segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Terráqueos: pelo planeta, deem uma chance à Paz

Podem me chamar de romântico, sonhador, ingênuo ou utópico, mas não consigo enxergar racionalidade nas guerras.  Afinal, se somos os únicos seres pensantes do planeta (será?), se fazemos parte, literalmente, de um mesmo círculo territorial de convivência, matar por quê?

Desde criança, jamais entendi o significado dessas carnificinas coletivas. Imaginava o Planeta como um todo, sem fronteiras, solidário, onde pudéssemos ajudar uns aos outros.  Não entrava (e não entra) em minha cabeça matar para conquistar territórios, matar por mais poder, matar porque se é preto ou branco, matar por conta da opção sexual escolhida, matar porque se é católico, protestante, islamita, judeu ou ateu, matar porque se é liberal, comunista ou capitalista, enfim, matar, matar, matar.

Não bastasse ao longo do tempo assistirmos milhões de inocentes morrerem em quedas de impérios, guerras mundiais - onde assistimos o supra sumo da maldade humana com o Holocausto e Hiroshima e Nagasaki -, assistimos, ainda hoje, verdadeiros massacres exterminarem civis no Vietnã, Líbia, Iraque, Síria, Ucrânia e, agora, em Gaza.  Que horror!!! 



Agora, presenciamos uma crise de falta de solidariedade sem precedentes, e em vez de evoluirmos, regredimos enquanto sociedade, apesar de toda revolução tecnológica que o mundo atravessa.  Vivemos a fase da hipocrisia da moralidade planetária, onde a lei que vale para um vizinho não vale para outro.

Sem querer entrar no mérito de quem está certo ou errado, pois isso é uma outra discussão, os EUA recriminam Putin e a Rússia pela questão do apoio desta aos separatistas na Ucrânia, mas esquecem-se de condenar as atrocidades e a desproporção da resposta de Israel ao Hamas na faixa de Gaza. 

O governo Sírio, com apoio velado de China e Rússia, e ignorando a inoperante e desprestigiada (mas necessária) ONU e toda sorte de leis internacionais, massacra seu povo há três anos, tendo matado cerca de 200 mil cidadãos, muitos dos quais civis, visando manter um governo que daqui a pouco completa meio século no poder. 

Semana passada, fazendo o papel que caberia à ONU, mais uma vez os EUA, tentando conter o avanço do ISIS – Exército Islâmico -, que avança e aterroriza cidadãos do Iraque até a Síria, bombardeou posições iraquianas daquele exército visando amenizar o caos que ameaça se instalar na região.  Pergunto: tal trabalho não deveria ser de uma força internacional de paz composta por vários países?

Nós, terráqueos, habitantes desse louco Planeta, apesar da globalização que deveria unir e aproximar os povos, assistimos a tudo impávidos e, desorganizados, não conseguimos exigir em escala global, as mudanças necessárias para alavancar um desenvolvimento sustentável, inclusivo e perene.   É como se caminhássemos no automático rumo ao caos, onde decisões insensatas imperam e nada é questionado, apenas acatado.  E ceder, em vez de palavra de ordem, virou adjetivo para rotular os fracos.  Vivemos uma autêntica falta de estadistas mundiais. 

Em um mundo “real time”, onde a notícia chega às telinhas de nossos celulares em poucos segundos, curtimos no “Face” da vida real, sem sequer nos indignarmos,  os massacres de crianças e velhinhos cometidos por aqueles que já foram vítimas desses mesmos crimes um dia.  Que tristeza!!!

Como não gostamos de ficar atrás em estatísticas ruins, nós, terráqueos brasileiros, vamos em frente com nossas eternas desigualdades geradoras de insegurança e insatisfação.  Segundo estatísticas, apenas ano passado 110 mil brasileiros morreram vítimas de acidentes de trânsito e arma de fogo.  São números de guerra, uma guerra onde a sociedade brasileira vai perdendo para a desilusão e o pessimismo, provocados, ambos, pela inoperância de uma justiça que, em sua grande maioria, tarda e falha, e que enxerga apenas pretos e pobres para colocar atrás das grades.  Uma justiça que não pune linearmente a todos e que precisa ser reformada urgente, pois ela é a base para uma democracia forte.

Observando as preocupações planetárias das últimas décadas - mudanças  climáticas, camada de ozônio, falta d’água, falta de comida, superpopulação, lixo, etc, teremos, a partir de agora, novos ingredientes para guerras com os mais variados temas e a gosto de cada país, dependendo apenas de sua localização geográfica.  Conflitos causados por um desenvolvimento desenfreado e insustentável do planeta e pelas desigualdades produzidas por nós mesmos ao longo de séculos de usurpação das riquezas naturais. 



Guerras invisíveis travadas, a princípio, dentro da consciência de cada um de nós, por uma indispensável e profunda mudança de hábitos e costumes.  Um novo estilo de vida. 

Nosso Planeta vive um delicadíssimo momento onde escolhas terão que ser feitas já e agora.  Os conflitos que hoje são entre povos e nações e têm motivos e inimigos claros e conhecidos, poderão evoluir para guerras por bens imateriais inerentes à nossa sobrevivência na superfície deste já tão sofrido e castigado Planeta Terra. 

Se queremos realmente paz em nosso Planeta, ceder, negociar e estender a mão, serão ingredientes certos na equação matemática da sustentabilidade global. Por outro lado, crescimento e desenvolvimento poderão significar comprar e consumir menos.  O filão dos negócios verdes que começa a se ramificar mundo afora deve ser explorado e incentivado, sim.  Porém, com responsabilidade, sem ganância, com inteligência.

Pelo Planeta e pela manutenção de nossa espécie.

Abraços sustentáveis

Odilon de Barros