quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Chegamos ao limite


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Foto: Shutterstock
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Mais uma vez, foram menos de oito meses para que a humanidade utilizasse todos os recursos naturais existentes para o ano inteiro. 13 de agosto é o Dia de Sobrecarga da Terra, conhecido em inglês como Overshoot Day. A data marca como a demanda anual sobre a natureza vai além do que o planeta pode regenerar durante um ano.
O cálculo é feito pela Global Footprint Network (GFN), organização internacional pela sustentabilidade, parceira global da Rede WWF, que monitora a Pegada Ecológica das cidades do mundo inteiro. Desde 2000, a data tem surgido cada vez mais cedo: de 1º de outubro em 2000 a 13 de agosto em 2015.
Os dados da GFN apontam que a quantidade de emissão de CO² compõe mais da metade da demanda sobre a natureza. Os custos deste excesso ecológico estão se tornando cada dia mais evidente com o desmatamento, a seca, a escassez de água doce, a erosão do solo, a perda de biodiversidade e o acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera. Este último é uma preocupação constante por conta das mudanças climáticas. Consequentemente, os governos têm como prioridade tomar medidas para definir como melhorar o desempenho econômico de longo prazo de sua nação sem deixar de pensar em ações para melhorar a relação do homem com a natureza.
“Sozinha, a pegada de carbono da humanidade mais do que duplicou entre 1961 e 1973, quando o mundo entrou em Overshoot ecológico. Continua a ser o componente de maior crescimento do fosso crescente entre a Pegada Ecológica e a biocapacidade do planeta”, afirma Mathis Wackernagel, presidente da Global Footprint Network.
Segundo ele, o “acordo global para excluir gradualmente os combustíveis fósseis, que está sendo discutido em todo o mundo antes da COP 21, em Paris, ajudaria significativamente a frear o crescimento da Pegada Ecológica e, eventualmente, contribuir para sua mitigação”.
A pegada de carbono está ligada a outros componentes da Pegada Ecológica como, por exemplo, lavouras, pastagens, florestas, terras produtivas, edifícios e estradas. Todas estas exigências competem por espaço. A medida que mais está sendo exigida para alimentos e produtos de madeira, considera menos áreas produtivas disponíveis para absorver carbono a partir de combustíveis fósseis . Isto significa que as emissões de carbono acumulam na atmosfera em vez de serem completamente absorvidas.
Segunda chance
O acordo sobre o clima esperado na Conferência das Nações Unidas das Partes (COP) 21, que acontecerá em dezembro deste ano, vai se concentrar em manter o aquecimento global dentro da faixa de dois graus Celsius acima dos níveis pré-Revolução Industrial. Este objetivo comum exigirá das nações implementações de políticas para eliminar completamente os combustíveis fósseis até 2070, de acordo com as recomendações do Painel Internacional das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC), impactando diretamente as Pegadas Ecológicas de nações.
O aumento da temperatura do planeta é um fenômeno silencioso e que afetará a vida de todos. É imprescindível que os países cheguem a um acordo consistente com relação à redução da emissão de gases na atmosfera, e que não fique apenas no papel. Temos muita esperança que a COP 21 resulte em um maior comprometimento, principalmente das grandes nações industrializadas”, diz o secretário-geral do WWF-Brasil, Carlos Seiji Nomoto.
Supondo que as emissões globais de carbono serão reduzidas em pelo menos 30% até 2030, abaixo dos níveis atuais, de acordo com o cenário sugerido pelo IPCC, o dia de Sobrecarga da Terra poderia ser transferido para 16 de setembro de 2030 (assumindo que o resto da Pegada continuaria a expandir no ritmo atual), de acordo com a Global Footprint Network.
O que é Pegada Ecológica?
A Pegada Ecológica é uma metodologia de contabilidade ambiental que permite avaliar a demanda humana por recursos naturais, com a capacidade regenerativa do planeta.
A Pegada Ecológica de uma pessoa, cidade, país ou região corresponde ao tamanho das áreas produtivas de terra e mar necessárias para gerar produtos, bens e serviços que utilizamos.
Ela mede a quantidade de recursos naturais biológicos renováveis (grãos, vegetais, carne, peixes, madeira e fibra, energia renovável entre outros) que estamos utilizando para manter o nosso estilo de vida.
O cálculo é feito somando as áreas necessárias para fornecer os recursos renováveis utilizados e para a absorção de resíduos. É utilizada uma unidade de medida, o hectare global (gha), que é a média mundial para terras e águas produtivas em um ano.
Pegada Ecológica no Brasil
A Pegada Ecológica do Brasil é de 2,9 hectares globais por habitante, indicando que o consumo médio de recursos ecológicos do cidadão brasileiro é bem próximo da média mundial (2,7 hectares globais por habitante).
Isso significa que se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro, seria necessário 1,6 planeta para sustentar esse estilo de vida. A média mundial é de 1,5 planeta. Ou seja, estamos consumindo 50% além da capacidade anual do planeta.
Para evitar um colapso dos recursos naturais que são a nossa fonte de sobrevivência, precisamos avaliar e repensar nossos hábitos de consumo. E adotar uma postura mais responsável, de forma que possamos viver de acordo com a capacidade ecológica do Planeta.
O WWF-Brasil atua com a Pegada Ecológica, buscando mobilizar e incentivar as pessoas a repensar hábitos de consumo e a adotar práticas mais sustentáveis. Além de utilizá-la como uma ferramenta de mobilização e de conscientização, em 2009, iniciou um trabalho pioneiro no Brasil, com a realização dos cálculos da Pegada Ecológica de Campo Grande (MS) e de São Paulo (Estado e capital).
O estudo da capital sul-mato-grossense revelou uma Pegada Ecológica de 3,14 hectares globais, o equivalente a 1,7 planeta. No estado de São Paulo, a Pegada Ecológica média foi de 3,52 hectares globais por pessoa (equivalente a dois planetas) e na capital, de 4,38 (2,5 planetas). Em São Paulo, o cálculo foi feito com base nas classes de rendimento familiar e mostrou uma grande diferença. Para os de renda mais alta, ela chegou a quatro planetas.
Os resultados mostram também que a pegada média do acriano é de 2,34 hectares globais per capta, 0,5 hectares globais acima da biocapacidade mundial (1,8gha/cap). Isso significa que, se todas as pessoas do planeta consumissem de forma semelhante aos acrianos, seriam necessários 1,3 planetas para sustentar esse estilo de vida. Embora a Pegada Ecológica do cidadão acriano seja maior que a biocapacidade planetária, ela é 20% menor que a do brasileiro.
A cidade onde foi lançado o estudo da Pegada Ecológica no Brasil foi Natal (RN), após o período eleitoral. Se todas as pessoas do planeta consumissem de forma semelhante à população de Natal, seria necessário 1,9 planeta para sustentar esse estilo de vida.
Dia de Sobrecarga da Terra ano a ano
2000: 5 de outubro
2001: 4 de outubro
2002: 30 de setembro
2003: 21 de setembro
2004: 13 de setembro
2005: 6 de setembro
2006: 4 de setembro
2007: 2 de setembro
2008: 4 de setembro
2009: 8 de setembro
2010: 31 de agosto
2011: 27 de agosto
2012: 25 de agosto
2013: 22 de agosto
2014: 19 de agosto
(WWF Brasil/ #Envolverde/Utopia Sustentável)


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