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quarta-feira, 15 de julho de 2015

US$ 400 bilhões para os ODS


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Proteger o meio ambiente, reduzir a fome e a pobreza no mundo são alguns dos objetivos de desenvolvimento sustentável: Foto: ONU
Proteger o meio ambiente, reduzir a fome e a pobreza no mundo são alguns dos objetivos de desenvolvimento sustentável: Foto: ONU

O valor será financiado pelos bancos multilaterais de desenvolvimento e o FMI ao longo dos próximos três anos, buscando alcançar o desafio dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Os bancos multilaterais de desenvolvimento (MDBs) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) sinalizaram na sexta-feira (10) planos para estender para 400 bilhões de dólares o financiamento ao longo dos próximos três anos. As entidades prometeram ainda trabalhar mais estreitamente com os parceiros dos setores público e privado para ajudar a mobilizar os recursos necessários para enfrentar o desafio histórico de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs).
O anúncio veio às vésperas da Terceira Conferência Internacional sobre o Financiamento do Desenvolvimento, em Addis Abeba, que terminará na próxima quinta-feira (16). O financiamento do desenvolvimento dos MDBs cresceu de 50 bilhões em 2001 para 127 bilhões de dólares em 2015. Para cada dólar investido por seus acionistas, os MDBs são capazes de aplicar entre dois e cinco dólares em novos financiamentos a cada ano. O voto para aumentar a sua contribuição para mais de 400 bilhões de dólares ao longo dos próximos três anos reflete os esforços para tornar ainda melhor a utilização de seus balanços.
Satisfazer as necessidades espantosas, mas alcançáveis da agenda de ODSs requer que todos possam fazer o melhor uso de cada dólar de cada fonte, e atrair e aumentar o investimento público e privado. A assistência oficial ao desenvolvimento, estimada em 135 bilhões de dólares por ano, fornece uma fonte fundamental de financiamento, especialmente nos países mais pobres e mais frágeis. Entretanto, as necessidades de investimento em infraestrutura por si só chegam a 1,5 trilhão de dólares por ano em países emergentes e em desenvolvimento.

“Temos de jogar fora os estereótipos de ajuda e pensar sobre o desenvolvimento de forma diferente. Trata-se da criação de oportunidades para todos, dando às pessoas uma chance igual para ter sucesso na vida, e preparar o mundo para lidar com os desafios da mudança climática e da próxima pandemia. Precisamos de trilhões, não bilhões, de dólares para atingir esses objetivos, e o dinheiro vai vir de várias fontes”, disse o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim. “Esses investimentos em pessoas irão ajudar a acabar com a pobreza extrema em apenas 15 anos”. (ONU Brasil/ #Envolverde/Utopia Sustentável)

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Um Banco (espera-se) sustentável pra chamar de seu



A reunião de cúpula dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul),  que aconteceu em Fortaleza e Brasília nesse pós-Copa, é um dos eventos políticos mais importantes ocorridos no mundo, em 2014.  E tem tudo para entrar para a história das relações multilaterais entre os países, com a criação do Banco dos BRICS, que terá um capital inicial de US$50 bilhões, podendo chegar a US$100 bilhões, e do Arranjo Contingente de Reservas (ACR), que terá mais US$100 bilhões e a função de ajudar membros do bloco com problemas em seus balanços de pagamentos.

A instituição que nasce já é maior que o BNDES e o Banco Mundial e é uma  resposta desses países à insensatez, tanto do Fundo Monetário Internacional (FMI) quanto do próprio Banco Mundial, entidades compostas majoritariamente por membros dos países ricos, EUA e Europa, surdos até então aos apelos por maior participação dos países emergentes nas estruturas de comando dessas instituições pelos países em desenvolvimento.

O argumento é forte, “representamos 2,5 bilhões de pessoas, ou 35% da população do Planeta, temos 21% do PIB global e nossa representação nas entidades citadas não passa de 11%”.  É o fim das reivindicações, passamos à ação, afirmou a presidenta Dilma. 

Na verdade, os BRICS não representam uma região geográfica específica, são um clube com interesses parecidos que se organizaram para desenvolver ações conjuntas voltadas para alavancar o comércio internacional entre eles.  Segundo, ainda, o governo brasileiro, o Brasil abriu mão da presidência e do local para abrigar a sede da instituição para que o projeto pudesse avançar.

