada esta semana pelo Instituto Market Analysis mostra que temas como Poluição de rios, lagos e oceanos, Poluição do ar em geral, Escassez de água potável, As emissões de gases dos automóveis, Mudanças climáticas/aquecimento global e A diminuição dos recursos naturais são considerados de extrema gravidade por mais de 90% dos entrevistados. No entanto as reações em relação às soluções ainda são bastante díspares, com uma parte das pessoas considerando que a inovação tecnológica vai ajudar a superar essas questões, enquanto outra parte acredita que é necessária uma mudança de comportamento.
Outro dado interessante é sobre os atores que podem ajudar a resolver os problemas. A maior parte das pessoas não acredita que governos possam solucionar essas questões e colocam uma maior confiança em organizações sociais e empresas.
(Envolverde/Utopia Sustentável)

terça-feira, 14 de junho de 2016

Sociedade diz não a lei do carro a diesel

Protesto do Greenpeace na Alemanha contra Volkswagen, que adulterou milhões de carros a diesel para disfarçar emissões em testes. Foto: Michel Loewa/Greenpeace
Protesto do Greenpeace na Alemanha contra Volkswagen, que adulterou milhões de carros a diesel para disfarçar emissões em testes. Foto: Michel Loewa/Greenpeace
Cientistas, médicos, ONGs, empresários e ex-ministros do Meio Ambiente assinam manifesto em repúdio a projeto que libera no Brasil veículos mais poluentes, condenados em outros países

Um conjunto amplo de representantes da sociedade civil brasileira lançou nesta segunda-feira (13/6) um manifesto de repúdio ao Projeto de Lei 1.013/2011, que libera a fabricação e a venda de carros de passeio a diesel no Brasil. O projeto poderá ser aprovado nesta semana numa comissão especial da Câmara, de onde irá diretamente para o Senado.
O manifesto, organizado pelo Observatório do Clima, foi enviado nesta manhã à comissão. Ele tem as assinaturas de médicos, de cientistas especialistas em poluição do ar, de organizações de pesquisa, de entidades ambientalistas e de defesa do consumidor, de empresários e de cinco ex-ministros do Meio Ambiente – Rubens Ricupero, José Carlos Carvalho, Marina Silva, Carlos Minc e Izabella Teixeira.
Os signatários consideram que o projeto é um atentado aos interesses da sociedade brasileira e deve ser arquivado. Se aprovado, ele porá o Brasil na contramão da tendência mundial de reduzir a poluição no setor de transportes, dificultando o cumprimento das metas climáticas nacionais no Acordo de Paris e reduzindo o consumo de etanol; causará danos à saúde pública, liberando aqui veículos altamente poluentes, que vêm sendo condenados nos países desenvolvidos (as cidades de Paris e Londres, por exemplo, anunciaram que esses carros serão banidos de suas ruas em 2020); e prejudicará a economia, forçando o país a importar mais óleo diesel e encarecendo o transporte de cargas.
“É incrível que ainda tenhamos gente no Brasil que aposta no obsoleto para justificar ganhos de curto prazo. O mundo caminha na direção da economia de baixo carbono e do crescimento inclusivo. O país que mostrou ao mundo o caminho dos biocombustíveis não pode ter como escolha usar diesel em seus carros de passeio. Não é só uma medida absurda ou extemporânea. É inaceitável”, disse a ex-ministra Izabella Teixeira.
Para André Ferreira, diretor-presidente do Iema (Instituto de Energia e Meio Ambiente), organização integrante do Observatório do Clima, o projeto está na contramão dos esforços para reduzir emissões de gases de efeito estufa. “Deveríamos estar discutindo como viabilizar um combustível renovável em substituição ao diesel, e, não o oposto. Os veículos leves a diesel concorrerão diretamente com os automóveis flex e, portanto, com o etanol. Sem falar que se trata de uma barreira a mais para o avanço da eletricidade no setor de transportes.”
O médico Paulo Saldiva, diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP e um dos maiores especialistas do Brasil em poluição atmosférica urbana, afirma que o projeto de lei traz risco potencial de dano à saúde de milhões de habitantes de metrópoles brasileiras. “Os veículos a diesel são as principais fontes de compostos como particulados finos e óxidos de nitrogênio e enxofre, que causam problemas sérios de saúde. Deveríamos discutir como ampliar o transporte coletivo e reduzir o uso de diesel, mas o projeto propõe o inverso: mais transporte individual e mais diesel. Ou seja, mais congestionamento, ar mais poluído e, potencialmente, mais mortes precoces.”
“O Brasil não tem políticas suficientemente robustas para mitigar os impactos ambientais dos carros a diesel”, afirma Cláudio Considera, presidente do Conselho Diretor da Proteste Associação de Consumidores. “Antes de considerar a suspensão das restrições de carros a diesel, a União deveria implementar outras medidas que visam proteger a saúde e qualidade do ar provocadas pelas fontes energéticas já existente, como gasolina, álcool e o próprio diesel em veículos leves comerciais e veículos pesados”, afirmou.
Para Jorge Abrahão, diretor-presidente do Instituto Ethos, há um risco adicional na proposta – o da credibilidade internacional do Brasil. “A aprovação na comissão da Câmara de Deputados do PL do diesel será um grave retrocesso em relação aos compromissos assumidos pelo Brasil na COP21. O Brasil tem a oportunidade de ser um dos líderes da agenda do clima com preservação e inclusão social, mas decisões como esta trarão insegurança e colocarão em risco os investimentos e empregos na direção da economia de baixo carbono”, diz. (OC/ #Envolverde/Utopia Sustentável)

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Legado Olímpico é o cacete!!!


Mais uma vez o meio ambiente é jogado para escanteio.  Em uma atitude que só vem comprovar a falta de prioridade para com tema tão importante, Prefeitura do Rio, Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal, por motivos que vão desde a suspeita de fraudes em licitação a exigências absurdas que poderiam (e deveriam) ter sido apontadas nas várias audiências públicas havidas desde 2013, impediram, assim como a prometida limpeza da Baía da Guanabara, a realização do Projeto de Recuperação Ambiental do Sistema Lagunar da Barra e Jacarepaguá, mais um legado olímpicos rasgado.

