sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Olimpíadas Rio 2016: dilemas e contradições



Acordei hoje com a imagem de nossa Isabel, a do volley, no Cristo Redentor, com o Rio a seus pés.  Sinceramente emocionada, contagiou a todos. 

Não podia ser diferente, o Rio é bonito pra cacete (!!!), apesar de governos e seus governantes. E olhar tudo aquilo apenas algumas horas antes do início do evento que é considerado o maior do planeta, não dá para dizer que não mexe conosco.

Pelo lado bom e pelo ruim.  Mas confesso que senti uma mistura de orgulho e raiva. Por quê?

À parte a catequização global diária e maçante, que deve ser registrada, visando envolver a população no espírito olímpico, indiscutivelmente dá uma sensação de dever cumprido, de orgulho mesmo, e passa a todos nós a ideia de que somos capazes, que podemos, não apenas isso, mas muito mais, quando queremos e temos vontade política para tal, realizar, organizar, planejar e executar, depois de vinte anos de sonhos, um evento da magnitude de uma Olimpíada, sem dever nada a ninguém.  Esse o recado, o de que, definitivamente, devemos mandar para bem longe nosso eterno complexo de vira-latas.

Por outro lado, fica a frustração (e raiva) de que se conseguimos esse feito, porque não nos mobilizamos para resolver nossos crônicos e eternos problemas na educação, saúde, segurança?  Por que não priorizar as gritantes desigualdades de nosso tão sofrido povo?


É triste constatar que somos capazes e incapazes ao mesmo tempo.  Capazes de fazer mas incapazes de impedir o desvio brutal de recursos nas obras. Forçoso admitir que repetimos erros já cometidos na Copa do Mundo; capazes de receber a todos com um sorriso estampado no rosto mas incapazes de lhes dar segurança; capazes de nos emocionar com a alegria da festa de abertura e o multiculturalismo dos povos e nações presentes mas incapazes de replicar o mesmo gesto entre nós; capazes de eleger com 54 milhões de votos uma presidente mas incapazes de impedir seu afastamento por uma maioria de senadores réus.

Somos o país das contradições, permissivo com uns, rigoroso com outros, solidário mas egoísta, dominado por uma oligarquia arcaica e escravagista. Vamos celebrar, hoje, a união dos povos e a paz, uma igualdade inexistente, aqui e no mundo.  Tal como um falso brilhante que nos é vendido.

Com todos esses dilemas, nosso maior legado seria fazer dessa experiência o início de uma mudança de hábitos e costumes em nossa classe política, para que começassem a praticar, de verdade, o que hoje venderemos ao mundo como fantasia.

BOAS OLIMPÍADAS e FORA TEMER!!!

Odilon de Barros


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