Sem dúvida, é uma parceria que em breve vai começar a colher seus frutos e trazer mais equilíbrio econômico e oportunidades ao grupo de países que compõem o bloco e aqueles com quem se relacionam.   É o tabuleiro do poder mundial se movimentando, pois ao mesmo tempo que o comércio entre eles aumenta, a aproximação da China com o Mercosul, através do Brasil, abre outras possibilidades de negócios com o bloco sul americano.  E vice-versa.  É a China se movimentando em uma área até então restrita e dominada por americanos se preparando para assumir a supremacia econômica mundial em poucos anos.

A oportunidade é ímpar e o passo é ousado na melhoria da governança econômica global.  Outros virão, afirmou Putin, da Rússia. 

No entanto, se pretendem fazer diferente do que seus pares retrógrados FMI/BID/Banco Mundial, poderiam começar por financiar projetos internos que inibissem a poluição, o desmatamento da Amazônia, o trabalho infantil e análogo à escravidão, para, a partir de então, oferecerem crédito a países em desenvolvimento, obras de infraestrutura e projetos que visem alavancar a mudança de matrizes energéticas tão necessária à sobrevivência do Planeta e do ser humano nos próximos anos.   

O mundo urge por mudanças que nos prepare para conviver em um novo cenário planetário que contemple a possibilidade de escassez de água e comida.  E outras adversidades.  É preciso, agora, inverter a ordem institucional reinante e contrariar interesses, ousar, fazer diferente.

A criação do Banco dos BRICS é uma excelente oportunidade que esses países têm em mostrar ao mundo que se pode e se deve fazer mais pelo próximo.  Porém, há que se romper com modelos que só visam explorar aqueles que mais necessitam de ajuda.  E replicar as experiências.  Uma mudança de mentalidade em prol de um mundo mais humano, igual, fraterno, com qualidade de vida e sustentável.   