Para quem acreditou nas abobrinhas e promessas feitas pelo prefeito camaleão, Eduardo Paes, aquele mesmo que, conversando informalmente com o ex-presidente Lula por conta da Operação Lava Jato, prometeu ser um “soldado seu na luta contra o impeachment”, lembram-se (???), a frustração é grande.

Obra importantíssima para a Bacia da Barra e Jacarepaguá, orçada em aproximadamente 700 milhões, teve protelações inadmissíveis por todas as entidades responsáveis, que não cumpriram minimamente o cronograma pré-estabelecido e hoje, com a alta do dólar e idas e vindas do projeto, viu o valor para execução da obra cair para 10% do valor inicial, um absurdo, escandaliza-se o oceanógrafo, David Zee.  




Por sua vez, o município sequer construiu as cinco UTRs (Unidades de Tratamento de Rios) prometidas, que desembocariam nas lagoas de Jacarepaguá e Tijuca.  Omissão criminosa.  Para piorar a situação, a Rio Águas rescindiu, em dezembro passado, o contrato com o Consórcio Rios de Jacarepaguá, que recuperaria os rios daquela bacia. 

Agora, a solução possível seria, após a Rio 2016, empresários do entorno, em parceria com o poder público, se juntarem e realizar o trabalho, que é de interesse mútuo, em troca de benefícios como o ICMS verde. A conferir.

Se estivéssemos em plena realização das Olimpíadas, hoje, este fim de semana, seria de uma vergonha imensurável para os cariocas.  Confirmando as péssimas condições de navegabilidade e as precárias soluções para manter minimamente navegáveis os rios da região, as barreiras que impedem a passagem das gigogas -vegetação que invade os rios e bacias- se romperam tornando a passagem de barcos por canais que atendem os moradores das dez ilhas locais, praticamente ilhados em suas casas.   

Presidente do grupo C40, que reúne líderes de grandes cidades do mundo visando decidir e adotar medidas contra mudanças climáticas, seria interessante ouvi-lo agora para saber se ao menos não se sente envergonhado com tamanho descaso.  Mas outubro está aí e será a hora da população dizer um rotundo “Não” à continuidade de poder pretendida pelo prefeito traidor e sua trupe.  Até lá só nos resta cobrar.

Abraços Sustentáveis


sexta-feira, 9 de outubro de 2015

O Sistema Financeiro que Precisamos


Relatório do Pnuma mostra como melhorar a eficácia do sistema financeiro no apoio ao desenvolvimento sustentável.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) divulgou, nesta quinta-feira (8), durante o encontro anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, o novo relatório “O Sistema Financeiro que Precisamos”. Resultado de uma investigação de dois anos, o documento mostra como aproveitar os ativos do sistema financeiro mundial para a sustentabilidade.
Entre as principais conclusões, o relatório afirma que uma ‘revolução silenciosa’ está em andamento conforme os formuladores de políticas e reguladores financeiros tomam medidas para integrar as questões sobre desenvolvimento sustentável aos sistemas financeiros e torná-los aptos para o século 21.
O ‘momentum’ está ganhando força e é, em grande parte, impulsionado por países emergentes e em desenvolvimento, incluindo Bangladesh, Brasil, China, Quênia e Peru, com campeões de países desenvolvidos como a França e o Reino Unido.
Achim Steiner. Foto: Divulgação
Achim Steiner. Foto: Divulgação
Ampliar essas experiências através de ações nacionais e internacionais poderia direcionar o capital privado para financiar a transição para uma economia inclusiva, verde e apoiar a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Para Achim Steiner, Subsecretário-Geral da ONU e Diretor Executivo do Pnuma, a pesquisa pela primeira vez compilou e analisou iniciativas inspiradoras de todo o mundo que buscam alinhar melhor o sistema financeiro com o desenvolvimento sustentável, mostrando que há muito a ser aprendido com o mundo em desenvolvimento. “Precisamos agora elevar o nível de ambição e de cooperação para garantir que as zonas centrais da economia global e o sistema financeiro possam evoluir para servir o seu propósito central de crescimento e sustentação da economia real”, analisa. Steiner acredita que o relatório abre um novo capítulo, estabelecendo como tal evolução pode ser alcançada.
Sobre o relatório
A pesquisa relativa ao Plano de um Sistema Financeiro Sustentável teve início em janeiro de 2014 com um mandato para desenvolver opções políticas que melhorassem a eficácia do sistema financeiro no apoio ao desenvolvimento sustentável. Apoiado por um Conselho Consultivo de líderes financeiros de alto nível, o Inquérito examinou com profundidade a prática em mais de 15 países, bem como entre os segmentos-chave do sistema financeiro, como mercados bancários, de obrigações e de ações, investimento institucional, seguro e política monetária. Para chegar a suas conclusões, o Inquérito tem trabalhado com os bancos centrais, ministérios do meio ambiente, instituições financeiras internacionais, grandes bancos, bolsas de valores, fundos de pensão e companhias de seguros.
Capa do relatório. Foto: Reprodução
Capa do relatório. Foto: Reprodução
Foram identificadas cinco tipos de medidas que estão sendo introduzidas pelos formuladores de regras financeiras:
– Melhorar as práticas de mercado através de uma melhor divulgação, responsabilidades claras e critérios de produtos melhorados;
– Aproveitar o balanço público, através de incentivos fiscais, instituições financeiras públicas e ação do banco central;
– Direcionar as finanças através de medidas políticas, tais como empréstimos ao setor prioritário, requisitos legais e os regimes de responsabilidade;
– Transformar a cultura financeira, através da capacitação, revisão dos incentivos e da estrutura de mercado;
– Governar o sistema de atualização através de princípios orientadores, exigências regulatórias e medição de desempenho.
No total, a pesquisa descobriu mais de 100 medidas que já estão em prática, incluindo:
– China: um portfólio com 14 recomendações distintas para promover o sistema financeiro verde da China, cobrindo informações, medidas legais, institucionais e fiscais;
– França: novos requisitos de divulgação sobre a mudança do clima têm sido introduzidos para os investidores institucionais, como parte da legislação sobre a transição energética do país;
– Quênia: possui inclusão financeira avançada através do dimensionamento de serviços de pagamento móveis, que agora também estão apoiando o financiamento verde;
– Peru: novos requisitos de vigilância foram introduzidos para os bancos para ajudar a reduzir as externalidades sociais e ambientais;
– EUA: enfatizam medidas fiscais que aceleram o financiamento verde e têm dado avanços significativos na publicação e na ação de investidores.
O relatório apresenta um Quadro de Ação que inclui uma caixa de ferramentas com cerca de 40 medidas diferentes, um conjunto de cinco pacotes de políticas em toda a operação bancária, títulos e mercados de ações, investidores institucionais e seguros, e um conjunto dos 10 próximos passos prioritários para promover a cooperação financeira internacional.
(Pnuma/ #Envolverde/Utopia Sustentável)

