quarta-feira, 18 de março de 2015

Junho de 2013 - Março 2015: virar à esquerda e voltar às origens pode ser a última chance do governo


E lá se vão 20 meses daquele apoteótico mês de junho, em que jovens, com a desculpa de um aumento de vinte centavos nas passagens de ônibus, tomaram as ruas do país a exigir, entre outras coisas, o fim da corrupção.

Foram muitas as manifestações de 2013 e rapidamente Governo e Congresso trataram de engambelar os tolinhos que foram às praças protestar.  O restante do trabalho foi feito pela mídia e pelo despreparado aparato policial dos estados, que rapidamente rotularam de vândalos e baderneiros aqueles mais exaltados.  Resultado: a esperança por mudanças deu lugar ao medo. E as ruas se esvaziaram.

Na esteira das propostas apresentadas pelo governo da presidente Dilma à época, a necessária reforma política demandava constituinte exclusiva e uma série de plebiscitos, o que óbvio, foi rechaçado pelo Congresso.  Este, por sua vez, com o argumento de que não haveria tempo, protelou a realização de outra imprescindível reforma, a eleitoral (fim do voto obrigatório, proibição de doação de empresas a campanhas etc) e, para agradar a opinião pública, aprovou uma emenda que aumentava a pena mínima para crimes de corrupção. 




Apesar da desmobilização, as propostas demandadas pelas ruas permaneceram latentes nos corações e mentes.  E vieram as eleições.  Para garantir um novo mandato, a candidata Dilma prometeu manter direitos trabalhistas e conquistas sociais, e se aproximar dos movimentos populares. No Legislativo, o Congresso eleito, nitidamente mais conservador que o anterior, como que a ignorar tudo e todos, elegeu para presidentes da Câmara e Senado, a excrescência da representação política nacional. E o Governo começou a sofrer derrotas em sequência. 

Com o agravamento da crise econômica em função de medidas equivocadas adotadas, prioritariamente, no ano eleitoral de 2014, para garantir um segundo mandato, conjugadas com o extraordinário escândalo da Petrobras, que a cada dia ganha novos atores implicados, a governabilidade passou a ser o sonho de consumo do Palácio do Planalto. 

Como pedras maquiavelicamente postas no caminho palaciano, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, dois dos maiores caciques do cenário político atual, implicados na Operação Lava Jato, prometem muita chantagem e dor de cabeça ao governo para não caírem desacompanhados. 

Incentivados por uma mídia ardilosa, parte da sociedade voltou às ruas a exigir mudanças.  Nada mais justo e democrático.  Só que agora, pautada por um ingrediente que promete mudanças mais rápidas ainda: o Impeachment.  A conferir.

Da expulsão de Luiza Erundina do PT - por aceitar um cargo no governo de coalizão de Itamar Franco na era pós-Collor - à visita de Lula à residência de Paulo Maluf - rogando apoio nas eleições paulistas -, muita coisa mudou.  E não foram os fiéis eleitores que deram o quarto mandato ao Partido dos Trabalhadores.

Como que em um circo dos horrores, os 55 milhões de eleitores que garantiram mais uma vitória à agremiação da estrela vermelha, nascida no berço do sindicalismo brasileiro, o ABC, assistem atônitos o início de mais um desfile comandado pelo PT.




(Tra) Vestido em fantasias que seus eleitores não o reconhecem mais, trinta anos foi o tempo necessário para o novo envelhecer, se tornar igual a todos.  Levantar e sacudir as arquibancadas, agora, não é tarefa fácil, mas não é impossível.

Cantar os velhos refrães das reformas agrária, política e eleitoral, todas prometidas e não cumpridas, olho no olho das arquibancadas, é resgatar as origens, ir de volta para o futuro.  Se o público cantar junto, os jurados vão ter dificuldade para “tirar” o carnaval da Escola da Estrela Vermelha.  

Abraços Sustentáveis


Odilon de Barros

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