Abraços sustentáveis

Odilon de Barros


sexta-feira, 12 de julho de 2013

Na Europa os bancos valem dez vezes mais do que os cidadãos



europa Na Europa os bancos valem dez vezes mais do que os cidadãosRoma, Itália, julho/2013 – Durante a última cúpula dos chefes de Estado europeus, realizada no final de junho em Bruxelas, o tema principal foi o desemprego que afeta hoje em dia 23% da juventude, sendo que na Espanha chega a 41%.
A Organização Internacional do Trabalho havia publicado previamente um dramático estudo dando conta de uma geração perdida. Segundo suas projeções, a prevalência de trabalhos temporários sem contribuições sociais, significará que a geração atual terá aposentadoria no valor de 480 euros.
Após uma longa discussão, os chefes de Estado decidiram destinar US$ 6 bilhões de fundos europeus à luta contra o desemprego juvenil. E depois de uma reunião bem mais curta, aprovaram um pacote de ajuda aos bancos europeus no valor de US$ 60 bilhões, que se somam a subsídios generosos concedidos no passado: só o Banco Central Europeu cedeu US$ 1 trilhão aos bancos a custo nominal.
Todos os esforços para criar um sistema bancário europeu sob um regulador único foram congelados à espera do desenlace das eleições na Alemanha em setembro.
Como disse um membro da delegação alemã, “sabemos o que temos de fazer: acalmar os mercados financeiros. Mas não fomos eleitos pelos mercados financeiros, mas sim pelos cidadãos alemães”. E não foi feito nenhum esforço para explicar aos cidadãos alemães porque é do interesse deles serem solidários com os países mais frágeis da Europa.
A democracia, como a entendemos hoje, se baseia em líderes que seguem o sentimento popular, à custa de um senso do dever que empurre os eleitores para um mundo de desafios e visões.
Estamos diante de uma situação curiosa, na qual a Europa até agora não só gastou centenas de milhares de milhões de dólares em seus bancos, como inclusive convidou o Fundo Monetário Internacional (controlado pelos Estados Unidos) para que, junto com instituições europeias, maneje a crise do continente.
Em um ato de resistência aos Estados Unidos sem precedentes, a Europa rechaçou uma exortação de Washington para reduzir a austeridade e adotar políticas de crescimento como as que, com êxitos comprovados, estão aplicando a própria potência e o Japão.
O ponto comum do trio mais poderoso do Norte (Estados Unidos, Europa e Japão) foi sua falta de vontade para controlar os bancos e penalizar seus crimes.
Os bancos centrais de todo o mundo se reúnem no Banco de Pagamentos Internacionais, com sede na Basileia. Agora, seu Comitê de Supervisão Bancária lançou uma proposta que aumenta a relação entre o capital dos bancos membros e o volume de operações financeiras que podem realizar.
Um dos indicadores estabelece que os bancos devem manter uma reserva de capital de “alta qualidade”, composta por ações e ganhos não distribuídos, equivalente a 7% de sua exposição creditícia, que sobe para 9% para as instituições gigantes.
Não é precisamente uma proposta revolucionária, e é criticada como insuficiente por muitos analistas e reguladores.
Assim o confirma o fato de o Federal Reserve estimar que entre 90% e 95% dos bancos com ativos inferiores a US$ 10 bilhões já respeitam esses parâmetros. Pois bem, inclusive esta proposta levantou uma onda de protestos por parte de muitos bancos, temerosos das supostas grandes dificuldades que encontrarão na hora de reunir capital.
Sob o velho capitalismo, nenhuma empresa funcionaria sem o capital adequado para suas necessidades. Por outro lado, aqui temos um setor econômico que quer jogar sem capital e espera que o Estado o resgate quando as coisas saírem mal. Recordemos, então, algumas das muitas vezes que as coisas saíram mal sem que nenhum responsável tenha acabado na prisão.
Em abril de 2002, a agência estatal reguladora norte-americana SEC condenou dez bancos a pagarem US$ 1,4 bilhão em multas por atividades fraudulentas.
Passado um ano, a SEC descobriu que 13 de 15 entidades financeiras investigadas ao acaso haviam cometido fraudes.
Em 2010, o Goldman Sachs aceitou uma multa de US$ 550 milhões para evitar um julgamento por fraude.
Em julho do ano passado, o Senado norte-americano acusou o banco britânico HSBC de facilitar a lavagem de dinheiro ilegal por parte de traficantes de drogas e outros crimes. A multa foi de US$ 1,9 bilhão.
Alguns meses mais tarde, em novembro de 2012, a SEC multou a SAC Capital em US$ 600 milhões e o banco britânico Standard Chartered em US$ 667 milhões.
Em fevereiro deste ano, o banco Barclays anunciou que pagaria US$ 1,518 bilhão em penalidades por “transações ilícitas”, e no mês seguinte o Citigroup aceitou uma multa de US$ 730 milhões por “vender investimentos lixo a clientes desprevenidos”.
Todos sabemos que a crise que sofremos (segundo os otimistas acabará apenas em 2020, e, segundo os pessimistas em 2025), se originou nos dez maiores bancos norte-americanos que decidiram vender bônus tóxicos certificados pelas agências qualificadoras Standard & Poor’s (S&P) e Moody’s.
Os contribuintes norte-americanos doaram US$ 750 bilhões para salvar os bancos, e os britânicos fizeram o mesmo a favor de HSBC, Royal Bank of Scotland, Barclays e Northern Rock.
Entre 2003 e 2007, enquanto se espalhava o desastre financeiro, os cinco grandes norte-americanos (Goldman Sachs, Merrill Lynch, Morgan Stanley, Lehman Brothers e Bear Stearns) pagavam US$ 3 bilhões aos seus executivos, que, em 2008, receberam US$ 20 bilhões, ao mesmo tempo em que seus bancos sofriam perdas de US$ 42 bilhões.
Tudo isto foi certificado por S&P e Moody’s, que controlam 75% do mercado mundial.
Agora, se exige que a S&P pague US$ 500 milhões. Contudo, o que dizer dos milhões que perderam seus postos de trabalho? E dos milhões de jovens que não veem nenhum futuro em suas vidas?
É a mesma história de sempre: para quem rouba pão a prisão, para quem rouba milhões, nada acontece… e se roubar milhões em um banco, menos razão ainda para se preocupar.
Entretanto, na cúpula europeia, a prioridade continua sendo a distribuição do dinheiro dos contribuintes, por muito que se mantenha a retórica do desemprego juvenil. No final, o que realmente importa aos líderes europeus é garantir a reeleição…
Roberto Savio/Envolverde/IPS