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Nova história para a Mata Atlântica


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Secretários de Meio Ambiente de 13 dos 17 Estados da Mata Atlântica assinaram a carta conjunta “Nova História da Mata Atlântica”, documento proposto pela Fundação SOS Mata Atlântica que apresenta o compromisso desses Estados em ampliar a cobertura florestal nativa e perseguir o desmatamento ilegal zero no bioma até 2018.
São signatários da carta os secretários de Meio Ambiente dos Estados da Bahia, Eugênio Spengler; do Ceará, Artur Vieira Bruno; do Espírito Santo, Rodrigo Marques de Abreu Júdice; de Minas Gerais, Luiz Sávio de Souza Cruz; da Paraíba, João Azevêdo Lins Filho; do Paraná, Ricardo José Soavinski; de Pernambuco, Sérgio Xavier; do Piauí, Luiz Henrique Sousa Carvalho; do Rio de Janeiro, André Corrêa; do Rio Grande do Norte, José Mairton França; do Rio Grande do Sul, Ana Maria Pellini; de São Paulo, Patrícia Faga Iglecias Lemos; e de Sergipe, Olivier Ferreira das Chagas. Não assinaram o documento, mas ainda podem aderir ao compromisso os Estados de Alagoas, Goiás, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.
“A sociedade brasileira não aceita mais o desmatamento como o preço a pagar pela geração de riqueza. Considerando que 72% dos brasileiros habitam a região originalmente coberta pela Mata Atlântica, preservar o que restou e restaurar o que se perdeu tornou-se uma questão de sobrevivência. E uma agenda estratégica para o país”, aponta o documento.
“É fundamental esse compromisso formal dos secretários em defesa da Mata Atlântica, Patrimônio Nacional, que agora precisa ser refletido em ações práticas de conservação da rica biodiversidade do bioma em Unidades de Conservação públicas, com incentivos à criação de mais Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), benefícios a quem preserva florestas naturais por meio do Pagamento por Serviços Ambientais, ICMS-Ecológico e outros mecanismos já existentes no país”, explica Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica.
NovahistoriaparaMatAtlantica
Embora o último Atlas dos Remanescentes Florestais tenha trazido um dado positivo, de 24% de queda no desmatamento da Mata Atlântica, o desmatamento no período de 2013 a 2014 ainda foi equivalente a 18 mil campos de futebol. E, dos 17 Estados da Mata Atlântica, nove apresentaram desmatamentos menores do que 100 hectares: São Paulo (61 ha), Rio Grande do Sul (40 ha), Pernambuco (32 ha), Goiás (25 ha), Espírito Santo (20 ha), Alagoas (14 ha), Rio de Janeiro (12 ha), Sergipe (10 ha) e Paraíba (6 ha).
Com tais índices, esses Estados aproximam-se da meta do desmatamento zero no bioma e abrem oportunidades para outra discussão: a necessidade de se recuperar as áreas já desmatadas. “O compromisso está mantido para os avanços que precisam acontecer e os Estados deverão contribuir para o sucesso dele“, afirma Marcia.
A carta constata que a base jurídica para a meta do desmatamento ilegal na Mata Atlântica existe desde 2006, quando foi criada a Lei da Mata Atlântica, regulamentada nos Estados. “Agora é necessário tornar essa lei, que é uma conquista da sociedade, uma realidade, com investimentos contínuos e planejados em monitoramento, fiscalização e proteção dessa floresta”, diz Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica.
Ricardo José Soavinski, secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, analisa que a meta do desmatamento ilegal zero não será o maior desafio, já que o desflorestamento vem caindo no Estado. No último ano, o levantamento da SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostrou que o Paraná perdeu 921 hectares (ha) de florestas nativas, uma queda de 57% em relação ao ano anterior, quando foram desmatados 2.126 ha. “Esta é uma boa notícia que nos dá a percepção de que a dificuldade não seja tão grande. Para alcançar a meta, investiremos em fiscalização, educação ambiental e engajamento da população, principalmente dos proprietários de terra. Investiremos também no monitoramento das áreas numa escala mais precisa e de uma boa estruturação dos órgãos ambientais, junto aos de segurança, contando também com o apoio dos municípios no fortalecimento da gestão ambiental e respeitando a Lei complementar 140”, observa.
Para a meta de restauração, outros instrumentos também previstos em lei apontam o caminho a ser seguido pelos Estados na missão de reescrever a história da Mata Atlântica. “Cerca de 90% do bioma foi desmatado, por isto não basta preservar o que restou, é preciso restaurar boa parte do que foi devastado. O Código Florestal de 2012 prevê a restauração de cerca de 20 milhões de hectares desmatados ilegalmente, por isto é fundamental que os Estados da Mata Atlântica se comprometam com a implementação do Cadastro Ambiental Rural e os Planos de Recuperação Ambiental”, complementa Mantovani.
O Estado de São Paulo, que passa por uma grave crise hídrica motivada por eventos climáticos extremos e agravada pela ausência de cobertura vegetal adequada nas regiões dos mananciais que abastecem os reservatórios de água, apresentou recentemente um exemplo nesse sentido com o lançamento, em junho deste ano, do Programa Nascentes. O objetivo é recuperar 20 mil hectares de matas ciliares e proteger 6 mil quilômetros de cursos d’água.
“Um programa como este tem a tendência de atingir um resultado positivo, pois não é da Secretaria de Meio Ambiente, mas sim de governo e tem o envolvimento de 12 secretarias. Além disso, já ficou no passado a ideia de reflorestamento em que simplesmente se plantava e acabava a obrigação. Hoje, tudo o que fazemos no Estado inclui o conceito de restauração ecológica”, esclarece Patrícia Faga Iglecias Veiga, Secretária de Estado do Meio Ambiente de São Paulo. Entre 2013 e 2014, o Estado de São Paulo teve 61 ha de floresta desmatados, sendo que um terço disto foram áreas autorizadas para a construção do Rodoanel.
Sobre o documento “Nova história para a Mata Atlântica”, Patrícia ressalta ainda a importância desse esforço conjunto entre os Estados e a SOS Mata Atlântica. “É fundamental mostrar o compromisso desses Estados com o bioma. São Paulo continuará a trabalhar na fiscalização, nas novas tecnologias e em tudo aquilo que é importante para se atingir essas metas”, afirma.
André Corrêa, secretário de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro, adverte que “preservar e ampliar a cobertura da Mata Atlântica não é apenas um ativo ambiental, mas um ativo econômico e de segurança hídrica”. Foi durante o primeiro “Encontro dos Secretários da Mata Atlântica”, realizado em 13 de maio, no Rio de Janeiro, pela SOS Mata Atlântica com o apoio do Governo do Rio de Janeiro, que os secretários e representantes dos Estados se reuniram pela primeira vez para um diálogo e definição das metas apresentadas agora na carta conjunta. Um segundo encontro já está programado para ocorrer no segundo semestre deste ano, em São Paulo, e terá como tema central experiências positivas em programas e políticas estaduais de Pagamentos por Serviços Ambientais. (SOS Mata Atlântica/ #Envolverde/Utopia Sustentável)

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Papa pede urgência para o meio ambiente


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Papa Francisco. Foto: ©creative commons
Papa Francisco. Foto: ©creative commons
Documento pontifício dirigido ao mundo e publicado hoje aponta problemas ambientais e pede ação internacional para lidar com mudanças climáticas
A menos de seis meses da próxima rodada de negociações das Nações Unidas sobre o tema das mudanças climáticas, a COP 21, a encíclica do Papa Francisco é um forte sinal de que o mundo precisa de um acordo relevante e que os líderes mundiais precisam dar uma resposta à altura do desafio climático. O Papa mostra que acompanha a escalada dos anúncios globais sobre o clima ao trazer direcionamentos valiosos para a proteção do meio ambiente e dos seres humanos.
“O Greenpeace considera extremamente valiosa a intervenção do Papa Francisco na batalha de toda a humanidade para evitar mudanças climáticas catastróficas. A primeira Encíclica sobre o meio ambiente deixa o mundo mais próximo de momento de mudança no qual abandonaremos os combustíveis fósseis e o desmatamento de florestas para abraçarmos as energias limpas e renováveis para todos, até a metade deste século”, avalia Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional.
Todas as pessoas, sejam religiosas ou não, podem e devem reagir ao chamado de Francisco por iniciativas ousadas e urgentes. De acordo com a Encíclica, o meio ambiente é um bem comum, uma herança coletiva de toda a humanidade, e somos todos responsáveis por ele. O Greenpeace sempre defendeu essa posição. Por isso, com o apoio de milhares de pessoas queremos levar ao Congresso brasileiro uma proposta de lei que estabelece o Desmatamento Zero.
Um dos trechos da Encíclica diz que “a tecnologia baseada em combustíveis fósseis e altamente poluentes – principalmente o carvão, mas também o petróleo e, em menor grau, o gás natural– deve ser substituída de forma gradual, e sem demora’. Trata-se de um claro apelo para investidores, CEOs e líderes políticos responsáveis, que devem acelerar o ritmo da revolução das energias limpas.
Há ainda uma crítica aos que ‘detém a maior parte dos recursos e do poder econômico ou político e que parecem estar mais preocupados em esconder os efeitos negativos das mudanças climáticas’. É um recado direto aos que negam as mudanças climáticas e procuram atrasar, por exemplo, o desenvolvimento das energias renováveis.
Acima de tudo, o Papa Francisco lembra a todos nós, das pessoas comuns aos líderes mundiais, que o enfrentamento das injustiças sociais e climáticas é um imperativo moral. Os pobres são os mais afetados pelas mudanças climáticas catastróficas, embora tenham sido os que menos contribuíram para o problema.
“Recebemos de forma positiva a clareza e a franqueza da Encíclica sobre a necessidade de ação política internacional diante das mudanças climáticas, que faz prevalecer interesses específicos em detrimento do bem comum. As palavras do Papa devem servir para afastar os governantes de seu comportamento apático. Elas são um incentivo para que os líderes aprovem legislações severas de proteção ao clima em seus países, e para que cheguem a um sólido acordo sobre o clima em Paris, no final deste ano”, diz Márcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil.
A Encíclica é correta quando aponta que o desmatamento contribui fortemente para as emissões de CO2 e para o desaparecimento de espécies. Acabar com o desmatamento no Brasil é um passo importante para o combate às mudanças climáticas, pois hoje ele representa mais de 30% das nossas emissões. Além disso, florestas são essenciais para garantir equilíbrio hídrico e produção de alimentos.

Apoiamos o clamor do Papa Francisco aos líderes globais, para que protejam as florestas e os oceanos e escutem as exigências do povo e de cientistas de todo o mundo. “O gesto do Papa ressalta a importância de se chegar à um acordo ambicioso na ONU e também a necessidade de ações concretas nos países. Temos a Fé e a ciência do mesmo lado e os governantes devem seguir o exemplo, chegar aos acordos que precisamos e colocá-los em prática. No Brasil, isto significa acabar com o desmatamento e investir em energias renováveis, como a solar”, conclui Astrini. (Greenpeace Brasil)

quarta-feira, 25 de março de 2015

Diluir esgotos em rios é a forma mais perversa de desperdiçar água




A precária condição ambiental dos rios e reservatórios urbanos das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro refletem o lado perverso da trágica situação da escassez da água na região Sudeste.
Excesso de lixo no Rio Pinheiro, contrasta com os predios de luxo que margeam a Marginal Pinheiros na altura  da USP até a ponte Cidade Jardim, na zona sul de São Paulo. Foto: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas (07/01/2015)
Excesso de lixo no Rio Pinheiro, contrasta com os predios de luxo que margeam a Marginal Pinheiros na altura da USP até a ponte Cidade Jardim, na zona sul de São Paulo. Foto: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas (07/01/2015)

Estamos ficando sem água e com sede em frente a grandes rios e reservatórios poluídos.
Esse é o retrato que a análise da qualidade da água realizada em 111 rios brasileiros, em 5 Estados e no Distrito Federal, monitorados por grupos e voluntários da Fundação SOS Mata Atlântica, estampou nesta Semana da Água.
Em 21 rios, a qualidade medida é péssima. O que significa que essa água está indisponível para o uso e não pode ser sequer captada e tratada para abastecimento público, produção de alimentos ou usos múltiplos. Esses rios e mananciais poluídos estão condenados, com base na legislação vigente, a serem utilizados para diluir esgotos, com baixa eficiência de tratamentos. São os chamados rios de classe 4, enquadrados pela lei com base nos usos preponderantes das suas águas.
Esse é o caso, por exemplo, de rios como o Pinheiros e o Tietê, nas marginais da capital paulista, e do rio Carioca, no Flamengo, que já foi a principal fonte de água potável do município do Rio de Janeiro. Esse rio nasce no Morro do Corcovado, no Parque Nacional da Floresta da Tijuca, e logo que deixa as áreas protegidas recebe grande carga de poluição e desaparece por sete quilômetros – escondido debaixo de ruas e avenidas –, até ressurgir próximo à Baía de Guanabara, praticamente morto, fétido e cheio de lixo.
Embora os resultados desses rios urbanos não surpreendam mais os paulistanos e os cariocas, já acostumados com a paisagem degradante e com o odor de muitos dos seus córregos e rios, fica difícil explicar para um turista estrangeiro, ou para um morador do semiárido brasileiro, que essas capitais, cheias de grandes rios e reservatórios, estão com menos água disponível por habitante que muitos dos municípios do sertão nordestino.
Até mesmo rios importantes, como o Ipiranga, aquele do hino nacional, estão enquadrados na classe 4, destinados a compor duras paisagens urbanas e a diluir esgotos.
Assim como o rio Carioca, o Ipiranga nasce limpo no Jardim Botânico de São Paulo, no Parque Estadual Fontes do Ipiranga, protegido por uma reserva natural de Mata Atlântica, encravada na zona sul da cidade.
Mas, ao longo dos seus 9 km de extensão, a qualidade da água varia muito. As então margens plácidas foram encaixotadas e recebem efluentes que vêm sendo coletados e tratados lentamente. Em alguns trechos estão sendo implantados parques lineares, mas, na maior parte, ainda corre cercado pela avenida do Estado até desaguar no Tamanduateí, outro grande rio de classe 4, que acaba no Tietê.
Os indicadores medidos reforçam que a conservação da Mata Atlântica junto a nascentes e mananciais é fundamental para garantir água nas cidades. Sem a mata preservada não há água. Porém, água poluída não serve. É preciso que os rios e mananciais tenham a qualidade recuperada, mas não somente daqui a 20 anos.
O rio Jundiaí, no interior paulista, levou 30 anos para sair da condição de classe 4 para 3, com novas estações de tratamento de esgoto e recuperação de matas ciliares, que resultam na melhoria na qualidade de água, que variou de boa para regular ao longo do seu curso de 123 km – da nascente na Serra dos Cristais até a foz no rio Tietê.
Para acelerar a recuperação dos rios urbanos e garantir segurança hídrica para a região Sudeste e demais cidades desse levantamento feito pela sociedade, é urgente aperfeiçoar a legislação que trata do enquadramento dos corpos d´água, acabando com os rios de classe 4. A legislação deve definir, com base nos planos de bacias e em uma agenda estratégica, as metas de qualidade da água que queremos atingir, e não a condição atual dos rios.
Precisamos reconhecer que usar rios para diluir esgotos é a forma mais perversa e absurda de desperdício de água e que combater as fontes de poluição, na origem, a exemplo de países que recuperaram seus grandes rios, pode ser mais rápido e eficiente. SOS Mata Atlântica/Utopia Sustentável

segunda-feira, 9 de março de 2015

A luta pelo meio ambiente é política, não ideológica




Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock
Nos últimos anos, temos assistido a grandes retrocessos na política socioambiental brasileira. Aprovado há mais de dois anos com diversas concessões à bancada ruralista no Congresso Nacional, o novo Código Florestal (Lei 12.651/12) é o exemplo mais claro desse movimento que busca o enfraquecimento da legislação ambiental em prol de interesses de grupos pontuais.
Os que apoiam os retrocessos argumentam que o movimento ambientalista explora um debate ideológico dessas questões, e que esse debate seria distante, por exemplo, da realidade dos produtores agrícolas brasileiros e da necessidade mundial de produção de alimentos. Um argumento, porém, ilusório, pois a ciência já comprovou que a conservação das áreas de vegetação nativa é fundamental para a proteção da biodiversidade e para a disponibilidade de serviços ambientais essenciais a todos, incluindo a produção de alimentos. Apesar disso, o que se vê são decisões políticas que ignoram os pareceres técnicos e o conhecimento de pesquisadores e especialistas.
Enquanto o Código Florestal tramitava no Congresso Nacional, campanhas organizadas inicialmente pelo movimento ambientalista levaram ao debate público a discussão sobre a Lei, antes árida e técnica. A ideia era envolver a sociedade na discussão sobre os riscos que as alterações propostas traziam à população e ao meio ambiente. O resultado: um debate rico, com participação da academia, ONGs, políticos, personalidades de diversas áreas e uma sociedade mobilizada que promoveu campanhas nas redes sociais e nas ruas contra as mudanças da legislação, tudo com grande cobertura e repercussão na imprensa. A mobilização não impediu o retrocesso de pontos importantes da Lei, mas contribuiu para a garantia de algumas ferramentas, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), e reforçou a importância do envolvimento da sociedade em questões discutidas no Congresso, acompanhando de perto a atuação dos nossos governantes e parlamentares em relação aos temas ambientais.
Nesse sentido, destaca-se a atuação da Frente Parlamentar Ambientalista, que reúne deputados e senadores interessados em discutir as pautas relativas ao meio ambiente, bem como acompanhar os processos legislativos e outras atividades do Congresso Nacional que apresentam relação, direta ou indireta, com a questão.
A Frente Parlamentar Ambientalista foi criada pela primeira vez em 1987, com o objetivo de incluir a pauta ambiental nas discussões que levaram à Constituição de 1988. Entre suas conquistas estão o capítulo sobre o Meio Ambiente na Constituição e a inclusão de alguns biomas – entre eles a Mata Atlântica – como Patrimônios Nacionais. Além disso, a participação mais efetiva da sociedade civil organizada na Frente, a partir de 2007, já produziu resultados práticos, como a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que passou quase vinte anos sendo discutida sem consenso.
Dentro da Frente está também o Observatório Parlamentar Socioambiental, que monitora os projetos de lei em tramitação no Congresso referentes à área. Seu objetivo é acompanhar a atividade legislativa e ajudar a promover o desenvolvimento sustentável, oferecendo ao cidadão brasileiro um roteiro sobre o funcionamento do Congresso e o trâmite das leis de forma resumida e de fácil compreensão, além de alguns estudos apresentados nos principais debates ambientais. Em suma, a ideia é aproximar o cidadão comum da esfera em que as leis ambientais são discutidas e as decisões sobre elas são tomadas.
Apesar desses esforços, o enfraquecimento da agenda ambiental no país continua, o que fica visível na falta de incentivo do Estado em efetivar o desenvolvimento sustentável, seja em investimentos em conservação, fiscalização ou aplicação de políticas públicas já definidas. Os Planos Municipais de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, previstos na Lei da Mata Atlântica sancionada pelo governo federal em 2006, são exemplos de políticas que merecem maior atenção e investimentos para sua criação.
Outro sintoma é a desaceleração nos processos de criação de Unidades de Conservação (UCs), instrumentos mundialmente reconhecidos para a conservação e uso sustentável de recursos naturais. E o que falar da crise hídrica, que em 2014, durante o processo eleitoral, ficou praticamente de fora dos debates?
Neste início de 2015, a Frente Parlamentar Ambientalista já selecionou as pautas que serão prioritárias nesta nova legislatura, a exemplo da crise hídrica. Este foi inclusive o tema do primeiro café da manhã do ano organizado pela Frente na Câmara dos Deputados e que reuniu parlamentares, especialistas, secretários estaduais de Meio Ambiente e representantes de organizações da sociedade civil para um debate. Na ocasião, foi anunciada também a criação do “Comitê Gestor da Crise da Água no Brasil”, que levará ao Plenário mais discussões sobre soluções e enfrentamento da crise.
Outro tema prioritário ao grupo será a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 504/10, que pretende elevar o Cerrado e a Caatinga à condição de patrimônio nacional. Esses dois biomas representam juntos um terço do território brasileiro, sendo que a Caatinga é o único exclusivamente brasileiro. O texto encontra resistências na bancada ruralista no Congresso.
Ainda em relação ao Cerrado, o grupo quer prioridade para o PL 7338/14, que trata da conservação e da utilização sustentável da vegetação nativa deste bioma. Esse projeto ainda precisa ser analisado pelas comissões temáticas antes de ser votado no Plenário.
Outro ponto de atenção da Frente Ambientalista é a PEC 215/00, que transfere do Poder Executivo para o Congresso Nacional a prerrogativa de criar e modificar limites de terras indígenas, de quilombolas e áreas de proteção ambiental.
Para completar, a Frente Parlamentar Ambientalista acompanhará com atenção a aplicação das regras do CAR. De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), até o momento foram registrados pouco mais de 132,2 milhões de hectares, um terço (35,5%) do total estimado para cadastramento, que é 371,8 milhões de hectares. O limite para o preenchimento do CAR vai até o próximo 5 de maio e esse monitoramento é essencial para cobrar do MMA que não haja alterações nesse prazo.
Já é de entendimento de todos o quanto é imprescindível proteger a vegetação e, sobretudo, cobrar dos nossos governantes políticas mais efetivas para a conservação e recuperação das nossas florestas e ambientais naturais. Cabe agora ampliar a participação da sociedade nessa causa e no debate sobre as principais questões ambientais do nosso país. A luta continua!** Publicado originalmente no site SOS Mata Atlântica.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

E o “verde”, como fica?




izabella teixeira2 E o verde, como fica?
Izabella Teixeira. Foto: Martim Garcia/Divulgação/MMA
Nesta entrevista exclusiva, Izabella Teixeira revela em que momento foi chamada para permanecer no Ministério do Meio Ambiente, quais as prioridades acertadas com a presidente Dilma para os próximos quatro anos, suas expectativas em relação aos novos colegas de primeiro escalão – especialmente Kátia Abreu e Aldo Rebelo – e como vem recebendo as críticas dirigidas a ela pelo movimento ambientalista.
Izabella Teixeira me disse que já havia se programado para dar aulas em 2015 na Universidade de Stanford (EUA) como professora visitante. Mas o projeto teve que ser adiado, segundo ela, por uma “convocação” da presidenta Dilma. No último dia 18 de dezembro, logo após a cerimônia de diplomação, Dilma avisou à Izabella que contava com ela à frente do Ministério do Meio Ambiente por mais quatro anos. Pedido feito, malas desfeitas.
Sobre os rumores dando conta de que o senador Jorge Vianna (PT-AC) seria o nome preferido de Dilma até que o irmão dele, o governador reeleito do Acre, Tião Vianna, apareceu na lista de políticos denunciados na Operação Lava-Jato, Izabella foi taxativa. “Em nenhum momento isso foi falado comigo. Ela me convidou para darmos sequência àquilo que iniciamos no primeiro mandato, com algumas novas atribuições, como o enfrentamento da crise hídrica e a aprovação do novo marco de acesso a recursos genéticos”.
Um dos raros quadros técnicos do primeiro escalão do governo, Izabella não representa nenhum partido político e aparece no seleto grupo de mulheres (apenas seis) que figuram na foto oficial do ministério de Dilma neste segundo mandato, dividindo espaço com 33 homens.
E é justamente neste núcleo feminino da Esplanada que a presidenta reuniu duas protagonistas de uma antiga batalha política que vem sendo travada há anos.
Agora, Izabella Teixeira e Kátia Abreu pertencem ao mesmo time. A nova ministra da Agricultura – principal liderança do agronegócio no Brasil – foi uma das principais defensoras do novo Código Florestal (cujo texto final desagradou amplos segmentos do ambientalismo brasileiro). Kátia Abreu também vem apoiando a mudança constitucional que prevê a transferência do Poder Executivo para o Congresso Nacional (onde a bancada ruralista é forte) da responsabilidade por novas demarcações de terras indígenas e Unidades de Conservação. Esses não são os únicos pontos divergentes entre ela e Izabella Teixeira. Guerra à vista? Não necessariamente.
“Eu já conversei com a ministra Kátia Abreu. Estarei na cerimônia de posse dela. Nós nos falamos na cerimônia de posse da presidenta Dilma e combinamos de nos reunir para acertarmos uma agenda de trabalho comum. Kátia Abreu também considera prioridade a implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e me disse que deseja modernizar a legislação que rege a recuperação florestal.”
Outro colega de primeiro escalão com quem Izabella Teixeira conversou no dia da posse, foi Aldo Rebelo, da Ciência, Tecnologia e Inovação. Relator do Código Florestal – a quem dedicou aos “agricultores brasileiros” – Aldo foi criticado por ambientalistas e cientistas de apresentar um texto desprovido de embasamento científico e sem o aval de importantes instituições referenciais para o setor, como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Agência Nacional de Águas (ANA).
A impopularidade de Aldo Rebelo junto aos ambientalistas alcançou um ponto crítico em 2011 com a publicação de um texto, assinado por ele, intitulado “A trapaça ambiental”. Nele, afirmou que “o chamado movimento ambientalista internacional nada mais é, em sua essência geopolítica, que uma cabeça de ponte do imperialismo.” Ao comentar o agravamento do efeito estufa, foi taxativo: “Não há comprovação científica das projeções do aquecimento global, e muito menos de que ele estaria ocorrendo por ação do homem e não por causa de fenômenos da natureza”, opinião que contraria frontalmente a posição histórica do Brasil nas negociações do clima.
O ministro do PC do B acaba de assumir um ministério que vem subsidiando o governo brasileiro com informações estratégicas nas negociações climáticas patrocinadas pela ONU e que buscam a redução imediata das emissões de gases estufa. Negociações em que Izabella é liderança ativa. E agora? Para que lado vamos?
“Aldo Rebelo manifestou interesse em conversar comigo sobre a agenda do clima e os assuntos da biodiversidade. É bom lembrar que foi a própria presidenta Dilma quem destacou o protagonismo do Brasil nas negociações climáticas e que esse é um tema prioritário deste mandato. É uma ação articulada de governo onde estamos todos envolvidos”, ressaltou a ministra do Meio Ambiente.
Ao ser convidada por Dilma para permanecer no cargo, Izabella ouviu da presidenta a lista de prioridades na área ambiental. A posição brasileira na COP 21 – a Conferência do Clima que acontecerá em dezembro deste ano em Paris – é uma delas. A expectativa é a de que o encontro estabeleça novas metas e prazos para que todos os países – exceto aqueles mais pobres – reduzam suas emissões de gases estufa. O Brasil promoverá consultas públicas antes de fechar uma proposta.
Outra prioridade é a implementação do Código Florestal, especialmente a conclusão do Cadastro Ambiental Rural (CAR) que hoje, segundo o governo, alcança 130 milhões de hectares dos 329 milhões de hectares possíveis. Para que os proprietários de terra sejam cobrados em relação ao cumprimento das regras de proteção ambiental, é preciso conhecer a real situação de cada propriedade. Quem também procurou Izabella (na mesma cerimônia de posse de Dilma) para unir forças na conclusão do CAR foi o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias.
Aperfeiçoar o licenciamento ambiental é outra meta para os próximos quatro anos. O assunto incomoda aos ambientalistas, que temem a flexibilização dos atuais protocolos em favor dos interesses econômicos.
Em relação a esse ponto, Izabella lembra que a maioria absoluta dos licenciamentos hoje é oferecida pelos Estados (no caso das obras do PAC, 82% dos licenciamentos são estaduais) e diz que o Ibama se modernizou e virou referência. Segundo ela, o órgão conta hoje com 400 funcionários concursados para cuidar dos licenciamentos federais em uma estrutura mais ágil e informatizada. “Precisamos avançar nessa agenda. Não é possível, por exemplo, encomendar um novo estudo de impacto ambiental a cada dragagem de porto. Pode-se licenciar em blocos, como já se faz nas unidades de exploração de petróleo, sem nenhum prejuízo ambiental”.
Outra questão importante, segundo ela, é “acabar com o desmatamento ilegal em todos os biomas, e não apenas na Amazônia”. Izabella garante que não faltarão recursos para isso, mesmo sabendo que 2015 será um ano de severas restrições orçamentárias para todo o governo. “Não sei de quanto será o corte, mas nunca faltou dinheiro para fiscalização e combate ao desmatamento. Quando assumi o Ministério, o orçamento era de 560 milhões de reais por ano . Hoje é de aproximadamente 1,1 bilhão”.
Izabella lembra que conhece o atual dono do cofre – leia-se, Joaquim Levy, novo todo-poderoso do Ministério da Fazenda – desde que os dois participaram do governo Sérgio Cabral (ele na Secretaria de Fazenda, ela na Secretaria do Ambiente). Vem de lá uma afinidade em relação aos assuntos ambientais, muito por conta da militância da mulher de Levy, Denise, a ambientalista da família, que trabalha no BID e mora em Washington.
Sem ser política profissional – portanto, desamparada dos “apadrinhamentos” que aceleram processos e abrem caminhos nas redes de interesses que orbitam o Poder Central – Izabella Teixeira desenvolveu seus próprios métodos para tentar fugir do ostracismo em pleno exercício do cargo. “O importante é o diálogo, não se isolar e definir pautas comuns entre os ministérios”, diz ela, reconhecendo que é preciso comunicar melhor o dia-a-dia do seu ministério junto à sociedade.
Para Izabella, as fortes críticas dirigidas ao primeiro mandato da presidenta Dilma na área ambiental – principalmente as que partem das próprias organizações ambientalistas – não levariam em consideração um numeroso pacote de realizações que ela enumera, sem disfarçar uma certa indignação. Um dos assuntos mais controversos, por exemplo, é a taxa de desmatamento da Amazônia. “Registramos as quatro menores taxas de desmatamento da Amazônia. Realizamos mudanças importantes nos mecanismos de fiscalização e controle em parcerias com o Ministério da Ciência e Tecnologia e o INPE”.
Sobre as críticas de que Dilma foi a chefe de Estado que menos criou Unidades de Conservação (UCs) desde os governos militares, Izabella defende as novas diretrizes adotadas pelo governo. “Criar Unidades de Conservação em áreas onde existam conflitos fundiários não adianta. É preciso regularizar a situação primeiro. A propósito, nos últimos quatro anos, nenhum governador da Amazônia criou novas UCs. E ninguém menciona isso. Implementamos planos de manejo em 60 dessas unidades, mais do que foi feito nos oito anos de governo Lula”.
A maioria das medidas citadas na entrevista – não reproduziremos todas neste espaço – não teve visibilidade nem repercussão. O que não quer dizer que não sejam importantes. Na lista de Izabella não aparece, talvez por modéstia, a contribuição efetiva da delegação brasileira (chefiada por ela) para que o mundo alcançasse depois de 18 anos de negociações o Protocolo de Nagoya – o mais importante acordo ambiental internacional desde o Protocolo de Kioto – que versa sobre as regras de uso e proteção da biodiversidade. Também não mencionou a conquista do Prêmio Campeões da Terra, que lhe foi oferecido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), na categoria “liderança política”, pelos “esforços bem sucedidos em reverter o desmatamento da Amazônia”.
Leal a Dilma, Izabella sabe que o governo não entende a sustentabilidade como “eixo matricial das políticas públicas”, conforme tem defendido há décadas o colega e amigo jornalista Washington Novaes. Sabe também que boa parte de seus colegas de primeiro escalão – a maioria absoluta, vá lá – ainda vive, pensa e age como se não experimentássemos uma crise ambiental sem precedentes na história da Humanidade. E aí, o que fazer?
A ex-ministra Marina Silva pediu demissão alegando que perderia o pescoço, mas não o juízo.
O ex-ministro Carlos Minc bateu boca em público com mais de um ministro que lhe deixou “verde” de raiva pelo atropelamento das mais básicas cartilhas ambientais.
Izabella vai ficando. Que incomode bastante.
André Trigueiro é jornalista com pós-graduação em Gestão Ambiental pela Coppe-UFRJ onde hoje leciona a disciplina geopolítica ambiental, professor e criador do curso de Jornalismo Ambiental da PUC-RJ, autor do livro Mundo Sustentável – Abrindo Espaço na Mídia para um Planeta em Transformação, coordenador editorial e um dos autores dos livros Meio Ambiente no Século XXI, e Espiritismo e Ecologia, lançado na Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro, pela Editora FEB, em 2009. É apresentador do Jornal das Dez e editor chefe do programa Cidades e Soluções, da Globo News. É também comentarista da Rádio CBN e colaborador voluntário da Rádio Rio de Janeiro. ** Publicado originalmente no site Mundo Sustentável 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Brasil propõe diferenciar países no combate ao efeito estufa




Raphael e Jose Brasil propõe diferenciar países no combate ao efeito estufa
Raphael Azeredo e José Antonio Marcondes de Carvalho. Foto: Martim Garcia/MMA
Proposta nacional que será apresentada às Nações Unidas cria metas distintas e obrigatórias de redução de gases nos países desenvolvidos e em desenvolvimento
O governo brasileiro defenderá a responsabilidade diferenciada da comunidade internacional no corte de emissões de gases de efeito estufa.
A proposta começará a ser negociada a partir da próxima segunda-feira (27/11), quando começará em Lima, capital do Peru, a 20ª Conferência das Partes (COP 20) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), com a participação de representantes de 195 países.
Se aprovada, a medida estabelecerá metas distintas de redução de gases para os países desenvolvidos, que integram o chamado Anexo 1, e os países em desenvolvimento. “É uma proposta inovadora de convergência concêntrica capaz de acolher todos os países com metas específicas e obrigatórias”, afirmou, em cerimônia na última quarta-feira (27/11), a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que presidirá a delegação brasileira na COP 20.
As negociações de Lima devem preparar o rascunho para o novo acordo climático, que será fechado pela comunidade internacional em Paris, no fim de 2015. Esse novo pacto global, no entanto, começará a valer a partir de 2020. “O objetivo é ampliar a ambição para que os países possam contribuir de forma decisiva para conter o aumento da temperatura global”, afirmou o subsecretário-geral de Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixador José Antonio Marcondes de Carvalho, em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (27/11).
Transição
O período de transição para o novo acordo climático, compreendido entre 2015 e 2020, também estará no centro das negociações encabeçadas pela delegação brasileira. De acordo com Marcondes, o país defenderá o fomento à cooperação internacional no combate ao aquecimento global durante esses cinco anos, até o novo pacto começar a vigorar.
Além das metas de mitigação, o futuro protocolo deverá englobar medidas de adaptação às mudanças do clima. “A interpretação é a de que essa é uma forma de fortalecer o regime geral de clima”, afirmou o diretor de Meio Ambiente do MRE, ministro José Raphael de Azeredo. “Os países demonstram ter consciência de que ações prévias têm mais efeito que ações tardias”, acrescentou Marcondes.
Saiba mais
Apesar de ser considerado um fenômeno natural, o efeito estufa tem sido intensificado nas últimas décadas acarretando mudanças climáticas. Essas mudanças decorrem do aumento descontrolado das emissões de gases de efeito estufa, entre eles o dióxido de carbono e o metano. A emissão desses gases na atmosfera ocorre por conta de diversas atividades humanas, entre elas o transporte, o desmatamento, a agricultura, a pecuária e a geração e consumo de energia. site Ministério do Meio Ambiente.